37º Capítulo "Como me amar?"

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                "Como me amar?"

1 ano e 15 dias depois...

Estava no meu estúdio, mais precisamente na sala para tomadas individuais.

Testava uma câmera nova e importada, que havia chegado pela manhã depois de quase dois meses de espera. Bom, valeu a pena cada segundo que esperei. Sabia que ela já era o meu mais novo xodó, podia sentir a cada clique.

Alguém bateu na porta timidamente, porém conseguiu me assustar.
Estava muito entretido.
A visei para que entrasse; era o Kaio, dizendo que a Maiara tinha acabado de chegar. Pedi para mandá-la entrar e fiz um esforço absurdo para largar a máquina. Uma belezura! Estava doido para inaugurála. Havia dois books marcados para mais tarde, faria questão de utilizá-la.
As fotos ficariam show de bola.

– Danilo? Me chamou?

– Oi, Maiara! – cumprimentei-a com um beijinho no rosto. – Preciso falar contigo, senta aqui um pouquinho. É seu horário de almoço, não é?

Sentamos no pequeno sofá preto que eu usava de apoio para as tomadas.

– Sim...

Ela sorriu de leve, mas percebi que estava um pouco desconcertada.

Acho que ela sabia que o Kaio tinha me dito tudo o que estava acontecendo entre eles.
E disse mesmo. Ele sempre me contava as coisas que o perturbava, assim como eu fazia o mesmo. Nossa amizade havia crescido bastante. Digamos que passamos para o estágio de confidentes fiéis.

– Você está bem?

– Uhum... – balançou a cabeça e desviou os olhos, prestando atenção nas câmeras apontadas para nós. – E você?

– Ótimo!

– Tudo certo com o casamento? Ah, que pergunta a minha, Maraisa já me conta todos os detalhes sobre o casamento...

– Estamos na correria, mas vai dar tudo certo. – Sorri torto.

Fiquei a observando, sem saber direito por onde começar.
Tinha muito a dizer – mesmo que minha vontade real fosse sacudi-la até que compreendesse a própria situação –, mas nenhuma palavra parecia estar adequada. Precisava ser direto e ao mesmo tempo cauteloso.
Maiara era tão sensível! Qualquer coisinha podia acabar sobrando para o Kaio. Aí ele me mataria depois.
Aproveitei que ele estava fazendo serviço no banco para ter aquela conversa com a Maiara. Era rara uma oportunidade para conversarmos a sós.

– Tenho uma coisa para te mostrar – decidi ser direto.

No fundo da sala havia um quadro enorme que mandei emoldurar.
Tinha chegado naquela manhã também, mas veio de um lugar especializado em molduras.

Mandei o arquivo da foto que estava nele para a gráfica, impressão 80cm x 65cm.

Peguei-o sem dificuldade, percebendo que o material da moldura era leve. Retirei o papel amadeirado que o envolvia e logo mostrei à Maiara.
Sua reação foi composta por olhos amendoados mais abertos do que o normal, pela boca pequena em formato de "o" e pela velha coloração apimentada que sua pele fazia quando estava prestes a morrer de tanta vergonha.

Não contive o ímpeto de rir ao observá-la.

– Uma beleza, não? – Voltei a me sentar, carregando o quadro comigo.

O resultado havia ficado excelente.

No retrato, a imagem da Maiara sentada com as pernas grossas apoiadas naquele mesmo sofá escuro. Usava um vestido preto decotado, que valorizava suas curvas largas.
Os cabelos soltos para frente e os olhos bem maquiados lhe atribuíam um clima selvagem. Muito sexy.

The Trip  "Danisa"Onde histórias criam vida. Descubra agora