CAPÍTULO 59

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Gift não tirava os olhos de Matt e Benson, ele estava teso, pronto para a luta. O problema era a merda do lobo.
Ele rosnava e rodeava os dois filhos da puta os protegendo.
"Nosso veneno é bem versátil, não é Gift?" Benson disse com um grande sorriso exibindo as odiosas presas de serpente.
"Como isso é possível?" Ele sussurrou para Caim. Caim balançou a cabeça. Estava dizendo que era impossível, ou que não sabia? Ele não era a droga de um sabe tudo?
"Ele morreria por nós. Se não acredita, dê um passo em nossa direção." Matt disse. Gift conhecia muito bem aquele olhar que ele exibia e quase sentiu pena dele. Quase. Por que não importava se ele estava fazendo algo que não concordava por causa do pai dele, se ele machucasse qualquer um ali, Gift mastigaria seu coração.
O macho no sofá rosnou, a fêmea pegou os bebês e correu para uma das casas. Augustus olhou em volta, as fêmeas correram, menos Amália.
Os machos se aproximaram de Augustus eles eram uns dezesseis, não, eram dezoito, todos grandes e fortes, eram uma força impressionante.
Que não valia nada contra o veneno de Benson. Ele sorriu e disse:
"Eu posso matá-los daqui, sem me aproximar, mas não vim fazer isso. Somos todos um mesmo povo, não devemos nos matar."
"Eu sou imune ao seu veneno e não tenho problema nenhum em matar um lobo, Benson. E eu trocaria meu nome se apanhasse para você e o lixo do seu filhote. Então pense bem no que vai fazer. Eu não terei misericórdia. Vou destroçar os dois."
"Você é um só Gift." Matt disse, mais para retrucar do que outra coisa.
"Eu sou Canino e Ofídico. Resistente ao seu veneno e muito mais forte que os dois, muito mais. Se duvidam, comecem a exalar veneno e eu matarei vocês antes que alguém seja atingido."
"Augie! Vem!" Augustus chamou o lobo, o lobo arreganhou os dentes para ele, um fio de veneno escorreu. Que porra era aquela?
Augustus fechou os olhos se concentrando, mas depois de um tempo os abriu. O que quer que ele tentou fazer, não foi possível.
"O que você fez com ele?" Augustus perguntou, Benson riu.
"Eu o mordi. E agora ele me ama, é meu. E eu fiz umas coisinhas a mais também. Ele é venenoso agora. Como o Gift aqui."
Gift olhou para Caim, Caim o olhava com se perguntasse como Gift podia ter exposto ele e os bebês a um monstro daqueles.
"Me perdoe, Caim. Mas eles não vão te machucar, ou machucar os Abels." Gift disse.
"Mas é claro que não! Viemos buscá-los. O doutor nos contratou. Basta que venham conosco e iremos embora." Matt disse com um sorriso e a fisionomia carinhosamente falsa. Caim apertou os olhos. Ele estava com medo, muito medo, mas ainda assim estava pensando numa solução.
"O doutor disse o que eu sou?" Caim perguntou, Matt aumentou o sorriso. As presas dele pareciam menores, Gift estranhou aquilo.
"É claro que sim. Você é um clone dos trigêmeos. Não importa de qual deles o material foi coletado uma vez que são idênticos." Gift se lembrou de que ele pareceu inteligente quando jantou na casa deles.
Caim assentiu, Gift ergueu as sobrancelhas. Ele era filhote de Simple, isso era facilmente detectável pelo faro. Mas Benson e Matt eram ofídicos apenas, o faro deles não era tão bom. Pride por exemplo não poderia ser enganado quanto ao fato de que Caim era filhote de Simple, ele tinha a primeira memória do cheiro de Simple.
"O doutor tem outros como eu, o que significa que vocês não estão aqui a mando dele." Caim disse.
"Você é o primeiro, você é único. E apenas você viveu além do primeiro ano, você é uma certeza, os outros não."
Caim sorriu. Exatamente como Honest quando tinha posse de uma informação que os outros não. Ele realmente parecia um clone, mas só por que os idiotas passaram a infância trocando de lugar. Quando pararam com aquela merda, as personalidades deles estavam interligadas. Simple sorria como Candid quando estava aprontando e como Honest quando estava com raiva. Assim como Honest parecia o mais inteligente deles e Candid... Candid era o mais idiota deles, isso não mudou.
"Eu não vou voltar." Caim disse calmamente.
"Vocês ouviram, vão embora. Ou morrerão." Augustus disse com uma voz trovejante e todo esticado. Mesmo naquela tensão Gift percebeu o quanto ele era grande e forte. Provavelmente apenas um ou dois centímetros menor que Wide. Maior que todos os outros.
"Nós não morreremos. Basta exalar veneno e todos morrem. Mas eu já disse que não precisamos chegar a tanto. Caim, você sabe que há outros bebês para nascer, não tem medo de morrerem?" Benson disse. Com voz doce e parecendo realmente preocupado. Um ou outro canino ergueu as sobrancelhas indeciso se Benson e Matt eram mesmo inimigos.
"Se diz que o doutor lhes contratou, você deve ter como se comunicar com ele. Eu quero falar com ele." Caim disse, Benson sorriu e pegou um celular do bolso. Não havia sinal ali, será que ele pensava que Caim era tão burro assim?
Ele discou, os caninos se entreolharam, Benson, completamente esquecido daquele detalhe simples, sorriu como se esperasse o doutor atender.
"Oi, doutor. Como o senhor previu, Caim não quer voltar. Exige falar consigo e eu acabei tendo de te ligar." Ele esperou, Gift sentia seus músculos tensos, a adrenalina o aquecia como nunca.
"Tudo bem, eu falo com ele." Benson desligou depois de fingir que ouvia o doutor.
"Parece que seus privilégios foram perdidos e eu sinto muito por isso. O doutor disse que não irá conversar com você. Eu sinto muito, Caim, mas ele disse que você sempre foi um produto e o erro dele foi te ver como algo a mais que isso. Ele me disse que se você não voltar..." Benson não completou, um ou outro canino rosnou quando Caim chorou.
"É culpa minha." Ele disse.
"Olha, só, que tal você voltar e esperar um pouco? O doutor te ama, ele só está magoado por você ter fugido. Eu tenho certeza de que com pouco tempo vocês serão amigos de novo!" Matt disse, tentado convencer Caim.
Gift o puxou para perto, Caim o abraçou. E era isso. Gift sentia muito por ter levado Caim embora, mas pelo menos aquele cálculo de Harry funcionou. Os Abels estariam mortos agora.
"Obrigado, Gift." Ele disse, Gift se abaixou e ficou a altura dele, olhos nos olhos. Gift secou as lágrimas no rostinho infantil, ele sorriu. Um sorriso só dele.
"Aqui não tem sinal. Vocês deviam ter usado um telefone por satélite." Caim observou. Para crédito dos dois, eles sorriram.
"Isso é um telefone por satélite. Eu sei que parece um celular, mas é um tel..."
"Essa marca não produz telefones por satélites. Isso é um celular e a cada mentira vocês parecem mais idiotas." Os caninos riram. Eles olhavam com orgulho para Caim, Gift quase revirou os olhos. Caninos!
"Como você pode saber sobre algo assim? Eu estou dizendo que é um telefone por satélite, é um telefone por satélite." Benson disse olhando com desprezo para Caim. Ele sabia tudo sobre manipulação.
"Isso é só um detalhe. Vocês estão mentindo desde que entraram aqui. Vocês..." A voz dele falhou, afinal ele era só um filhotinho.
"Vocês mataram o doutor e as barrigas de aluguel. O pagamento seria Caim. Mas Caim não estava lá quando o aprimorado que vocês morderam voltou lhes dando acesso ao lugar." Gift disse.
Ele se lembrou do aprimorado usando valeriana. Uma tão boa que ele quase passou despercebido por Gift.
"Feldman." Caim disse. Benson piscou seus olhos de cobra, ainda segurando a pose autoconfiante, Mas Matt se virou para ele e perguntou:
"Você disse que eram clones nossos. Defeituosos!"
"Alguns eram." Benson disse afastando o assunto com a mão.
Matt começou a piscar olhando em volta, Gift entendeu que ele revivia tudo o que fez. Benson com certeza o fez matar as barrigas de aluguel humanas e ele achava que estava fazendo um mal necessário. Benson o fez fazer isso para corrompê-lo. Matt no fim das contas não era tão mau como Benson queria que ele fosse.
