2. Você sempre diz isso

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Abri os olhos encarando o teto revestido de gesso do meu quarto.
Que sonho mais louco foi esse? Pensei passando a mão pelo o rosto. Eu não lembrava de ter bebido depois que Suki saiu do restaurante, mas devo ter tomado muito pra ter sonhado com um anjo em minha casa.
- Que loucura.-resmunguei alto rolando pro lado.
- O que é loucura?
- Ahhh! -me sentei na cama assustado.
Ali estava ela, sentada na minha cômoda, usando um...  Meu Deus. Ela estava usando uma camisola preta e a peça realçava cada parte do seu corpo generoso.
Ana franziu o cenho para mim.
- Você não vai surtar de novo, vai?-perguntou parecendo chateada.
Olhei para ela ainda sonolento.
Não,eu não iria surtar de novo. Ela era real. Até demais.
- Bom dia.- falei por fim.- Eu vou preparar o café.
Fui ao banheiro antes e logo depois Ana me seguiu até a cozinha como uma sombra. Os pés descalços e perfeitos tocando o chão sem fazer o mínimo de barulho.
Ela me observou fazer o café e preparar ovos e bacon da bancada de marmore em completo silêncio mas com muita curiosidade.
Servi dois lugares a mesa ignorando seu perfume floral que dançava até mim, ela sentou a minha frente e olhou o prato com uma careta engraçada.
- O que foi?- perguntei bebericando meu café preto e amargo.
- O cheiro é...- ela engoliu em seco.- Estranho.
- Já comeu comida humana alguma vez?- já que eu tinha que aceitar o fato dela ser um anjo, “meu” anjo cupido , então acho que eu podia perguntar algumas coisas.
Ana negou.
- Nunca.
- Vocês comem o que no ... céu?- bizarro.
- Nos vivemos de luz.
Minha vez de fazer careta.
- Luz? Vocês vivem de luz?
- Sim. Eu sobrevivo da luz que você emana.- ela disse me fazendo arregalar os olhos.- Não me olhe assim, você achou que eu vivesse do que? Achou que existia um fast food?
Larguei a xícara sobre a mesa.
- Me explica isso,eu não tenho luz nenhuma.
Ela rolou os olhos. E eu já estava notando que aquilo era meio que uma marca dela. Como minha passada de mão no cabelo.
-Todo mundo tem luz,Robert. Vocês chamam de “energia”, mas para nós é luz. Eu sou alimentada daquilo que você é. Sua essência.
- E que gosto eu tenho? – tive que perguntar.
- Depende.- Ana tombou a cabeça pro lado. Outra mania.
- Do que?
- Do que você está sentindo.- ela pegou a xícara e levou até o nariz, parecendo gostar do cheiro.- Por exemplo quando você está apaixonado seu “gosto” é muito bom, mas nada supera quando você ama.
Ok. Aquilo era... Surreal demais. Continuei.
- Se você sente o gosto da minha luz como não percebeu que eu não estou mais apaixonado pela Suki?
Ana me encarou, como se aquela fosse a pergunta que ela não queria que eu fizesse. Esperei.
- É que quando você terminou com uma de suas exs toda a sua essência mudou.
Um alerta se ascendeu em minha cabeça, mas era tarde demais. Eu já queria saber de tudo.
- Quem?
- Kristen.- Ana disse como quem lamentava. Algo em mim se agitou.- Ela foi uma grande virada de chave na sua vida. Depois dela você determinou que nunca mais sentiria o que sentiu,então a sua... definição de paixão ou amor mudou. Você se automutilou da maneira mais cruel que eu já vi. Limitou até o seu amor ,até o que seu coração sente. Então eu não consegui ver quando você parou de gostar da Suki porque simplismente “decidiu” gostar dela,entende? Não foi algo que você “sentiu”.
Claro que eu entendia.
Soltei um suspiro. Ninguém, nem meu terapeuta, conseguia entender mas agora Ana estava ali. Me desvendando. Explicando para mim mesmo como meu interior funcionava.
Ela continuou:
- Com a Talliah você quase se soltou das amarras que colocou em si mesmo- sorri ao ouvir o nome da minha ex noiva.-, ela te instigava a ser livre. Mas toda aquela história de preconceito te colocou medo.
- Eu não tive medo.
- Teve sim.- Ana rebateu travando seu maxilar.- Você fugiu. Você podia ter sido um grande peão nessa história de racismo mas você preferiu ficar calado. Por medo. O medo te paraliza, Robert. Você amava a Kristen o suficiente para perdoar mas teve medo, você amava Talliah ao ponto de conseguir viver a sua vida mas teve medo. Agora com a Suki você apenas decidiu viver. Não havia sentimento,aquele que te faz perder o sono e machuca ao ponto de rasgar sua alma. Você foi ... Racional.
- Você fala como se fosse algo ruim- falei tentando mudar o foco.- isso tudo te deu uma certa estabilidade lá no... Céu.
Ela tombou a cabeça de novo.
- Sim. Você não estava infeliz. Estava ... Estável... Satisfeito.
Ficamos em silêncio por alguns instantes.
- Eu não sei como vou te ajudar,Ana.- falei por fim.- Eu não quero me relacionar com ninguém...
Ela rolou os olhos.
- Você sempre diz isso.- Ana deu um gole no café fazendo outra careta. Eu ri.- Isso é nojento!





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ROBERT PATTINSON | Apaixonado por um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora