Violet não estava bem. Ela tinha tido pesadelos a noite toda, pesadelos horríveis, onde ela acordou assustada e gritando.
Seus pais tentaram ajudar, sua mãe se deitou com ela, não adiantou, já que depois de mais um pesadelo horripilante, cujo desespero foi tal que ela quase a machucou. Seu pai, desesperado para ajudar a levou para a cama deles, mas também não adiantou.
No dia seguinte a levaram ao hospital e Forest constatou que a anemia dela, que antes estava controlada, não estava mais. Forest a colocou no soro e ela ficou lá com seus pais. Seu tio V foi visitá-la e ficou um tempo com ela para seus pais descansarem.
Ela lutou contra o sono, mas ele veio e ela novamente teve um pesadelo terrível onde Augustus matava Tadeus. Ele lhe torcia o pescoço, seu rosto era uma careta horrenda até que o pescoço de Tadeus quebrou. Violet gritava, implorava para Augustus não fazer aquilo, até que quando ele jogou Tadeus morto bem longe, Augustus começou a perseguí-la. Violet se transformou em Letty, Augustus em Augie e logo Violet revivia toda a dor que sentiu quando os lobos a destroçaram.
Ela acordou gritando a plenos pulmões, alguém a abraçava, mas ela continuou gritando, até que lhe acabaram as forças e a voz.
Ela abriu os olhos seu rosto estava molhado ela passou as mãos pelo rosto e suas mãos ficaram vermelhas.
Lágrimas de sangue.
"Shiiii." Ela piscou e viu que era Pride a abraçando.
Violet chorou, ele continuou a abraçando, até que a ira chegou e ela quis se soltar. Pride a segurou contra seu peito, Violet rugiu, fincou suas unhas nele, o arranhou, o mordeu, mas ele aguentou firme, até que ela sentiu a ira indo embora. Pride continuava a apertando em seus braços, Violet fechou os olhos e ficou imóvel.
Depois de um bom tempo, Pride afastou o rosto e sorriu, Violet não teve forças para sorrir de volta.
Ela também não tinha voz, então fez o sinal de me desculpe bem lentamente, Pride fez o sinal de eu te amo.
E era isso, ela estava mudando. Forest, a doutora Trisha e até Collin estavam apreensivos, pois Violet às vezes parecia outra pessoa.
E agora os pesadelos. Violet se deitou, o soro ainda demoraria para acabar, Pride foi até uma cadeira. Ela sabia que devia mandar ele voltar para casa, mas ele era sua segurança. Então ela suspirou e fechou os olhos. Ela tentava não dormir, mas estava sempre se sentindo esgotada.
Quando acordou de novo, era Sheer que estava na cadeira, ela quase achou que era Pride, mas o sorriso era diferente.
"Oi. Sem pesadelos?" Ele perguntou, Violet estendeu a mão, ele segurou e depois cheirou.
"Sim. Eu consegui descansar, obrigada."
"Eu não fiz nada, Tia. Só fiquei aqui. Papai me fez jurar que o chamaria quando você acordasse."
"A sua presença é importante. Eu me sinto tão segura com você quanto com seu pai aqui."
"Então, vou deixar papai descansar." Ele sorriu, Violet lhe beijou a mão.
"Eu me lembro de te fazer dormir, quando seus dentinhos estavam doendo. Você ficava gritando e era tão forte que era difícil te segurar. Papai ria de orgulho e dizia que o Tio V. estava em dívida com ele por ter fornecido nadadores tão fortes." Ele sorriu.
"E agora, eu posso te retribuir um pouquinho. Eu fico feliz." Sheer disse.
"Posso te perguntar uma coisa?" Violet disse, ele se ajoelhou ante a cama e como ele era um gigante ficou com os olhos na altura dos dela.
"Sim. Qualquer coisa."
"Você... Quando você se lembra de Missy, bom..." Ele sorriu. Violet se perguntou se devia mesmo fazer aquela pergunta, afinal, ele ainda era muito novo.
"Eu me lembro de cada palavra. Me lembro de tudo e acho que nunca vou esquecer. De nada. E isso me ajuda, sabe? Há momentos que eu a sinto dentro de mim, como se ela e eu ainda estivéssemos juntos. Eu me sinto bem ao pensar assim."
"Eu sinto tanto, Sheer! Tanto! Eu não queria isso para você, eu te queria brigando com os filhotes por causa das fêmeas! Por causa de Mel, ou Milly. Ou até mesmo Jewel."
"Deus me livre! Jewel é... Bom, ela é uma chata, a presidente do país dos chatos!" Ele disse, Violet sorriu.
"Você entendeu. Eu quero segurar seus filhotes, bebezinhos tão lindos quanto você."
Ele sorriu, um sorriso triste, Violet sentiu a dor dele. Uma dor profunda, ininterrupta.
"Quem sabe? O futuro não pertence a nós, embora algumas pessoas da nossa família achem que sim." Ele disse.
"Engraçado, Sheer. Sua mãe nunca viu nada? Nenhuma visão?"
Ele balançou a cabeça.
"Nada."
"Estranho, né?" Violet tentou mudar de assunto. Ele estava ali por ela, o pior que ela podia fazer era deixá-lo triste. Embora, ele tenha sorrido.
"Eu não acho. Eu acho que a verdadeira herança do vovô Ven são os poderes da mamãe. Ela sim tem poder, Tio Harry e Tio Noah são efeitos colaterais. E Tio Adam não é poder, na verdade. Acho que é a simples leitura de mentes do Tio Rom e da mamãe."
Violet juntou as sobrancelhas, ele sorriu e se sentou na cama.
"Eu não entendi."
"É como o Vovô. De onde vem o faro dos trigêmeos? É dele, Tio Sim só aperfeiçoou algo que herdou do Vovô." Violet sorriu. Fazia sentido.
"Você acha que Adam apenas lê mentes?"
"Sim. Mas a mente dele induz a outra pessoa a se lembrar e ele vê. Tudo de forma automática. O passado já aconteceu e muitas vezes, nós não lembramos, mas está lá. Bem no fundo de nossas mentes."
Ela sorriu, ele lhe beijou o rosto.
"E os videntes? E Lily com o 'pode ser pode não ser'?" Ele riu, ela riu também.
"Probabilidades. Lily é a prova disso. Ela nunca... Erra." Ele disse e suspirou.
"Lily sabia que..."
"Sim. Ela e Missy eram melhores amigas. Assim como Missy e Jewel. Só Missy mesmo para ser a melhor amiga daquele demônio." Violet riu, depois tapou a boca.
"Eu estou orgulhosa de você, sabe?" Ela disse alisando o rosto perfeito. Tanto ele quanto Pride tiveram um início de vida marcado pela morte. Mas Livie não tinha morrido, então para Sheer tudo era ainda mais triste.
"Eu estou bem. Eu falo isso para todo mundo e eu sei que a maioria não acredita, mas eu quero que você acredite, Tia. Por que você me entende." Ele disse, Violet o encarou. Ela piscou sem entender direito.
"Papai ou o Vovô não conseguem entender, por que suas companheiras estão vivas. Mas você, Tia, assim como o Tio Sim podem entender que um Vínculo verdadeiro transcende a morte e a distância."
Ela olhou para as mãos. Augustus estava longe, mas não só pelos quilômetros que separavam a Reserva daquele pedaço do Alasca, mas pela condição que o marcava. A Sede de Sangue, os lobos, a família dele. O medo de machucá-la. Aquela cerimônia esquisita era isso, a fêmea tinha de aceitar o lobo interior dele, isso significava que ela era forte o suficiente para conseguir viver ao lado de alguém com Sede de Sangue. Mandá-la embora foi a prova de que ele a amava. Foi colocar a segurança dela acima da felicidade dele. Ainda que Augie fosse algo que ele desconhecia.
"Eu acho que nunca vou amar alguém mais, Tia. Quanto mais o tempo passa eu sinto isso e a cada dia, eu me sinto melhor com isso. Ninguém pode tirar Missy daqui." Ele disse segurando o lado esquerdo do peito.
"E eu sou feliz. De um jeito completo, por que eu sei onde ela está. O sorriso dela me acompanha, a voz me acalma, o cheiro me envolve. Eu tenho a certeza de que embora nosso tempo juntos foi breve, realmente valeu por uma vida inteira. Você lê isso por aí, mas eu realmente vivo isso."
Ele disse com um sorriso no rosto. Uma lágrima escorreu pelas bochechas dele, transparente, parecia um diamante.
"Eu queria que você soubesse disso, pois eu sei que você ainda não foi lá por causa do filhotinho. Mas estamos tão preocupados que... Bem..." Violet olhou para a janela a tempo de ver Storm e Tempest a pularem.
"Vamos te levar. Não podemos deixar você e o filhotinho desse jeito. Não podemos esperar, madrinha." Storm disse.
Ela sorriu. Uma onda de energia lhe percorreu o corpo, Violet arrancou o acesso.
"Roupas?" Ela perguntou, Storm lhe estendeu um dos conjuntos do hospital, Ela foi até o banheiro, tomou um banho rápido e se vestiu.
Ao sair, Pride estava na porta, olhando ameaçadoramente para Sheer.
"Eu não acho isso prudente. Eu..."
"Pronto, Tio Collin vai dormir como um bebê a noite toda." Pride arregalou os olhos para ela quando Proud entrou no quarto.
"Você envolveu até o seu irmão?" Pride disse para Sheer. Storm e Tempest olhavam um para o outro, provavelmente pensando em como derrubar Pride.
"Ele não me envolveu, Lily é que me disse. E eu sou o melhor sugestionador da nossa família." Proud disse com os lindos olhos bicolores brilhando.
"Violet. Você..."
"Você quer que Tia Vi seja feliz, então não vai causar problemas, vai nos ajudar. Vai pregar a bunda nessa cadeira e ninguém vai saber que a Tia Vi não está aqui." Proud disse, Pride assumiu um expressão vazia e se sentou. Ele sorriu, mas estava sugestionado.
"Proud! Não pode fazer isso com o seu pai!" Violet disse, o pestinha fez um sinal de tanto faz com a mão.
"Ele vai ficar bem. Agora, vamos. Você aí, carregue ela." Proud disse, Sheer riu da cara de Tempest.
"Eu carrego." Storm disse e a pegou nos braços. Eles pularam a janela e andaram em direção ao heliporto, usando o bosque que margeava a estrada.
Quando chegaram, Brass já estava na cabine do piloto.
"Sugestionou ele também?" Violet perguntou quando Storm a colocou sobre seus pés.
"Não. Ele faz parte disso." Ela olhou para a direita e seu pai estava ali.
"Pai! Você também está nisso?"
"E eu também, ou acha que eu iria ficar de fora?" Ela quase caiu com o abraço de seu Tio V.
"Nós somos um grupo." Seu pai disse com um grande sorriso no rosto.
"E papai está magoado, Tio. Muito." Tempest disse, Violet não entendeu.
"Quem mandou ele ter só cinco filhotes? Brass tem sete! Somos o grupo dos Pais." Tio V respondeu.
"E o fato dele ser piloto não tem nada a ver com isso, né, Vovô?" Storm disse.
"Quem mandou seu pai não saber pilotar? E ele pode criar um grupo para ele, oras!" Foi o pai de Violet que respondeu dessa vez.
"Vamos logo!" Proud disse pulando dentro do helicóptero, o pai de Violet pulou com ela nos braços.
Só de pensar que estava indo atrás de Augustus ela já se sentiu melhor. Talvez todo aquele mau estar, os pesadelos, a anemia, era simplesmente por estar longe dele, de seu Vínculo, de seu companheiro imortal. Ela sorriu para Sheer, ele sorriu de volta, o sorriso travesso do pai dele, que era o famoso sorriso de Tammy.
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General FictionQue tal não dizer os protagonistas dessa história? Talvez ir escrevendo e deixar que eles assumam o protagonismo? Ou deixar vocês escolherem? Bom, essa é a proposta dessa história. Eu tenho dois personagens os quais /adoraria escrever, mas vou deix...