Pov Ana Carla
- Amiga... Você precisa comer alguma coisa...
- Eu não quero.
- Mas você precisa, está a dias aqui trancada...
- Rebeca, me deixa em paz.
- Mas...
- Por favor.
Rebeca ainda ficou me olhando por alguns minutos antes de sair e me deixar sozinha como pedi para remoer tudo o que ouvi.
Eu era uma puta.
Eu era apenas uma puta.
Eu sabia disso porque homens, muitos homens , não me deixavam esquecer desse detalhe. Todos os dias clientes dos mais diversos tipos me lembravam daquilo.
E quanto mais o tempo passava mais eu me conformava de que jamais poderia mudar isso.
Eu não poderia viver uma vida normal porque meu passado sempre me perseguiria.
E sempre seria motivo da minha vergonha.
Eu sabia disso e nunca pensei que poderia ser mais do que isso, eu sabia o meu lugar e sabia que era apenas isso.
Mas então, Robert apareceu e me fez imaginar coisas impossíveis...
Por que ele tinha me dito aquilo?
Eu sabia o que eu era, mas ouvir isso da boca dele com tanta raiva e deboche doeu mais do que eu pude imaginar.
O fato de vê-lo como um cliente diferente dos outros pesava muito.
Na primeira vez que o vi quase não acreditei que era mesmo ele ali.Obviamente eu o conhecia, afinal de contas quem nunca assistiu Crepúsculo? Mas jamais imaginei que ele fosse o tipo de famoso, que precisasse pagar para ter sexo. Mas ele estava lá, meio que sem saber como agir diante de mim.
Seu jeito protetor... Carinhoso... Me desarmou.
Mas então ele me destruiu.
Agiu da pior forma que eu conhecia.
E eu estava quebrada.
Pelo simples e real motivo de estar perdidamente apaixonada por ele.
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Tara me deu dois dias de folga, no terceiro eu me arrumei e desci para o grande salão, mas no primeiro cliente que me foi apresentado eu desabei.
- Me desculpe.... Eu não...- uma torrente de lágrimas caiu dos meus olhos me deixando com a visão turva.
O homem que eu sequer lembrava o nome me olhou como se eu fosse um monstro e saiu do quarto.
Minutos depois Tara entrou sem bater.
- Você está ficando louca?- ela estava furiosa.
- Me desculpa...
- Desculpa? O que houve Ana?
- Eu não consigo,Tara...
Ela riu alto bem na minha cara.
- Você achou que o que? Que ele ia mudar a sua vida?
Não precisei perguntar a quem ela estava se referindo.
- Eu não esperava nada.
- Ah, não pense que me engana,garota. Você foi longe demais no seu conto de fada. Robert é um homem como qualquer outro e nós somos seus objetos preferidos. Você nunca será mais do que é hoje.
O tom de sua voz, o jeito que me olhava me deixava muito pior.
- Eu sei quem eu sou.- falei baixo.
- Será que sabe?- Tara chegou perto de mim.- Bom, se não sabe não vou esperar para descobrir. Pegue suas coisas e saia daqui ao amanhecer.
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Eu não esperei até o amanhecer.
Não me despedi de ninguém.
Aproveitei o pico da noite para sair dali o mais rápido possível despercebida.
E para onde eu fui?
Para o parque.
Não tinha para onde ir.
O dinheiro do meu último mês de trabalho estava na minha conta bancária mas eu precisava ser inteligente e racionar aquele valor.
Até conseguir outro emprego.
Um que não me obrigasse a transar com os outros.
Quando o dia amanheceu eu tratei de tentar dar um jeito em tudo.
Consegui um lugar para ficar.
Era o lugar onde Tara tinha me tirado a alguns meses atrás.
No final de um beco escuro com ruas sujas e paredes encardidas. A locação de um dos apartamentos podres era sem cerimonia, era só pagar em dia e tudo ficaria bem.
Bom, não podia ser considerado uma casa mas pelo menos tinha uma cama velha, um banheiro, pia e uma geladeira velha. Ia ter que servir, por enquanto.
Tomei um banho e evitei pensar nele, mesmo que fosse impossível.
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DOIS MESES DEPOIS
Todos os dias eu saia em busca de algo para fazer, tentava em todos os lugares mas o não parecia ser a palavra mais facial para alguém como eu.
- Me desculpa, querida, mas não tenho como dar um emprego para você.- disse o homem barrigudo para mim,se inclinando sobre o balcão da padaria e falando baixo:- Você me deu a melhor noite da minha vida, mas não posso te colocar no mesmo ambiente que minhas filhas, você é uma puta e elas são apenas meninas.
Eu sorri com amargura.
Aquele velho tinha razão.
Eu era uma puta.
Era tudo o que eu sabia fazer.
Ser puta.
Depois de dois meses o dinheiro que eu tinha estava acabando. Eu precisava pagar o aluguel e precisava me manter.
Não tinha jeito.
Eu não tinha outra opção.
Cheguei em casa por volta das 20h da noite e fui direto para o chuveiro, enrolada numa toalha cacei a roupa que mais combinava com o título de “ puta barata”, caprichei na maquiagem e calcei um salto alto.
O “trabalho” na próxima esquina não era complicado. Era isso que eu fazia antes também. Era só chegar e esperar para que o interessado parasse o seu carro a sua frente.
Nada diferente do que eu fazia na boate. Apenas a conta bancária dos clientes.
Tentei não entrar em Pânico ao caminhar entre as meninas que ali ficavam e naquele momento riam do meu estado catatônico, me apoiei em um dos postes e fiquei na indecisão de esperar alguém ou fugir dali.
Durante todo o tempo eu repetia para mim mesma “ Você precisa disso, precisa trabalhar, precisa se manter” como se fosse um mantra. Estava tão focada em não entrar em Pânico que só percebi o carro parado a minha frente quando o vidro da janela do carona foi baixado.
Tremendo um pouco fui ate a janela fazer o que tinha que ser feito.
Mas o olhar que recebi do motorista não era de luxúria, nem de divertimento ou deboche como eu esperava.
Havia tristeza, mágoa, lamento e até decepção.
Foi isso que eu vi naqueles conhecidos olhos azuis celeste.
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ROBERT PATTINSON | Apaixonado por um Anjo
FanfictionEntrei em casa, jogando meus pertences no aparador ao lado da porta, batendo a mesma em seguida. Tirei meu tênis e fui direto me jogar no sofá, foi aí que eu quase infartei. - Ahhhhhhhhhhhhhh!- gritei olhando a mulher sentada na poltrona do outro la...