14. Já Me acostumei

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Ana acordou sozinha na cama por volta das 11:30 da manhã. Quando levantou encontrou um bilhete de baixo do abajur no seu bidê.

“ Bom dia dorminhoca,
Desculpa sair sem me despedir mas é que você estava tão linda dormindo que fiquei com pena de te acordar.
A gente se fala.
R. Pattz

Um sorriso involuntário surgiu no canto dos lábios dela enquanto escolhia uma roupa confortável para sair e aproveitar o seu dia de folga.

Enquanto lavava seus cachos grossos e pesados Ana tentava entender o que um homem como Robert fazia tanto enfiado num prostíbulo.

Ela constatou que não sabia muito sobre a vida dele... Ana se mantinha longe dos romances açucarados então não tinha como assistir nada sobre ele ... Também não tinha interesse em ficar pesquisando sobre como era a vida dos famosos...

Enquanto calçava o tênis a porta do seu quarto foi aberta e Rebeca, sua melhor amiga naquele lugar,  uma garota dois anos mais velhas que Ana de cabelos castanhos e lábios pequenos, entrou.

- Vamos ensaiar?- perguntou se encostando no marco da porta.
Ana fez uma careta.

- Eu queria dar uma volta antes, pode ser?- perguntou. Rebeca tocava a bateria na pequena banda que ela tinham. Não era nada profissional,elas tocavam apenas na boate mesmo.

- Vai onde?

- Sei lá. Bater perna.

- Hummm... Eu vi seu amigo saindo daqui quase agora.

- Ele não é meu amigo.- ela se olhou no espelho pegando sua bolsa e seu livro preferido.

- É claro que não é... – as duas se olharam.- Qual é Ana, sou eu.

Ana rolou os olhos e tombou a cabeça para o lado, uma mania que ela tinha e não sabia de onde vinha.

- Eu sei que é você,Rebeca,então acredite quando eu digo que ele não é meu amigo.- e dizendo isso Ana saiu.

O dia não estava ensolarado mas só em poder sair da boate já era bom e saber que ao voltar não teria que atender ninguém era melhor ainda.

Ela colocou os fones no ouvido e apertou o livro nas mãos enquanto caminhava até o Lake Hollywood Park. O clima estava perfeito para se sentar em baixo de uma árvore e ler a tarde toda.

E assim ela fez, até que um casal a poucos metros a sua frente chamou sua atenção.

A garota de cabelos longos e louros estava deitada sobre o cara negro cor de ébano e os dois sorriam um para o outro enquanto conversavam sobre alguma coisa que Ana não conseguia entender.

Pareciam... Apaixonados.

- Sua mãe não te ensinou que é falta de educação encarar?

Ana tirou os olhos do casal de pombinhos e encarou o ator famoso que olhava para ela de cima com o sorriso mais lindo do mundo no rosto.

- Ela não teve tempo de me ensinar muita coisa.- Ela resmungou sentando com postura.- O que faz aqui?

Robert deu de ombros, sentando ao lado dela.

- Eu faço aulas de tênis aqui perto.- disse, Ana notou a roupa despojada que ele usava, bermuda e camiseta.- Estava indo para casa quando vi você aqui. Está fazendo o que?

Ela mexeu o livro nas mãos.

- Aproveitando minha folga para ler.
Robert sorriu de lado ao ler o título.

- O morro dos ventos uivantes- leu erguendo uma sobrancelha para Ana.

- O que foi?

- Não imaginei que você fosse uma pessoa romântica...

- Só por que eu sou puta?

Robert arregalou os olhos, olhando para os lados.

- Pra que falar isso desse jeito?

- Por que não falar? É a verdade.- resmungou incomodada pelo incomodo dele.- Acho que você devia ir embora, já pensou ser fotografado por algum paparazzi acompanhado de uma puta?

Foi a vez de Robert fazer uma careta.

- Eu quero que a mídia se exploda.

Os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes, olhando para o casal que continuava a sorrir um para o outro.

- Parece que estão esfregando na nossa cara, não acha?

Ana encarou o ator,Robert tinha uma expressão ultrajada.

- O que?

- O amor.

- Qual seu problema com o amor?

- Com o sentimento nenhum- disse passando a mão no cabelo bagunçado, apoiando os cotovelos nos joelhos.- Só fico meio puto com a forma que as pessoas usam ele um contra os outros.

- Contra?

- É.- A resposta simples e direta de Robert deixou Ana mais confusa do que já estava, mas ela não insistiu.- Você já amou alguém, Ana?

- Não.- respondeu olhando para frente, fingindo ver duas crianças correrem descalças sorrindo como se a vida fosse um mar de rosas.

- Qual a sua idade?

- 25.- pela visão periférica ela viu a expressão de choque no rosto dele.- E antes que me pergunte por que eu estou nessa vida te digo que meus pais me abandonaram assim que eu nasci. Cresci no orfanato local e depois de muito tentar uma vida normal tive que dar o braço a torcer e fazer o que faço.

- Você não suporta isso, não é?

- E quem suportaria?

- Algumas meninas parecem... Confortáveis...

- Algumas sim...

- Mas por que você não usa o dinheiro que cobra pra sair disso?

Ela o encarou.

- E quando acabasse o dinheiro eu faria o que?- perguntou não obtendo resposta. Robert encolheu os ombros.- Eu já tentei, Robert. Mas ninguém da emprego pra uma puta.

- Desculpa...

- É que para você é bem simples- Ana largou seu livro entre os dois e abraçou os joelhos.- Você tem o mundo aos seus pés.

- Nem sempre foi assim.- o ator resmungou.

- Eu sei. Mas você conseguiu mudar a sua realidade por que te deram uma oportunidade, algo que eu nunca vou ter.

Robert se virou para ela, a expressão torturada.

- Não diga isso,Ana. .. Eu posso te ajudar ... Posso conseguir...

- Não. Você não pode. – ela sorriu sem humor.- Eu nem sei como você ainda não foi flagrado na boate.

Ela tinha razão... Ou não. Se Robert não temesse tanto...

- Me diz o que eu posso fazer por você.- ele pediu depois de um tempo.

- Está tudo bem, Robert.- Ana pegou seu livro e levantou, ficando de frente para o ator enquanto limpava o short que usava. Robert a olhou.- Eu já me acostumei. Tenha uma boa tarde.

Ele ficou onde estava, observando a garota se afastar aos poucos. Até de costas ela era linda, pensou. O quadril sinuoso quebrava de um lado para o outro enquanto os braços se agitavam na lateral do corpo.

Ele tinha que ajuda- lá de algum jeito.


_ade_rodrigues
ElisaMesquita0
umalufanazinha



ROBERT PATTINSON | Apaixonado por um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora