39º Capítulo "Recordando"

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                     "Recordando"

1 ano, 2 meses e 27 dias...

Acordei com a Maraisa se remexendo em meus braços. Era tão difícil ela ter sono inquieto – como o meu – que logo me pus em alerta.
Contudo, quando decidi verificar se estava bem, percebi que já tinha acordado.

Por um momento pensei que estivéssemos na nossa casa, até que vi as cortinas da sacada abertas, balançando suavemente por causa da brisa marítima.
Podia-se escutar o ruído característico das ondas do mar morrendo na areia.

– Bom dia, princesa

Puxei a Maraisa, percebendo que ela estava com a pele meio pegajosa.
Bom, a minha também estava. Sequer havíamos nos lavado, deixamos nossos corpos com resquícios do suor de prazer e exalando um cheiro forte de sexo.
Nem vou me dar ao trabalho de dizer que não gosto; a verdade é que sou fascinado por tudo isso. Devo ser mesmo um safado, como a Maraisa diz.

– Bom dia, lindo príncipe! Dormiu bem? Deve ser tarde...

– Dormi sim, linda. Está ouvindo isso?

– O mar? Há algum tempo. Estava esperando você acordar para que pudéssemos observar a sacada.


– É uma ótima ideia – levantei-me devagar, ainda meio sonolento.


Estava completamente nu, e Maraisa também. Ela se levantou, mas se enrolou no lençol branco e comprido.
Assim que chegamos até as cortinas, paramos.
Maraisa envolveu o lençol em mim, abraçandome pela cintura. Meu braço logo encontrou os seus ombros.

Sabíamos o que estávamos fazendo; recordando, revivendo cada momento do fim de semana em que nos conhecemos.

Soltei um longo suspiro.

"Nós. Recordando. Era perfeito"

O sol já havia nascido há muito tempo, de modo que não visualizamos a mesma mistura de cores que a aurora havia desenhado naquele dia. Entretanto, a paisagem continuava linda; o céu estava completamente azul e sem nuvens, o mar foi pintado de um azul bem mais escuro que o céu e as espumas branquinhas das ondas brilhavam por causa do sol forte.

Maraisa me apertou de um jeito ainda mais intenso. Acho que esperava a minha deixa. Só que eu já sabia o que fazer, estava decidido. Seria melhor do que falar algo que não cabia mais na situação.

Soltei-a devagar e peguei uma máquina fotográfica que estava em cima de um dos criados mudo.
Ela riu quando percebeu o que eu estava fazendo.

– Sei que você acha que as lembranças são melhores do que uma fotografia... – falei, fazendo alguns ajustes na câmera. – Mas eu quero ter as duas.


Maraisa continuou sorrindo por alguns segundos, porém, como se adivinhasse os meus pensamentos, deixou o lençol que lhe envolvia cair no chão.
Ficou deliciosamente nua para mim, incluindo muitas doses de malícia em seu belo sorriso. Depois, virou-se na direção da sacada e deu alguns passos a frente. Ficou meio distante da barra de proteção, afinal, não queria ser vista.
Eu meio que fiquei com medo de que aquilo acontecesse, mas estava tão excitado com a ideia que me concentrei apenas em ser breve.

Devo ter tirado umas mil fotos num espaço de, no máximo, três minutos. Maraisa fazia poses sensuais aleatórias, parecia muito à vontade e espontânea. Estava cada vez melhor naquilo.

Ela saiu correndo de volta para o quarto quando ouviu vozes provenientes da área externa. Praticamente se atirou em mim e, como eu tinha meio que levado um susto, acabamos caindo para trás no chão frio.
Gargalhamos por muito tempo, até que decidimos colocar o lençol abaixo de nós.
Ela tratou de se deitar no meu peito e entrelaçar as pernas nas minhas.

The Trip  "Danisa"Onde histórias criam vida. Descubra agora