FILHOTES

CAPÍTULO 7

Bronzy tinha voltado ao trabalho, numa demonstração de força muito grande, coisa que Harmony tinha de parabenizá-la.
Mas quando chegou a mesa dela, a frente da sala do tio James, Bronzy olhava pela janela, absorta.
"Bronzy? B.?" Bronzy a encarou, mas não disse nada.
"Tudo bem?" Harmony se sentou numa cadeira ao lado da dela, mas antes que Bronzy ia responder, Tio James abriu a porta.
"Nada melhor que um pouco de trabalho para se sentir normal de novo, B. E Mony pode te ajudar, não é, querida?" Tio James disse colocando uma pilha de papel a frente dela.
Bronzy assentiu, Tio James deu um beijinho no nariz de Harmony e voltou para a sala dele.
"Vou te ajudar." Harmony disse, Bronzy sorriu desanimada, elas se debruçaram sobre os papéis. Memorandos para digitar e encaminhar, notas fiscais para conferir, listas de fornecedores para atualizar. Harmony fez a maioria das coisas, ela não se importava desde que Bronzy saísse da inércia em que ela estava.
Na hora do almoço, Tio James as chamou para almoçar na casa dele, Bronzy não queria, Harmony praticamente a arrastou até o jipe.
Na casa do Tio James Bold e Dhalia estavam agarrados, Celina tentava separá-los, Tio James riu e começou a torcer por Dhalia. Harmony torceu por Bold e Bronzy acabou rindo. Ouvir a risada de sua amiga foi um alívio tão grande que Harmony deu um grande abraço em Bold agradecida. Bold é claro esperneou nos braços dela e ela o desceu para o chão. Celina toda vermelha e descabelada deu um beijo em Harmony, outro em Bronzy e as chamou para a mesa.
O almoço foi ruidoso, Dhalia era uma máquina de palavras por minuto, ela falava sobre tudo e todos. Bold já era um filhote resmungão que não ficava parado.
Elas comeram e depois de agradecer, Harmony e Bronzy decidiram voltar para o complexo andando. Elas se deram as mãos e só caminharam.
"Ele morreu, Mony. Eu senti ele morrendo quando ele tremeu. Nós estávamos nos esfregando, eu... Eu gozei e o senti gozando também. E senti algo diferente, eu o senti. E depois não o senti mais. O coração dele soava em meus ouvidos e depois parou. E..."
Harmony a guiou até uma árvore e elas se sentaram.
"E eu..." Ela tentou de novo, Harmony apertou as mãos dela. O que ela queria dizer parecia algo bem difícil.
"Pode me contar, B. Eu não vou dizer a ninguém. Nunca. E não vou te julgar."
"O prazer aumentou quanto eu senti o coração dele parar. Eu não me importei. Eu quis sentir mais, mesmo sabendo que estava matando ele." Harmony se forçou a continuar com o rosto calmo. Era algo terrível, mas Bronzy estava triste exatamente por saber que isso era errado. Isso mostrava que ela era boa, que ela se entristecia, se arrependia por ter feito mal a Salvation.
"Morrer em meio a uma gozada deliciosa. Há formas piores de morrer, se quer saber, maninha. Não se culpe demais." Elas se viraram e Gift estava atrás delas com sua cara fechada de sempre.
Bronzy se levantou, os olhos dela chisparam de raiva, Harmony só baixou os olhos. Gift a fazia se sentir sem jeito.
"Como pode falar algo assim? Eu estou sofrendo! Como você pode ser tão mal? Tão insuportável?" Ele sorriu.
"Sempre ao seu dispor." Harmony segurou o sorriso, Gift era incorrigível.
"Eu acabei de chegar de viajem, B. Estou cansado e nem tomei banho, mas vim te dar a boa notícia. Então, quando eu me aproximo você está falando de quando gozou esfregando sua buceta em Salvation. Eu poderia ter ouvido algo mais interessante, sabe?" Bronzy engoliu em seco, os olhos dela ficaram amarelos.