"Vamos para a Reserva, Matt. Basta nos ajudar. Lá você não terá de fazer nada monstruoso para ter valor, para merecer amor. Meus pais podem adotar você, você viu Sarah, ela foi muito mais mimada que nós." Gift disse.
Alguns caninos sorriram, o pai de Gift, sem ter pisado ali, era muito admirado por eles.
Matt voltou a piscar várias vezes, aquilo era muito esquisito. Bronzy também fazia isso quando ela foi morar com eles. Agora, ela fazia bem menos.
Matt só balançou a cabeça, Gift suspirou.
"Minha irmã vai sofrer se eu te matar, mas eu vou poder dizer que te dei uma chance." Gift disse.
"Me dê um dos bebês, então. Será o preço que eu vou te cobrar para desobedecer meu contratante." Benson propôs.
"É mais fácil te matar, idiota. Os bebês são nossos agora. Meus." O canino do sofá disse. Ele era quase da altura de Augustus e tão forte quanto ele.
Caim fingiu que não ouviu, ele era inteligente demais para dizer ao canino que os bebês iriam embora com ele. Essa era uma conversa para depois.
Augie rosnava e babava veneno, Gift se concentrou e viu que o coração dele estava muito acelerado. Ele olhou para Caim, Caim assentiu.
"Podemos te dar dinheiro, Benson. Muito." Ele começou. Se conseguissem fazer Benson falar por um tempo, talvez o lobo morresse. Ele iria.
Benson sorriu.
"Eu tenho dinheiro. Eu quero sair das sombras, Caim. Eu quero o que eu devia ter tido desde sempre: respeito. E um clone me dará isso. Fora que eu adoro bebês. Eu o trataria como filho. Como eu tratei Matt." Ele disse, Matt sorriu.
Gift olhou para Augustus, ele tinha os olhos em Augie, olhos cheios de medo. Será que ele acreditava mesmo que morreria se aquele lobo idiota morresse?
"Eu cansei dessa baboseira!" O canino do sofá saltou sobre Benson e Matt, Augie o encontrou no meio do salto impressionante, já lhe abocanhando o pescoço. O canino ia caindo sobre Benson, ele desviou, o canino caiu com Augie sobre ele.
"Caius!" Tadeus gritou, mas Caius torceu o pescoço de Augie, o jogou para o lado e se levantou.
O sangue jorrava de seu pescoço, ele usou a mão tentando estancar o sangue e disse:
"Eu sinto muito Augustus." Caius caiu e começou a convulsionar. Muitos caninos uivaram, Gift olhou para Caim, Caim baixou os olhos. Logo Caius morreu, seu coração parou por causa do veneno. Augustus uivou, um uivo terrível que fez Benson dar alguns passos para trás.
"Malditos!" Augustus rosnou, Tadeus e os outros o seguraram.
"O caldo está entornando Benson. Ainda que você mate todos eles e eu duvido muito disso, não seria suficiente para você sair vivo daqui. Vamos conversar."
Mas antes que Benson dissesse alguma coisa, Augustus se livrou de seus irmãos os jogando longe, soltou outro uivo arrepiante e Gift puxou Caim para perto de si, pois os olhos dele estavam vermelhos e transbordavam sangue. Ele sorriu arreganhando os dentes, Matt caiu de joelhos segurando o peito. Os outros caninos que tinham acabado de se levantarem também, um deles uivou e perdeu os sentidos.
"Ele está acelerando os corações de todo mundo!" Caim disse, Gift o abraçou apertado.
"Pai!" Matt choramingou, Benson olhou em volta e seus olhos pararam em Gift com Caim nos braços. Gift abriu as narinas o desafiando, um canino, porém, uivou de dor, rolou de um lado para outro e seu coração parou. Gift engoliu em seco.
"Suspenda ele, sugestione, faça a porra que o seu pai faz!" Gift colocou Caim no chão. Caim assentiu e travou os dentes, seu rostinho gorducho mostrando determinação.
"Durma, Augustus." Ele disse, estava até todo esticado.
Augustus gargalhou, uma risada aterrorizante onde um monte de sangue escorreu pelo queixo dele.
A fêmea que estava com os Abels saiu da casa onde se escondeu carregando os bebês, Caim foi até ela, os olhos dela estavam vermelhos e ela chorava lágrimas de sangue. Ela entregou os bebês para Caim e caiu.
"Matilda!" Caim disse o nome dela, ele sabia o nome de todos e o parentesco entre eles.
"Durma, Matilda, durma." Não deu certo, ela começou a convulsionar, Caim olhou para Gift totalmente apavorado.
"Gift?" Benson o chamou, a voz dele estava estranha. Ele mostrou um pendrive para Gift.
"Tudo o que você precisa está aqui. Eu estou com isso desde que Matt voltou dizendo que te ensinou a mudar seu veneno. Me dê um dos bebês e isso será seu." Benson tentou sorrir, mas o sorriso saiu torto.
"Pai..." Matt continuava no chão uma mão segurava o peito e ele gemia de dor.
"Não vou permitir que você coloque suas mãos sujas neles. Se der mais um passo, eu te mato."
Benson deu uma última olhada em Matt e correu. Gift não gastou seu tempo em pensar mais nele. Se saísse daquela merda, iria atrás dele de novo.
Augustus uivou e mais um canino morreu. Gift segurou o peito, seu coração estava bem, mas um lado de seu corpo estava estranho. Benson correu arrastando uma perna, Gift segurou o pânico, pegou Caim e os filhotes e tentou se afastar.
Tadeus se levantou, ele voou em Augustus, Augustus o pegou pelo pescoço. Tadeus estava fingindo, estava esperando a melhor hora para tentar atacar, mas ele estava tão lento quanto Gift. Ele tentava segurar a mão de Augustus em seu pescoço, mas Gift já tinha visto aquilo. Pride e Peter. O agarre de Pride foi tão bem feito que a única coisa que salvou Peter foi sua super resistência. E o fato de saber usá-la. Peter ficou imóvel e concentrou toda a sua força nos músculos do pescoço, Tadeus se esforçava para chutar Augustus, ferir o braço dele.
"Fique imóvel Tadeus! Concentre sua força no pescoço e resista!" Caim disse. Como ele sa... Gift cortou aquele pensamento idiota, Caim era único e incrível.
Gift se afastou mais, ele não queria correr e gastar sua energia que parecia estar se esvaindo.
"Não podemos ir!" Caim disse.
"Mamãe!" Abel5 disse também olhando para Gift.
Gift deu mais alguns passos, Augustus e Tadeus continuavam naquele embate, mas Tadeus estava fazendo o que Caim disse.
"Ele está se sacrificando por nós." Caim disse.
"Mamãe!" Abel5 disse e Gift se lembrou de Heitor. Muitas coisas que ele falava quando era um bebezinho, não eram literais. Gift colocou Caim e os bebês no chão e pegou Matilda. Ela gemeu quando ele a jogou no ombro, seu coração estava tão acelerado que não era possível contar os batimentos, mas ela resistia.
"Diga a... Di... Bronzy..." Mat balbuciou, Gift o ignorou. Ele tinha de salvar Caim e os bebês. Matt foi um dos causadores daquilo, ele que pagasse por seus atos.
"Não, não vou contar. Ela nunca mais irá te ver, não há por que lembrá-la de você." Gift estava sendo cruel, mas ele mesmo mataria Matt se tivessem que lutar. Ele esperava que Matt sofresse por horas.
Benson apareceu correndo daquele jeito arrastado para a direita, seu rosto todo torto e olhou confuso em volta.
"Pai!" Matt se ajoelhou, seu rosto era uma máscara de dor, seu coração estava quase explodindo.
Benson olhou confuso para Gift, Gift sorriu.
As plantas de Amália. Gift olhou na direção dela, ela estava sentada, seu coração estava como os outros, mas ela parecia um pouco melhor que eles. Suas plantas estavam no máximo.
"Gift!" Caim choramingou.
"Vamos. Prenda a respiração." Ele disse, Caim fez que não. Gift o encarou, Caim tinha uma expressão estranha.
Ele colocou os Abels no chão. Eles olharam com os olhinhos cheios de medo para ele, Caim sorriu e beijou os lábios deles.
"Você é corajoso, Cinco e eu vou fazer tudo o que eu puder para libertar você." Ele disse com a testa colada a de Abel5. É claro que ele tinha um plano paralelo, não seria filhote de quem era se não tivesse.
Abel5 sorriu.
"Cinco ama Caim." Caim chorou se afastando, Gift colocou Matilda no chão, não podia deixar aquele maluco se sacrificar.
"ADRIEL!" Caim gritou com todas as suas forças bem quando Augustus conseguiu quebrar o pescoço de Tadeus. Ele o soltou, Gift quis chorar, Tadeus era bom. Ele e Gift conversaram algumas vezes.
"ADRIEL! EU ACEITO!" Caim gritou, ele chorava. Gift ia dizer alguma coisa, mas esqueceu o que ia dizer quando uma coruja das neves apareceu, planou com as asas abertas sobre Augustus e ele caiu para trás. A coruja bateu as lindas asas brancas até pousar perto de Abel5. Caim se ajoelhou chorando, Abel5 sorriu e alisou o rosto da coruja. A coruja então alçou vôo, Caim ainda chorava.
Benson jogou Matt no ombro, Gift o encarou, ele mostrou o pendrive para Gift.
"Me deixe ir, e é seu." Gift olhou para Amália, ela acenou. Gift assentiu, Benson jogou o pendrive na direção dele e correu, suas pernas estavam melhores.
Os Caninos começaram a se levantar, e então ao verem que alguns machos tinham morrido, começaram a ganir e uivar.
Caim foi até Abel5, o bebê sorriu do mesmo jeito de antes. Matilda se sentou, Abel4 foi até ela, ela o abraçou chorando.
"Mamãe!" Ele disse, ela rasgou a blusa, ele começou a mamar.
"Cinco?" Caim chamou o bebê, o bebê sorriu.
"Você disse que aceitava." Abel5 disse, Caim fechou os olhos com força e pousou sua testa na cabeça de Abel5.
"Vinte anos." Ele disse com a voz firme. Caim se afastou cravando seus olhos nos de Abel5.
"Tá." Abel5 revirou os olhos e sorriu, Gift não soube o que dizer.
As fêmeas saíram das casas, Annabeth, a única filhote fêmea, foi até Augustus e o abraçou se deitando sobre ele.
"Papai!" Ela choramingou.
A mãe dela, com o rosto totalmente sujo de sangue foi até eles e se sentou. Ela segurou uma mão gigante de Augustus e ficou em silêncio.
Gift foi até o pendrive no chão. Ele o pegou pensando se aquilo valia a vida de Caius ou a de Tadeus.
"Você tem de deixar de ver uma parte só e tentar ver o todo." Gift olhou para a direita e tinha sido Sônia que tinha falado.
"Tadeus está morto. Caius, Perseu, Aurelius e Julio também. Por causa dessa merda!" Ele disse.
Gift se ajoelhou ante Sônia, ela o abraçou, seu rosto ficou entre os seios dela, ela não era tão alta quanto Angela ou Amália.
"Você nos libertou. Os lobos estão mortos." Ela disse alisando os cabelos curtos de Gift.
Gift a encarou.
Ela sorriu, um sorriso muito triste.
"O que você deve fazer agora?" Ela perguntou, Gift se levantou, tirou o desenho e desdobrou.
Ele rosnou, como faria aquilo? Quando voltasse ia dar uma surra em Harry!

Desculpem a demora, eu escrevi esse capítulo várias vezes até conseguir um resultado satisfatório.
Um bom feriado prolongado a todos, eu não sou católica, mas hoje vou reservar o dia para me lembrar de minha mãezinha que me deixou a dois anos.
Ela foi uma grande contadora de histórias, tão boa que o alzheimer não conseguiu tirar isso dela, só mesmo no fim, quando ela parou de falar. E é por querer me aproximar da grande mulher que ela foi que eu escrevo. Ela nunca aprendeu a ler, mas nunca se esqueceu das suas histórias.
Se você tem alguém que se foi, use o dia de hoje para se lembrar dos momentos bons. Sorria e chore. Sim, chore, eu vou chorar hoje, mas com o coração cheio de gratidão pela minha mãezinha, certa de que ela está contando histórias no céu. Talvez até possa estar contando suas histórias para alguém que vocês amaram.❤️

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