Noah lhe tomou o telefone, Gift deixou, Harmony tinha desligado.
"O que ela queria?" Ele perguntou, Noah o olhou com as sobrancelhas erguidas.
"Acredita nesse cara?" Ele perguntou para Bravery. Bravery balançou a cabeça desolado, com o bom coração que tinha ele estava pesaroso por Gift.
Pesar! Pesar era para os fracos, Gift era forte. Embora...
Ele estendeu a mão, Noah lhe entregou o telefone, ele sabia que Gift não ligaria para Harmony. Ele era a porra de um vidente e isso era uma vantagem às vezes.
"Opal?" Ele foi logo dizendo o nome do macho, mas não houve resposta por um tempo.
"Ela não está aqui agora, saiu com Smile Two." Ele finalmente disse.
Gift pensou em tudo o que sabia sobre Opal e não era muito, então ele encarou Bravery. Bravery desviou os olhos, era o que ele pensava, havia algo.
"Te ligo daqui a pouco." Ele desligou, Noah suspirou.
"Eu já vou. Boa sorte, Gift." Bravery disse, Gift arreganhou os dentes.
"Prega a porra do cu nessa cadeira." Ele comandou. Era Harmony. Era a vida dele, ele passaria por cima do que e de quem tivesse de passar.
Bravery se sentou e suspirou.
"O que posso oferecer a Opal?"
Bravery o encarou, Gift viu que custava a ele dizer, então deduziu:
"Uma fêmea? Quem?" Ele perguntou.
"Você não pode dispor de uma fêmea, Gift. Está ficando louco?" Noah se intrometeu.
"Quem?" Ele cravou os olhos em Bravery, Bravery fez cara de choro:
"Eu posso estar enganado e seria errado, Gift. Não pode tentar resolver seus problemas causando outros." Gift sorriu. Ele podia e iria.
"Só diga. Não vou fazer nada, vou mentir." Ele disse, Bravery olhou para Noah.
"Diga logo, Bravery. Como você mesmo disse, você pode estar enganado." Noah ajudou.
"Rubi." Bravery disse. Ele olhou para os pés. Gift entendeu. Rubi namorava Kevin a anos. Eram o casal fofinho da Reserva, Gift nem conseguia ficar perto deles de tão doces que eles eram.
"Eu vou inventar uma coisa, mas talvez eles precisem de uma sacudida no namoro sem graça deles, o que acha?" Bravery deu de ombros.
Gift pegou o telefone, o macho atendeu no primeiro toque. Curiosidade?
"O que você quer, Gift? Se ela veio para cá, é por que não quer te ver. Eu não rastejaria desse jeito."
"Sou ofídico, se alguém pode 'rastejar' esse sou eu. Mas me diga, Opal, que tal eu te dar Rubi? Eu posso."
O telefone ficou mudo, Gift sorriu. Fácil, tão fácil!
"Eu não sou um desonrado como você, Harmony está arrasada. E eu gosto bastante de Smy, eu espero que..." Gift o cortou:
"Gosta mais de Smile Two do que gosta de Rubi?"
"Eu não..." Ele devia estar em casa, por que Gift o ouviu andando.
"Meu veneno. Viu o que eu fiz com Harmony. Posso te dar um pouco."
"Eu tenho honra." Ele disse, mas sem muita convicção.
"Você só tem de levá-la para uma cidade do entorno e me avisar com um dia de antecedência. Só isso. Ela vai pensar que eu a segui, não vai saber que foi você." Gift disse.
"Não. Rubi é uma fêmea comprometida, eu só conversei com ela uma vez. Nem imagino como..."
"Você só teria que colocar um pouco de veneno na boca, bem pouco, algumas gotas. Iria arder e doer, mas com alguns minutos a dor passaria e o veneno iria para a parte interna de suas bochechas. Ficaria lá. Por dias. E aí quando você a beijasse... Ela ou qualquer outra, seria uma sensação única, ela não iria querer outro." Gift disse de forma sedutora, Opal ficou em silêncio. Para crédito dele, Gift admitia que ele era duro de roer. Não entregava nada. Se Bravery não fosse tão observador e pegasse as coisas no ar...
"Vou pensar. Por enquanto, minha resposta é não." Ele desligou.
"Isso foi mentira? A coisa do veneno?" Bravery perguntou, Gift sorriu e foi até a geladeira.
Ele pegou o frasquinho e deu ao seu amigo. Bravery pegou com a ponta dos dedos, temeroso.
"Quer provar? Em Megan?" Gift perguntou, Bravery se levantou de um salto.
"Ela está de luto. Para sempre."
Gift deu de ombros.
"Quer?" Ele perguntou para Noah.
"Matt te ensinou isso também?" Ele perguntou, Gift fez que não.
"Você não sabe, precisa testar, é isso?" Gift assentiu.
"Mas faz sentido. Candid me aplicou o veneno de Bronzy a anos atrás. Meu corpo metabolizou o veneno e agora eu o produzo. Em menor quantidade e sem precisar de emoções ou transformações hormonais como a excitação." Ele ergueu o pescoço, Noah tocou.
"Não sinto diferença na pele."
"Sim, mas está aí. Eu tenho de estar bem alimentado e satisfeito sexualmente."
"Você..."
"Não, Bravery! Eu não fui até outra fêmea! Eu produzi depois que os idiotas levaram Harmony. Eu estava saciado como acho que nunca ficarei. Quer dizer, nunca sentirei com outra o que senti com ela. Eu a quero. Não quero outra."
"Por quê?" Noah perguntou, Gift deu de ombros.
"Porque sim. Agora que tal os dois bundões serem minhas cobaias? Opal só vai colaborar se funcionar." Ele disse, Bravery fez uma cara de medo.
"Não. Estou fora. Isso é veneno, Gift!"
"Não totalmente. Eu já coloquei na bebida de vocês e vocês nem sentiram. Eu misturei algumas coisinhas, não mata. Pelo menos não vocês."
"Você fez o quê?" Os olhos de Bravery quase rolaram para fora de seu rosto, Gift começou a rir. Bravery nunca decepcionava. Noah acabou rindo também.
"Cara! Você é louco!" Gift sorriu. Sim, ele era louco e faria o que tivesse de fazer.
"Me dá." Noah disse, Gift deu o frasco a ele.
"Noah..." Bravery alertou o amigo, Noah sorriu para ele.
"Eu não vou morrer hoje, Bravery. Não pelo veneno desse pau no cu, tenha certeza disso." Ele disse.
"Gotas?" Ele perguntou, Gift assentiu.
"Umas três." Noah abriu o frasquinho havia um gotejador na boca desde, ele pingou três gotas na língua, Bravery tinha até as narinas abertas de tanta tensão. Noah se ajoelhou, Gift sorriu, devia doer mais para ele, mas Noah piscou apertando os lábios. Os olhos azuis ficaram amarelos por uns segundos, depois voltaram a cor normal e pronto.
"Que porra é essa?" Noah disse e riu. Riu mais alto e depois gargalhou.
"Mas que merda boa!" Gift sorriu.
"Amanhã você..." Noah baixou a calça jeans, Bravery voltou a arregalar os olhos.
"Amanhã, não! Agora! Olha como eu estou!" Ele disse e começou a manipular o pau.
"Gift... Isso é o esperado? Rubi sairia correndo se Opal fizesse algo assim." Gift apertou os olhos. Noah era celibatário, talvez ele não fosse muito indicado.
"Ah, cara, pra quê uma fêmea? Isso é..." ele gemeu e começou a gozar. Bravery olhou para o chão, era constrangedor, até Gift admitia isso.
Ele fez sinal para Bravery, eles foram para a pedra.
Depois de um tempo, Bravery disse:
"Eu acho que não deu certo."
Gift não respondeu. Talvez Noah devesse ter ingerido apenas uma gota, ou o fato de ser celibatário atrapalhou tudo.
"Não, é assim mesmo. Parabéns, Gift, você teve coragem de fazer o que nenhum de nós teve." Gift não se virou. Simple tinha muita coisa para resolver, não devia estar ali.
"Ninguém te chamou aqui, vá embora."
"Eu ouvi tudo, não posso evitar." Simple disse se sentando.
"Você não pode evitar se meter onde não é chamado, isso sim!" Gift bufou.
"Você leu meus cadernos, não é?" Ele perguntou, mas era uma pergunta retórica, Gift não respondeu. Na cabana, Noah uivou, Simple riu.
"Um bom momento, como papai diz." Ele disse, Gift acabou rindo também.
"Eu quero testar." Simple disse.
"Em Flora?" Gift perguntou, todo o bom humor de Simple se foi.
"Não. Em Jenny." Gift entendia. Flora estava perdida, Jenny estava a mão. Por que não?
Gift fechou os olhos e se concentrou, logo suas presas pinicaram. Simple lhe deu um frasco, ele colocou uma presa dentro do frasco e conseguiu fazer algumas gotas caírem. Tudo era bem doloroso, mas Simple era um fodido, Gift também e fodidos se ajudavam. Quando havia meio frasco de veneno, Gift entregou para Simple. Ele cheirou e fechou os olhos.
"Só o cheiro já dá uma sensação boa." Ele sorriu.
