Entrei em casa, jogando meus pertences no aparador ao lado da porta, batendo a mesma em seguida. Tirei meu tênis e fui direto me jogar no sofá, foi aí que eu quase infartei.
- Ahhhhhhhhhhhhhh!- gritei olhando a mulher sentada na poltrona do outro la...
O ator abriu os olhos assustado,encarando o teto do seu camarim. Não lembrava de ter dormido, mas lembrava de ter deitado para descansar um pouco há que Matt tinha resolvido dar uma pausa nas gravações.
- Você está um trapo- Michael observou.- Como quer ser um super herói sendo um trapo?
Robert sentou no pequeno, seus músculos reclamando.
- Eu estou bem.- mentiu. Ele estava de ressaca. E fugindo.
Fazia dias que não ia até a boate e pior do que estar de ressaca era saber que o motivo de sua ansiedade estava em uma certa morena de lábios carnudos.
- Você estava falando enquanto dormia.- Michael cruzou os braços no peito.- Falou um nome.
- É mesmo?- não era difícil imaginar qual nome ele tinha dito.
- Ana. Você disse “ Eu vou te ajudar, Ana”. Quem é?
- Ninguém.
- Mentira. Parecia preocupado demais para ela ser ninguém.-o assessor disse com convicção estreitando os olhos.
- Ok,ela é uma amiga e está passando por problemas.
Michael olhou para ele com várias perguntas não ditas no olhar, perguntas do tipo “ Quem diabos é Ana?”, “ Onde a conheceu?”, No entanto ele não verbalizou nenhuma delas.
- Certo... Vou conhecê -la algum dia?
Outra pergunta que Robert não tinha resposta. Michael conhecer Ana resultaria em varias situações problemáticas. Se o assessor descobrisse onde ela trabalhava... seria um inferno!
- Eu não sei... Eu não estou legal...
- Estou vendo, vai para casa, Robert.
- Eu tenho mais duas cenas pra gravar.- falou espantado.
- Tem. Mas você não tem condição nenhuma de gravar nada...
- Eu vou terminar as gravações.
Michael o encarou como se ele tivesse tido que gostava de pizza de brocolis.
- Preciso ocupar minha cabeça, Mike.
O assessor continuou olhando para ele com desconfiança. Não era pra menos. Vivia pegando no pé do ator para que ele focasse no papel que estava fazendo e agora que tinha decidido dar uma trégua na pegação de pé, Robert queria ficar.
- Você tem certeza?
- Tenho.
Ainda desconfiado, Michael assentiu:
- Então estão te esperando no estúdio 6. Coloca o traje.
Robert caminhou trajado de Batman até o estúdio e se empenhou em afastar Ana de sua mente.
Não era pensar nela que lhe fazia mal mas sim o misto de sensações que invadi seu ser sempre que ela aparecia em sua mente,fosse chorando ou rebolando nua em cima dele. Era tortura demais.
Foi no final da última cena do dia que Zoe o pegou de surpresa ao perguntar:
- O que está acontecendo com você?
- Do que está falando?- se fez de desentendido por que ela seria apenas mais uma perguntando algo que nem ele sabia responder.
Zoe deu de ombros.
- Você tem mudado da água para o vinho todos os dias,Rob. As vezes está deprimido e então no outro dia chega como se tivesse se apaixonado pela primeira vez, para no dia seguinte estar um caco de novo. Não sei o que você tem,nem quem está fazendo isso mas você parece muito perdido.
Robert a observou sem dizer nada.
Não tinha como explicar o comportamento estranho e ela estava certa,ele estava perdido.
.
.
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-Robert!
- Olhe aqui, Robert!
- Robert!
As vozes gritando seu nome eram apenas ecos em sua mente. E ele ignorou enquanto olhava de um lado para o outro.
Mais um evento.
Essa era sua vida. Isso era consequência do que amava fazer.
E ele era feliz por isso? Não era?
Ao seu lado no tablado de fotos estava Tom Holland e Zendaya novamente e Robert se pegou admirando o amor dos dois.