"Por que está fazendo isso? Por que sente prazer em me magoar?" Ela disse, Gift fechou a cara.
"Eu daria minha vida por você, Bronzy. Eu morreria da forma mais dolorosa por você, sem nem piscar, mas não me peça para ficar feliz por outros machos estarem colocando as mãos em você." Ele disse e Harmony sentiu o sentimento nas palavras dele. Havia muito amor nos olhos dele, amor até demais. Harmony sempre achou aquilo estranho.
"Eu estou cansada, Gift. Cansada de ser quem eu sou, de sentir esse desejo estranho dentro de mim! Eu preciso de um irmão, não de um guarda costas, você poderia ser isso, só isso?" Ela perguntou e seu rosto tinha um ar tão perdido, tão desamparado, que Harmony olhou para Gift, interessada no que ele iria dizer. Harmony se sentia deslocada ali entre os dois. Parecia uma conversa íntima.
Ele piscou, se aproximou de Bronzy e a abraçou, Harmony pensou se seria esquisito se ela fosse embora. Gift afastou o rosto de Bronzy e a beijou na boca, Harmony arregalou os olhos com o susto. Bronzy também se assustou e tentou se soltar dele, ele a apertou nos braços, ela se debateu. Harmony estava paralisada olhando aquilo, ela tinha de ajudar sua amiga, mas aquilo foi muito inesperado!
Gift soltou Bronzy, Bronzy lhe deu um tapa forte no rosto, ele nem piscou. Bronzy deu mais um tapa, depois um soco, ele continuou imóvel.
Bronzy se afastou.
"Você é meu irmão, Gift! Como pôde me beijar assim?" Ela perguntou indignada, seu rosto escuro estava rubro.
"Você perguntou se eu podia ser só seu irmão. Não, B., eu não posso. Eu nunca a vi como uma irmã. Eu te amo, eu te desejo." Ele disse, os olhos de Harmony foram para a virilha dele, o volume ali era grande, ele usava uma calça de moletom, dava para perceber até o contorno da cabeça do pênis dele, Harmony se sentiu aquecer, ele a encarou, Harmony baixou os olhos.
"Eu não te amo. Pra mim, ser sua irmã é algo incrível. Quer dizer, era algo incrível. Eu sempre me senti protegida e querida por você, mas é só." Bronzy disse, ele suspirou.
"Eu sempre imaginei que quando não houvesse nenhum macho que pudesse suportar seu veneno, papai e mamãe acabariam aceitando nosso amor e ficaríamos juntos. Mas eu não contava que você nunca iria se apaixonar por mim."
"Gift, eu te amo, mas não como você quer. E eu acho que o que você sente não é amor. É amor de irmãos, você só está confuso." Bronzy disse se aproximando dele e lhe tocando o rosto.
Gift pousou sua mão sobre a dela e uma lágrima desceu pelos olhos lindos dele, Harmony também chorou. Era tão triste!
"Tudo bem, maninha. Eu se sinto aliviado, sabe? E essa viagem resolverá seu problema, você vai poder compartilhar sexo com quem lhe der na telha e só vai matar o macho se você quiser." Ele disse, Bronzy riu.
Ele riu e abraçou Bronzy de novo.
"Só não se desmanche para aquele branquelo, tá? Ele sibila e anda rebolando. Uma coisa até meio embaraçosa, se quer saber." Ele fez uma careta, Bronzy riu.
"De quem você está falando?" Bronzy perguntou, Gift torceu a boca.
"Ele irá lá em casa hoje para jantar e te conhecer." Ele disse com a cara fechada.
"Hoje? Mas... Eu estou tão..."
"Você está linda! Como sempre." Gift disse.
"Eu... Harmony pode terminar aqueles relatórios pra mim? Por favor? Eu tenho de ir ver Jewel." Harmony sorriu, Bronzy olhou em volta, Gift lhe indicou a estrada. Ela sorriu.
"Ele pode mesmo me ajudar?"
"Quando fomos buscá-lo o pai dele estava fodendo uma humana, nós entramos antes que ele goza..."
"Gift!" Bronzy disse.
"Sim, B. Ele pode te ajudar. Ele é ofídico e não como nós, a mãe dele é humana. Ele tem controle do veneno, controle total." Gift disse.
"E como é o nome dele?"
"Matthew. Matt." Gift disse o apelido com uma cara azeda, Harmony riu.
"Tudo vai dar certo, B. O que aconteceu nunca vai acontecer de novo, você nunca mais vai se sentir como se sentiu." Harmony disse abraçando Bronzy.
Bronzy sorriu um lindo sorriso e saiu correndo na direção errada.
"À esquerda, Bronzy!" Gift disse, Bronzy deu meia volta e sumiu.
"Eu tenho de ir cobrir Bronzy no complexo, tchau." Ela ia começar a correr quando Gift limpou a garganta.
"Você vai... Não estou dizendo que você não é de confiança, mas..."
"Eu nunca contaria a ninguém o que eu ouvi, Gift." Harmony disse.
Ele a encarou, Harmony sustentou o olhar dele ainda que a muito custo. Havia algo primitivo nele, algo que poderia passar por maldade, mas não era bem isso. Ele se aproximou dela, Harmony se sentiu presa nos olhos cor de chá dele, olhos claros, mas que pareciam um poço. Um poço onde você caía e não conseguia sair.
"Eu sinto muito por você. Eu sei como é gostar de alguém e não ser correspondida." Harmony disse, ele balançou a cabeça.
"Você? E você tem idade para gostar de alguém de verdade?" Ele disse, Harmony rosnou.
"Você é alta e muito gostosa, eu te dou isso, mas você é pouco mais que uma filhotinha, Harmony. " ele disse com insolência. Harmony fechou a cara e disse:
"O que eu sou ou deixo de ser não é da sua conta, Gift. Eu só tentei ser solidária a sua dor, mas o pau que você tem no cu é tão grande que você afasta qualquer um que queira ser seu amigo. Então vá se foder."
Harmony cresceu brigando com seus irmãos mais velhos e eles eram insuportáveis. Ela aprendeu muito cedo a não deixar que ficassem com a última palavra. Harmony se virou e ia correr, quando ele a puxou pelos cabelos. Não doeu, mas ele a segurou e se encostou nela. A ereção que Harmony tinha visto delineada pelo moletom lhe tocou a bunda.
"Você acha que vai mandar eu ir me foder e eu perderia a oportunidade de dizer que prefiro foder você?" Ele passou uma mão no pescoço dela e cheirou os cabelos pelos quais ele segurava Harmony.
"Embora você nem deve saber o que é foder. Como manda as pessoas fazerem algo que você não faz?" Ele perguntou, Harmony se soltou dele com um safanão. Ele sorriu.
"Você está frustrado, magoado e só por isso vou relevar e não contar aos meus irmãos que você me agarrou. Mas não repita isso."
"Uma luta com os seus irmãos." Ele abriu os braços e fez uma imitação de uma balança com as mãos.
"Encostar em você, cheirar seus cabelos, talvez esfregar meu pau nessa sua bunda grande." Ele balançou as mãos como se pesasse alguma coisa.
"As duas opções são legais. Acho que posso tentar as duas." Ele disse puxando Harmony para perto. Harmony se deixou puxar e quando estava bem perto lhe deu um joelhada com toda força na virilha. Ele rosnou e se encolheu de dor, Harmony correu.
Ela cortou caminho pelas árvores, seu coração estava disparado, ela só pararia quando estivesse no complexo, segura.
Algo porém, caiu sobre ela, Harmony gritou com toda a força de seus pulmões, Mas o corpo de Gift esmagou o dela. Ele a virou, ela se debateu, ele segurou as mãos dela e ficaram cara a cara. Ela continuou gritando.
"Vou te ensinar a não mexer comigo, Mony." Ele disse antes de colar sua boca à dela.