"Deixe por uma hora no microondas em temperatura baixa. Depois, coloque na geladeira por um dia. Na porta. Aí adicione colírio de cannabis, algumas gotas. Agite bem e guarde."
"Colírio de Cannabis? Maconha? E você me deu para beber?"
"No uísque, Bravery. Você nem sentiu."
"Acha que devo beber um pouco no uísque também?" Simple perguntou, Gift deu de ombros.
"Não sei. Mas fique a vontade." Noah uivou de novo, Bravery se encolheu.
"E se ele..."
"Se masturbar até morrer? Não creio." Simple respondeu com um sorriso.
"E Hon? O que vimos é sério?" Gift perguntou, Simple inspirou.
"Trouxemos o idiota também, se ele estiver nos enganando, talvez eu deva testar isso nele." Ele disse.
"O lobo dele comeu todos os porquinhos de Livie, acha que ela não vai notar?" Bravery perguntou.
"Já compramos outros e Livie e Romulus não podem ficar perto dele. Ela está grávida de novo, então por enquanto ele estará a salvo. Mas não por muito tempo." Ele explicou, Gift assentiu.
Simple foi embora, Bravery esperou ele estar longe, algo bem desnecessário, afinal, aquele desgraçado ouvia tudo em qualquer lugar da Reserva.
"Eu acho meio arriscado deixar o tal Tiberius colocar a mente de Honest num lobo."
"É, eu também. Mas não é problema nosso, Bravery. A menos que você queira voltar a ser um capacho de Simple. Se quiser, fique a vontade." Gift disse.
"Eu nunca fui um capacho. Simple me ama e eu o amo, eu faço o que ele pedir, eu daria minha vida a ele."
"Você me mataria se ele mandasse?" Gift encarou seu amigo, Bravery não desviou os olhos.
"Simple nunca me pediria isso. Ele sabe que eu não sou um assassino, Gift. E que eu amo você e Noah. Na verdade, ele diz que vocês precisam de mim, que vocês dois são piores que ele e Cam. Eles tem Honest, vocês têm a mim."
Gift assentiu. Bravery era o coração da equipe deles. É claro que Honest não era o mesmo mais, mas ele tinha o pulso firme para conter Simple e Candid, sempre teria. Já no caso deles, Noah era o líder, mas Bravery era o contraponto. Funcionava.
Eles ficaram várias horas na pedra até escutarem que Noah estava dormindo. Ele roncava, algo que negava firmemente quando reclamavam com ele, mas ali estava. Roncos altos e nojentos. Gift e Bravery começaram a rir.
Quando entraram na cabana, tiveram que lavar tudo, o ar estava irrespirável. Noah continuou apagado na cama, nu. Seu pau ainda estava duro e às vezes ele o tocava dormindo, mas não passou disso.
No outro dia acordaram com carne assando, Noah tinha um grande sorriso no rosto.
"Em quem você vai testar?"
Gift perguntou, seu coração doeu de falta de Harmony, mas ele aguentaria, Opal era durão, mas Rubi era uma deusa. Gift sempre achou Kevin pouco para ela, primatas eram simplórios, sem graça. E ela namorou Jonathan antes, ele era um idiota, mas era felino. Felinos eram ridículos, mas eram intensos.
"Em Jewel. Será engraçado." Bravery abriu a boca, Gift rosnou.
"Não. Seu irmão gosta dela."
"Exato. Isso vai fazer ele se mexer. Eu não..."
"Jewel não. Ela é humana. É um risco." Gift disse.
"Eu decido e decidi testar em alguém que não corro o risco de me apaixonar. Eu nunca faria isso com Peace. Ela é ideal."
"Não. Ela não. Que tal Christmas? Ela é como você, celibatária. Linda e inacessível." Noah piscou, seus olhos ficaram amarelos. Bravery cutucou Gift.
"Isso é normal?" Ele sussurrou.
Gift não respondeu.
"Christmas. É, você tem razão, ela é linda!" Ele disse, mas Gift o conhecia muito bem e sabia que era uma mentira. Bravery, bobo, sorriu aliviado, Gift sorriu de volta. Ele teria de seguir Noah para todo canto agora.
Mas isso seria só até ele beijar alguém, depois Gift iria pra cima de Opal até que ele fraquejasse e levasse Harmony para fora de Homeland. E aí, ninguém a tiraria dele, ninguém.

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General FictionQue tal não dizer os protagonistas dessa história? Talvez ir escrevendo e deixar que eles assumam o protagonismo? Ou deixar vocês escolherem? Bom, essa é a proposta dessa história. Eu tenho dois personagens os quais /adoraria escrever, mas vou deix...