22º Capítulo "chorei de amores, ou o contrário." 

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    "Chorei de amores, ou o contrário." 

4 meses e 7 dias...

Cinco horas da tarde e mal dava para acreditar que já estava voltando pra casa. Liguei o som da Charlotte no volume máximo.

Sabia que Maraisa já tinha deixado a loja, pois seu carro não estava estacionado.

Não queria estragar a surpresa, portanto sequer liguei avisando que chegaria mais cedo. Se ela tivesse ido resolver alguma coisa em outro lugar, daria tempo até de preparar um jantar.

A presença do Kaio no estúdio me deixou extremamente mais tranquilo e com menos serviço. Era seu quarto dia de trabalho. Ele tinha algumas dificuldades, mas era esperto e aprendia rápido. O melhor de tudo é que estava sempre disposto a realizar as atividades. Seu jeito calmo era um diferencial, atendia os clientes com um sorriso no rosto e uma paciência louvável.
A felicidade estava nítida em suas expressões, o que só me deixou ainda mais contente.
Perguntava diariamente como ele estava se sentindo. Era importante que fosse sincero comigo; não queria que aquele trabalho o prejudicasse. Pretendia cuidar bem para que ele permanecesse satisfeito em estar ali.
Ele ainda não tinha mantido contato com a Maiara. Bom, pelo menos não que eu tenha visto. A única cena que presenciei foi quando eles saíram para o almoço no mesmo horário. Seguiram rumos diferentes e fingiram que não se viram. Foi até engraçado de se ver, ambos ficaram desconsertados e olharam para o chão.

Estacionei na garagem do apartamento com um sorriso bobo no rosto.

O carro da Maraisa estava ali, ou seja, sobremesa antes do jantar. Um tesão sem fim se apossou do meu corpo só de imaginar.

Empolgado, peguei o elevador e quase não suportei a espera.
Assim que entrei no apartamento, encontrei Maraisa na cozinha, dando comida para os gatos.
Lulu e Don se esfregavam em suas pernas, perpassando seus rabos peludos como sempre faziam com ela. Nunca comigo. Buscava não ter ciúmes, afinal, quem não a amava naquela casa?

–Querida, cheguei – murmurei baixinho e me aproximei por trás dela, abraçando-a pela cintura.

Meu nariz encontrou um espaço entre seu ombro e pescoço, permanecendo ali durante alguns segundos. 

Maraisa se virou bruscamente e me puxou para si, beijando a minha boca com avidez. Uma urgência tão grande que quase me desculpei mais uma vez por ter sido tão ausente nos últimos dias.

Entretanto, não podia perder tempo me desculpando.
Eu tinha maneiras muito mais interessantes de pedir perdão, por isso tratei logo de erguê-la em cima da bancada.

Ela usava um vestidinho florido, que foi logo levantado até sua cintura pelos meus dedos ansiosos. Eles desceram até a alça fininha da calcinha que usava.
Os lábios da Maraisa ainda estavam nos meus; incansáveis, insaciáveis.  

De repente, ela me abraça forte. Muito, muito forte. Aproveitei para abraçá-la, mas fiquei preocupado depois que senti seu corpo tremer.

Maraisa chorava.

–O que foi, meu amor? O que houve? – murmurei no seu ouvido.

Afastei-me um pouquinho para observar seu rosto e meu medo se intensificou de imediato. Ela estava com os olhos vermelhos e inchados, como se tivesse chorado por longas horas. Sua linda face chegou a se deformar um pouquinho, até rugas haviam aparecido do nada em sua testa.

Ela sequer me respondeu. Iniciou um choro doloroso.

–Maraisa... O que aconteceu? Por favor, conta pra mim.

The Trip  "Danisa"Onde histórias criam vida. Descubra agora