Harry subiu as escadas com uma certa ansiedade. Um grupo. E ele seria o líder. Era empolgante!
Quando testou a corda do enorme sino ele viu que estava solta e se puxasse muito o sino tocaria. Saco, teria de escalar. Ele sorriu pensando que se seu pai o visse fazendo careta por causa de uma simples escalada, provavelmente Vengeance o jogaria pela janela para obrigá-lo a escalar toda a torre.
Ele socou a parede de pedra segurando o gemido, aquilo doía! Mas foram apenas quatro socos, deu pra fingir que ele já tinha feito aquilo antes. Ele era o líder, tinha de se mostrar forte.
O lugar era meio apertado, afinal era uma torre de sino, mas dava para se sentar no chão e apoiar as costas na parede. Era o que Ananyia tinha feito.
"E Laylah?" Ele disse se sentando ao lado dela dobrando as pernas.
"Voando com Daru."
Harrison ia dizer que o grupo devia ter só três pessoas quando viu a pequenina Daru no colo de Niyati. E depois mamando em Ananyia. Era uma filhotinha. Tudo bem então.
"Sua filhotinha. Que era de Niyati."
"Você vê o passado também?" Ananyia perguntou, Harry deu de ombros.
"Eu só vejo. Passado e futuro nem sempre são passado e futuro." Ele disse, ela assentiu.
Harry se lembrou de Caim. Quando ele desenhou, Caim já tinha nascido, seu irmãozinho já tinha morrido, uma vez que nasceu morto. Simple o sentiu desenhando algo importante, ele ouvia tudo o que Harry fazia e Harry cometeu o erro de desenhar e não destruir depois. Ele dormiu, Simple entrou no quarto de Harry e pegou o desenho.
Harrison não pôde dizer nada quando acordou no dia seguinte e viu que o desenho tinha sumido. Quando encontrou Simple mais tarde, os olhos de dele, numa rara demonstração de crueldade, mostravam que ele mataria Harrison se simplesmente ele falasse algo. Simple levou o desenho acreditando que no futuro teria um par de filhotes onde um morreria no parto. Talvez tenha sido melhor assim.
"Você passou a noite desenhando lobos. Por quê?" Ananyia disse, Harrison sorriu. Tinha dado certo então.
"Violet. E esse será nosso primeiro caso como grupo." Ele disse, Ananyia deu de ombros.
O barulho das asas de Laylah foi ouvido, logo depois ela se encaixou numa das aberturas da torre. Ela segurava Daru nos braços, Daru era bem moreninha e os cabelinhos dela eram tão lisos que balançavam mesmo ela estando com a cabeça parada.
"Foi incrível, mamãe! Laylah disse que voa comigo sempre que eu quiser! E eu quero muitas vezes!" Ela disse pulando no sino, passando por cima dele e caindo nos braços de Ananyia. Aquele lugar era horrível! Os trigêmeos tinham a cabana de Simple, Noah, Bravery e Gift tinham a cabana de Collin. Até Gabriel, Bill e Michael tinham a antiga cabana de Gabriel, mas eles estavam ali!
"Eu tenho um lugar legal, Daru adorou."
"É uma cabana, mamãe! Laylah encheu de coisas gostosas e brinquedos!" Daru disse, as duas olharam para Harrison, ele deu de ombros.
"Eu não saio muito da Reserva. Não pensei que aqui seria tão ruim." Laylah sorriu.
"É só eu levar vocês, ninguém vai ver."
"Você consegue voar me carregando? Eu sou pesado." Ela o percorreu com os olhos, Harrison fingiu não ligar, mas ela era bem bonita e ele estava sem sexo a algum tempo. Harrison pensou em Peace comendo com a boca aberta, algo bem nojento, para se forçar a não ficar excitado.
Ananyia fez cara de nojo e disse:
"Por que pensou no seu irmão comendo?" Harrison suspirou. Ele usou a parte de sua mente que ela podia acessar.
"Por que eu acabei de descobrir por que os grupos são homogêneos." Ele disse.
"Vamos, Ananyia?" Laylah perguntou, Ananyia segurou a pequena Daru nos braços e foi até a abertura ao lado de Harrison. Ela teve de se esfregar nele para passar, a ereção foi quase instantânea. Ele se virou no pequeno espaço, Laylah abraçou Ananyia, Daru entre elas e se jogou. Harrison correu para a abertura e foi uma cena impressionante. As asas negras se abriram, o ar as jogou para cima, Daru riu, Ananyia gritou. Laylah subiu batendo as asas e logo estava longe.
Harrison sentiu seu coração disparar.
Ananyia tinha passado as pernas pelos quadris de Laylah, se ele fizesse algo assim seu pau ficaria preso contra a barriga dela. Bem erótico. Ou ele poderia se segurar nos ombros dela, acima das asas e seu pau ficaria em contato com a bunda dela, mais delicioso ainda.
Ele se deu um tapa forte na testa, o que estava pensando! Elas eram seu grupo!
Laylah não demorou a voltar, o coração dele disparou quando ela pousou um pé na abertura.
"Vire de costas." Ela disse, ele se virou. É, foi bom sonhar, ele pensou.
"Eu sou virgem e acho que vou morrer assim, então, não tenha mais pensamentos como os que teve." Ela disse, Harrison assentiu muito sério.
"Me desculpe." Ela assentiu de volta.
Salvation. Harry viu ele e Laylah se beijando.
"Você não morrerá virgem." Ele disse, ela o virou e o encarou.
"Não vi muita coisa. E é melhor você não saber por enquanto." Ela apertou os lábios.
"Tudo bem, eu confio em você. E saber mais me deixaria ansiosa. Temos uma missão, devemos nos concentrar nisso."
Harrison apertou os lábios. Por que os idiotas ficavam com as melhores fêmeas?
Ele se virou de novo, Laylah o abraçou por trás, passando as pernas pelos quadris dele. Harrison segurou as pernas dela, delicadas, lisas, ele não resistiu e alisou uma panturrilha.
"Me desculpe, é que sua pele é muito macia." Ele disse baixinho.
Laylah não disse nada e se jogou de costas o puxando, ele não teve fôlego para dizer nada mais. Quando ela abriu as asas, o vento só os parou, Laylah os virou e Harry teve a visão do chão ficando pequeno enquanto ela subia batendo as asas. Harry sorriu, era uma sensação deliciosa. Tanto que quando ela o soltou e ele pousou no telhado de uma cabana, Harry lamentou. Ele tentou andar sobre o telhado, uma telha deslizou. Ele era canino.
Laylah se aproximou e o abraçou, eles planaram e ela rapidamente o soltou, estavam no chão.
"Eu sou canino. Não me dou muito bem em telhados." Ele disse, ela deu de ombros.
"Vem." Ela estava empolgada, ele entrou na cabana.
"Veja, Harry! Brinquedos!" Daru mostrou uma grande caixa e havia outras no chão.
"Que bom." Ele disse.
Harry gostava de filhotinhos, mas não tinha muito jeito com eles. Seus sobrinhos sempre foram tão levados que ele brincava poucos minutos e depois os enchia de comida, sempre funcionou bem. Falando em comida...
"Tem comida aqui?" Ele perguntou, Laylah acenou e apontou a cozinha.
Ele foi até a geladeira e haviam algumas bandejas de carne. Só. Haviam frutas, legumes e verduras, mas tudo bem pouco.
"Você não fica aqui, é isso?" Ele perguntou.
"Vovó me deu três dias. E eu não posso ir num supermercado. Então fiz um humano bonzinho e velhinho que mora com a esposa perto daqui comprar algumas coisas. Acabou que eu acho que até comprei muito." Ela sorriu de sua esperteza.
"Mamãe e eu comemos quando chegamos. Estamos num hotel muito bonito." Daru disse.
"E eu já jantei. Então pode comer a vontade." Laylah sorriu.
Ela achava que aquilo era comida?
Harry sorriu. Sua mãe o ensinou a ser educado e ele poderia comer quando chegasse em casa.
"Tá bom. Da próxima vez eu trago comida." Ele disse.
"Você traz bolo de chocolate?" Daru perguntou, quando ela falava seus cabelos balançavam, devia ser o corte.
"Trago. Feito por minha irmã que é a melhor cozinheira da minha família." Ele disse. Daru sorriu e ele se sentiu bem, se sentiu feliz.
Harrison pegou as bandejas, uma frigideira irritantemente pequena e ligou o fogo. Carne bovina, ele gostava bastante.
"Vai comer tudo?" Laylah perguntou, ele deu de ombros.
"Você disse que compra mais. E eu posso mandar alguém trazer para você se quiser também."
"Sim, mas isso é muito, você pode passar mal. Você não jantou?"
Harrison tinha jantado uma deliciosa carne de alce, mas já faziam algumas horas.
"Eu não vou passar mal." Ele disse, ela foi se sentar no sofá. Ananyia estava pensativa olhando Daru montar uma casinha de blocos de madeira.
A frigideira era pequena, mas como era pouca carne, logo ele tinha aquecido tudo e temperado com sal.
Ele levou para a mesinha de café da sala, Daru pegou um pedaço, ele apertou os lábios, mas não disse nada.
Quando ela tinha pegado o terceiro, Harry foi até a cozinha, pegou um prato e colocou mais um para ela e ficou com a frigideira. Daru sorriu e comeu, Ananyia continuava distante, Layla andava de um lado a outro da sala, suas asas batiam nos móveis.
Harry comeu o último pedaço de carne e ia lavar tudo, quando Laylah pediu:
"Podemos começar?" Ele só colocou a frigideira e o prato de Daru na pia e se sentou.
"Sim. Comecemos." Ele disse se sentindo importante por ser o líder.
"Violet. Quem é ela?" Laylah perguntou.
Harry tirou os desenhos do bolso e lhe deu, Daru pediu:
"Deixa eu ver! Eu adoro desenhar!" Ela disse, Harrison deu um para ela, um que não tinha nada a ver com a reunião, mas ele achou que poderia ser importante.
"O que é isso?" Ela perguntou.
"Uma bonequinha. Você." Ele disse, ela deu vários pulinhos excitada.
"Olha, mamãe!" Ananyia pegou o desenho e sorriu.
"Parece com você, tigresinha. Mas os olhos são verdes."
Os olhos eram miçangas verdes. Daru tinha olhos castanhos escuros, mas quando ela sorria eles ficavam esverdeados.
"Eu gosto mais dos meus olhos assim." Ela disse e começou a piscar, piscar piscar, até que os olhos ficaram bem verdes.
"Eu consegui?"
"Sim, querida, você conseguiu. Seus olhos ficaram iguais aos olhos de sua avó."
"Eu quero tanto conhecê-la!" Daru disse, Ananyia não respondeu, a pegou no colo e lhe deu seu seio. Harry tentou desviar os olhos, mas... Eram seios tão bonitos! Daru abriu mais a blusa dela e começou a alisar o outro mamilo, enquanto sugava leite, Ananyia não se importou com ele ali. Harrison foi até a janela. Os grupos eram homogêneos por causa disso. Noah não precisava ficar escondendo uma ereção toda hora.
"Harrison?" Laylah o chamou.
Ele se virou, ela lhe mostrou o desenho com os lobos.
"Violet e os lobos. É sério?"
"Sim." Laylah arregalou os olhos.
"A mandei para eles. Eu não sabia que ela os encontraria, eles tem um vidente." Ananyia contou.
"Tinham, ele morreu." Harry informou.
"Ah. Ele... Ele era seu parente, eu acho. Ele se parecia com seu pai. Eu sinto muito."
"Tio. Ele era meu tio."
"Foi assim que ela os achou?" Ananyia perguntou. Daru dormiu e ela fechou a blusa. Harrison se sentiu melhor.
"Não. Ele morreu depois que ela os achou." Harry contou.
"E por que esse será nosso primeiro caso? O que vamos fazer?" Laylah perguntou.
"O que você sabe sobre os lobos? O que vocês sabem?" Ele perguntou para as duas.
Ananyia deitou Daru num sofá e se levantou.
"Eles não são lobos, são Novas Espécies."
Laylah acenou e mostrou para Harry um desenho dele. Um que ele não tinha entendido. O desenho era de um lobisomem, desses dos filmes.
"Eles se transformam? Eu não senti isso quando desenhei. Eu desenhei, mas não entendi. Não consegui destruir, porém."
"O termo Nova Espécie não é exclusivo da sua Espécie, Harry. Sempre houve Novas Espécies no mundo."
Ele deu de ombros ao que Ananyia disse. Era verdade.
"Esses lobos têm alma. Eu as senti de longe e tive de ir ver, mas não pude me aproximar muito, há uma aura cruel em volta deles, uma muito forte." Ela continuou.
"E por que mandou Violet ir vê-los?"
"Violet se intrometeu num assunto meu. Ela é muito intrometida se quer saber. E eu queria desviar a atenção dela, então a mandei ir tentar convencer os Novas Espécies caninos a irem para a Reserva. Há crianças lá. Eu não achava que ela conseguiria, mas..." Ananyia alisou os cabelinhos de Daru.
"Mas você tentou. Eu já entrei em algumas mentes deles, eles são telepatas e muito bons. Eles tem uma idéia equivocada do que os lobos são, mas não dá para mudar os pensamentos deles, só ver." Layla disse.
"Todos são telepatas?" Harry perguntou, isso era uma informação que ele não tinha.
"Sim. Em menor ou maior grau. Há alguns que não consigo nem chegar perto, são muito fortes, têm mentes blindadas. Como as dos trigêmeos por exemplo." Ela disse.
"Os trigêmeos não são telepatas." Ananyia disse.
"Eu diria que são, mas de um jeito diferente. Uma mente fechada tem de saber se fechar e se essa mente sabe se fechar, ela pode fazer outras coisas."
"Treinamento. Isso possibilita muitas coisas. Meus desenhos são responsáveis por eu ser melhor que os meus irmãos." Ele disse.
"Sim, eu vejo. Eu também sou resultado de treinamento." Ananyia disse.
Laylah deu de ombros.
"Eu nasci assim. Vovó diz que eu poderia ser melhor, mas... Minha cabeça dói só de pensar em treinar."
"Você é incrível! Não precisa melhorar, você já é impressionante!" Ananyia disse indo até Laylah e a beijando nos lábios. Laylah se assustou.
"Desculpa. Eu, minhas primas e também minha irmã nos beijávamos assim."
Laylah sorriu sem graça.
"Tudo bem." Harrison olhou para os lábios de Ananyia, eram lindos e vermelhos, perfeitos. Meu Deus! Ele era um pervertido!
"Vamos voltar aos lobos. Você diz que são Novas Espécies. Seriam os precursores do que eu sou?"
"Sim. É exatamente isso. Para chegar até vocês, os cientistas criaram eles primeiro. Lobos, leões e chimpanzés. Todos com inteligência, inteligência acima da dos humanos. Haviam ursos também, mas não conseguiram um coeficiente de inteligência satisfatório, então não usaram." Laylah contou.
"Usaram sim, meu tio Kabir tem genes de urso." Ananyia disse.
Harry sorriu com o fato de que poderia contribuir também.
"Não. Ele não tem. Os Quimeras são grandes, tem mais pêlos corporais que nós e algum deles hibernam, mas isso não vem dos ursos. Eles são uma mistura dos três genes. Só. Não há nenhum gene de urso neles. Gabriel fez os testes."
"Na verdade, os cientistas aumentaram tanto os genes responsáveis por força que sim, eles ficaram parecidos a ursos, mas realmente eles não tem genes de urso." Laylah contribuiu.
Ananyia ficou em silêncio. Uma informação nova para alguém como ela era raro.
"E como esses lobos foram parar no Alasca?" Harry perguntou.
"Vovó contou que os cientistas mataram todos os animais inteligentes depois que conseguiram misturar o DNA deles ao DNA humano. Mas esses daí devem ter escapado."
"E foram viver longe, no Alasca. Faz sentido." Harry disse.
"E os Novas Espécies caninos? Como surgiram?" Ele perguntou.
"Eu não sei. Como eu disse, só consegui acesso às mentes mais fracas."
Harry olhou para Ananyia.
"Eu posso rastejar pela parte subconsciente de alguém e não ser percebida. Mas eu preciso de conexão. E não havia como fazer isso lá." Ananyia disse olhando para Harry, ele não conseguiu não ficar vermelho.
"O que foi?" Laylah perguntou.
Ananyia fez um sinal de pouco caso, Harry fechou a cara. Ele era filhote de Vengeance, o macho mais sério da Reserva, ele tinha herdado o ar de liderança dele, só tinha de usar.
"Nada. Eu nunca cheguei tão perto deles, não sei a história."
"Então não sabemos como tudo começou. Mas eu sei o que os lobos querem." Laylah disse.
"O que eles querem?" Harry perguntou.
"Não é óbvio? Deixar de serem lobos. Seria o que eu iria querer."
Ananyia se levantou e passou a andar de um lado a outro, Harry pegou o desenho do lobisomem. Ele tirou um lápis do bolso, sempre andava com um, e começou a rabiscar o desenho.
Ele cobriu todo o desenho com grafite do lápis e afastou do rosto. E então ele viu. A visão veio se insinuando, ele se aqueceu. Harrison piscou algumas vezes, até que o lápis começou a desenhar sozinho no outro lado da folha. Uma fêmea. Loira, olhos claros. Um humano de cabelos escuros. Um lobo branco. Uma loba branca. Um macho parecido com o pai dele. Um macho loiro. E Violet.
Ele parou de desenhar e entregou o desenho para Ananyia. Laylah se aproximou.
"Eu conheço esse humano. Doutor Richard Anderson. Vovó tem uma foto com ele."
"Ele criou Adam e Noah. Bishop os vendeu para ele. Ele tentou fazer outros clones, mas não conseguiu."
"Bishop não contou como os fez?" Ananyia perguntou.
"Não. Na verdade, Rom, Adam e Noah iriam morrer. Bishop os fez juntos, mas só vendeu o embrião que se dividiu e se tornou Adam e Noah depois. Ele não sabia que havia uma data para morrerem, ele descobriu depois, através de exames em Rom. Anderson tentou resolver esse problema fazendo outros clones, nenhum sobreviveu."
"E como eles não morreram?" Ananyia perguntou.
"Samantha."
Ananyia acenou.
"Anderson criou essa mulher então? Ela é Nova Espécie, não é?" Ananyia perguntou.
"Sim. E acho que ele criou os lobos também." Harry disse.
"O homem loiro é um dos caninos, eu já o vi." Ananyia disse.
"Augustus, talvez. Eles são muito parecidos entre eles."
"São. Mas há um muito poderoso. Acho que nem sabe a extensão de seu poder. Eu não posso me aproximar dele." Laylah disse.
"Augustus, então. Ele é o líder."
"E os lobos? São dois? Um maior e outro menor?" Ananyia perguntou olhando bem para o desenho.
"Uma fêmea e um macho."
"Seriam os pais de todos os outros?" Ananyia perguntou.
"Sim, pode ser. Numa alcatéia, só os alfas, macho e fêmea, procriam. Os outros acabam procriando, mas o alfa mata os filhotes na maioria das vezes."
"Eles poderiam ter sido criados por essa mulher? Junto com seu tio?"
"Sim." Harry sentiu que foi isso.
Ele pegou outro papel e desenhou o casal, a fêmea loira e o macho parecido com o pai dele. Mas só desenhou a loba.
"Cadê o macho?"
Harrison continuou desenhando, mas só conseguiu fazer uma montanha em volta deles. Uma montanha nevada.
"Talvez ele seja filhote da loba. Há muitos lobos no Alasca." Ananyia sugeriu.
Harrison fez que não.
"Quando eu era mais novo, eu desenhei Jonathan. Eu passei a noite inteira desenhando. E na maioria dos desenhos havia duas sombras atrás dele. Eram meus irmãos. Agora há essa montanha. Isso pode ser o lobo."
"Os lobos são inteligentes. Eles são como uma pessoa no corpo de um animal. Se eu quisesse tomar um corpo humano, talvez eu criasse um plano." Ananyia disse.
"Um plano que duraria décadas?" Laylah perguntou, uma pergunta retórica, ninguém respondeu.
Harrison sentiu a coceirinha na mão, voltou a desenhar. Dessa vez saiu uma grande família, todos com os olhos vermelhos. Haviam lobos também no desenho. Vários lobos.
"O casal criou a loba, o lobo ficou longe. A loba emprenhava dele e trazia os filhotes para o casal." Ananyia disse. Seria isso?
"Pode ser." Laylah disse.
"Há mais uma informação. Uma que não aparece nos desenhos e isso é bem incomum."
"Qual?" Ananyia perguntou.
"Sede de sangue. Violet tem agora."
"O que é sede de sangue?" Ananyia perguntou.
Harrison e Laylah abriram a boca para responder na mesma hora, Harrison fez sinal para Laylah falar, pois ele queria saber o que ela sabia.
"Sede de sangue: quando um Nova Espécie tem uma conexão muito grande com seus genes animais a ponto de desenvolver um alter ego dentro de si. Um alter ego selvagem e sanguinário. Todos os Novas Espécies que desenvolveram isso foram mortos em Mercille. A maioria era de segunda geração. Não há um consenso sobre a causa dessa anomalia, alguns cientistas acreditavam que se devia ao fato de que os pais tinham desenvolvido isso, mas superaram e passaram a seus filhos que não superaram, outros diziam que era apenas um efeito colateral que ocorria em alguns machos."
Laylah falou tudo de uma vez, era um texto decorado.
"Você tem uma outra definição?" Ananyia perguntou, Harrison sorriu.
"Não tão específica. Pride tem sede de sangue. A pressão de seus olhos aumenta a ponto das veias oculares estourarem produzindo lágrimas de sangue e ele sente um clamor por matar muito grande. Isso perdura por algumas horas até que ele desmaie."
Laylah assentiu.
"Tadinho!"
"Ele tem controle. Sheer e Proud também têm. Proud nunca teve nenhum episódio, mas seus olhos ficam um pouco vermelhos às vezes."
"Sheer e Proud são filhos de Pride?" Laylah perguntou.
"Sim." Ela abriu um imenso sorriso.
"Sheer é meu sobrinho, filhote de Livie." Ela sorriu ainda mais.
"Tá, tá, não dispersem. Você diz que não sente que os caninos têm sede de sangue. Qual o problema?"
"Tiberius disse que têm."
"Quem é Tiberius?"
"Um dos caninos que veio com o grupo que resgatou Violet. Ele não fala muito sobre eles, mas contou isso para Rom."
"Por que não falamos com ele? Ele deve saber toda a história!" Ananyia disse.
"Não há garantia de que ele vá contar tudo. E a história não é tão importante assim. Sabemos que meu pai teve um irmão, sabemos que esse irmão acasalou com uma fêmea e teve vários filhotes. Sabemos que esses filhotes foram morrendo." Harrison disse.
"É. Eu concordo. Até por que o que iremos fazer?"
"Trazê-los para a Reserva. Com ou sem os lobos." Harrison disse.
Ananyia ergueu as sobrancelhas.
"Eles parecem bem onde estão pra mim. Eu só me preocupei com as crianças. Não é saudável crescer num ambiente de ódio como o que eu senti." Ela disse alisando o pezinho de Daru.
"Há uma sombra mortal sobre eles e há a questão de que Violet se vinculou a Augustus. Temos de ajudar."
"Uma história de amor! Vovó vai me deixar ficar mais assim que eu contar!" Laylah bateu palmas.
"Eles tem uma dependência dos lobos, foi o que meu irmão contou. Parece que com os lobos, eles conseguem controlar a sede de sangue. Como se enviassem a sede para os lobos."
"Isso é o que eu quero dizer quando digo que estão equivocados. Os lobos não são telepatas. Eles é que são." Laylah disse.
"Como assim?" Harrison perguntou, Ananyia respondeu:
"Cara! Os lobos são mesmo inteligentes! A conexão vem dos caninos! Através dessa conexão, os caninos acalmam a sede de sangue, mas ela continua lá. Os lobos não servem para nada!"
"Mas eles acham que servem! Só acreditar nisso os faz controlar a sede, mas a sede é silenciosa, paciente. Um dia, a sede retoma o controle de tal forma que explode e o macho ou a fêmea mata tudo a seu alcance, até morrer." Laylah arregalou os olhos.
"Mas isso não mataria os lobos. Meu irmão disse que quando um lobo morre, o canino morre também." Harry disse. Ele se lembrava de tudo o que Rom contou um dia depois que voltou.
"Conexões são perigosas." Ananyia disse, Laylah balançou a cabeça com energia.
"Sim. Eu me apaixonei por um homem que uma senhora amiga da minha avó amava em silêncio. Um homem de oitenta anos!" Ela disse e suas bochechas ficaram vermelhas.