Holland respirava por ela, isso era nítido e ela brilhava por ele. Era uma áurea única ali.
Robert desejou ter alguém consigo também.
Mas um medo lhe subia pelas pernas quando ao pensar em companhia a imagem dela vinha com força.
Ele não podia estar sentindo aquilo.
Ele não devia.
Não seria justo.
.
.
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.
- Quer dizer que ele pagou por toda a sua semana e sumiu?- Rebeca estava incrédula deitada de bruços na cama de Ana.
- Foi.- respondeu a morena deitada encarando o teto.
- Por que você acha que ele fez isso? Quem paga uma garota como nos para não transar?
- Não faço a menor ideia.- Ana não quis dizer para a amiga que quase sempre Robert fazia isso -Capaz dele aparecer aí hoje...
- Mas ele não sabe que nas quartas a boate funciona de outro jeito?
- Acho que não.
Rebeca deu uma risada.
- Vai ser engraçado se ele vier.
É, seria mesmo.
Nas quartas-feiras,dia de folga das meninas, a boate realmente se tornava uma boate. Ana, Rebeca e as meninas da banda faziam um pequeno show enquanto todos se divertiam.
E ele apareceu.
Lá pela quinta música que Ana cantava ela o viu entrando pelo salão, indo até o bar. Seu estômago borbulhou ao ver ele tomar uma dose de wiskey atrás da outra sem ao menos olhar para ela.
- O que você está fazendo?- foi a primeira pergunta que ela fez ao parar do lado dele.
Robert olhou para ela, Ana se sobressaltou ao ver como seus olhos tinham olheiras e em como ele riu de um jeito debochado.
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- Bebendo.- sua voz estava arrastada.
- Por que?- insistiu irritada.
O ator se virou para ela, a olhando de cima abaixo. Pela primeira vez desde que se conheceram ele fez com que Ana se sentisse... Estranha.
- Porque eu quero.- rebateu.
Os dois se encararam. Enquanto Robert sorria torto, completamente bêbado, Ana o olhava de cara fechada.
- Ok, então, continue bebendo sozinho.- ela ia saindo mas ele a puxou pelo braço.
- Onde pensa que vai? Eu paguei por você.
- Me solta, Robert.- ela pediu firme, do outro lado do bar Tara parou de mexer a coqueteleira, prestando atenção nos dois.
O ator se levantou e apertou mais o aperto no braço dela, puxando Ana para mãos perto.
Um olhar lascivo.
- Não. Você é minha por uma semana.- sua fala saiu atrapalhada.
- Eu não sou sua...
- É sim!
- Me larga, Robert.- com um puxão forte Ana se soltou.- Não encosta em mim.
Totalmente descontrolado ele gargalhou, chamando atenção de algumas pessoas ao redor deles.
- Eu posso fazer o que eu quiser com você.- disse o inglês se inclinando para ela.- Eu paguei por você.
- Acho que você já pode ir embora, Robert.- Tara parou na frente dos dois.
- Eu não vou embora, eu vou subir e transar com ela.
- Não. Você vai para casa, está bêbado.- Ana ainda tentou falar com calma, respirando fundo e neutralizando sua raiva.
- Você não manda em mim, Ana Carla.- dessa vez ele gritou, voltando a pegar ela pelo braço.- Você é uma puta e eu paguei por você, então eu vou comer você até que eu canse.
Foi como receber um tapa na cara.
Foi pior.
Muito pior.
De todos, ele era o único que Ana não esperava ouvir aquilo.
Uma última vez ela puxou o braço e com os olhos em brasa sibilou para ele:
- Não encosta mais em mim.
Ela foi em direção as escadas ignorando os olhares que recebia no caminho ouvindo a voz furiosa de Robert ao fundo dizendo coisas do tipo: “ Você é a minha puta, Ana” e “ Eu paguei por você, volte aqui.”
Quando a porta do quarto se fechou a morena se jogou na cama abraçando o próprio corpo,sentindo um buraco imenso se abrir em seu peito.