"Meu pai deve ter uns cem anos." Harrison disse.
"Ele era humano. Lea tinha um dom incrível de contar histórias e ela cuidava de mim às vezes. Eu tive que entrar na mente dela para que ela não enxergasse as minhas asas e para isso eu fui fundo. Lea tinha muitas histórias na mente, as histórias me atraíram, eu acabei me conectando muito profundamente com ela e acabei apaixonada por Joseph, seu amor de infância." Laylah disse.
Ananyia riu, Harrison não achou muita graça. Devia ser mais engraçado se você era um telepata.
"Eu o persegui. Eu fiquei doente de amor. Ele morreu. Eu ainda beijo a lápide dele. Lea também morreu pouco depois e a colocaram perto dele, eu senti ciúmes!" Ela disse.
"No que isso serve para a missão?" Harrison perguntou.
Laylah piscou, Ananyia rosnou.
"Nada. É só para mostrar que se um telepata se funde com uma mente e se essa mente for forte, ele fica a mercê da mente. Quanto mais poderoso, mais vulnerável." Ela explicou.
"Você foi grosso." Ananyia disse.
"Tudo bem, eu disperso mesmo, preciso de um pulso forte." Harrison pensou que adoraria apertá-la bem forte em alguns lugares. Ananyia bufou.
"Ou treinamento." Ela disse.
"Ah, não! Basta vovó me enchendo!" Laylah retrucou.
"Voltemos ao assunto. E me desculpe, Laylah, se eu fui grosso." Harrison disse, ela sorriu. Um lindo sorriso.
"Então, segundo Laylah, os lobos, mais inteligentes que os telepatas, os fizeram acreditar que eram necessários. E assim usaram a conexão para enganar os telepatas, até descobrirem uma forma de tomarem os corpos deles e se tornarem humanos? É isso?" Ananyia concluiu.
"Sim. Eu acho que sim."
"Precisamos ir para o Alasca." Harrison disse, tanto Ananyia quanto Laylah disseram 'Não!' ao mesmo tempo.
"Por que não?"
"Eu não consigo ficar perto deles. Eu sinto dor."
"Eu me sinto sufocada a ponto de desmaiar." Ananyia disse.
"Temos de ir, isso é só uma suposição." Harrison disse.
"Vovó me mataria se soubesse! Eu teria de ir embora." Laylah disse.
"Eu não vou." Ananyia encerrou a questão.
Harrison suspirou.
"Vamos sequestrar Tiberius então. Vocês sondam a mente dele e tentam tirar tudo o que puderem."
"Um sequestro! Que legal!" Ela bateu palmas, Harrison a achou parecida a Bronzy, linda, mas um pouco infantil. Viver afastada de convívio com outras pessoas fazia isso. Principalmente se houvesse uma figura autoritária por perto.
"Sequestro, então. Vou planejar tudo. Nos vemos amanhã. Nessa mesma hora."
Ele disse. Ananyia pegou Daru nos braços e entrou no quarto dando um tchauzinho para ele, Laylah se aproximou e o abraçou meio sem jeito, como despedida.
"Aqui nos despedimos com um beijo." Harrison disse brincando, ela o beijou nos lábios, Harrison lhe segurou pelos cabelos e aprofundou o beijo. Ela tremia quando a soltou.
"Até amanhã." Ele disse e saiu da cabana.
Ele fez uma careta quando se situou depois andar por alguns minutos e notar que estava em outra cidade, bem longe da Reserva. Ele odiava correr!
Mas enquanto corria Harry pensou que o futuro mudava muito. Se Salvation fosse idiota a ponto de perdê-la, talvez ele tivesse uma chance.
O bom era que estaria faminto quando chegasse."Capítulo gigante, gente, desculpa! E explicou pouco, eu admito, mas prometo que explicarei mais. Layla está certa, acho que dá pra dizer isso sem me meter muito. Bom domingo!❤️

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Narrativa generaleQue tal não dizer os protagonistas dessa história? Talvez ir escrevendo e deixar que eles assumam o protagonismo? Ou deixar vocês escolherem? Bom, essa é a proposta dessa história. Eu tenho dois personagens os quais /adoraria escrever, mas vou deix...