7º Capítulo "Leite condensado"

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"Leite condensado"

  
Não queria perguntar para o Marlos onde podia conseguir leite condensado.
Vergonha era a última coisa que eu tinha, mas não queria expor a Maraisa daquela forma. Fui ao estande e abri a geladeira sem pedir licença, aproveitando que todos estavam ocupados demais desmontando o minibar.
           

Achei um tubo de calda de leite condensado logo na porta. Aquilo havia de servir; apesar de não ser leite condensado propriamente dito, tinha quase o mesmo sabor. Peguei-o rapidamente e segui para dentro da casa.

Ninguém me viu, ainda bem.
Eu devia explicações, mas sei que relacionariam o meu sumiço com o trabalho, cedo ou tarde, o que me fez pensar que Maraisa seria exposta do mesmo modo. Aquilo me irritou, mas pensaria em alguma coisa depois.

Naquele momento não parava de pensar nas possibilidades de uso do leite condensado.

O que Maraisa faria?
Iria derramá-lo em mim?
Será que me chuparia com aquela boca deliciosa?

Nossa... Já estava excitado demais só com a ideia, tinha certeza de que, quando acontecesse, seria difícil controlar o clímax. Eu ia chegar rapidinho e então veria Maraisa tomando meu sabor junto com o do leite. Pela cor, ela mal ia saber qual era qual.
           

Praticamente voei pelas escadas, alcançando o quarto da Maraisa o mais rápido que me foi possível. Pensei em bater na porta, mas desisti; simplesmente a abri e fechei, trancando com a chave.

Assim que me virei, Maraisa estava de pé, olhando-me fixamente. Estava com medo, sem dúvidas. Mas também tinha algo mais estampado nos seus olhos. Sabia bem o que era: desejo.

Ergui o tubo de calda na direção dela.

–Isto serve? – perguntei, entregando-o.

Maraisa olhou o conteúdo rapidamente.

–Serve – murmurou.

–Sou todo seu, senhorita Maraisa – falei, mas minha voz vacilou de novo.

Estava vencido pelo desejo absurdo que sentia por ela. Totalmente entregue. Naquele momento, eu realmente a pertencia.

–Por favor, só Maraisa. A partir de agora, só Maraisa. Ok?

–Como quiser – respondi, ignorando o fato de aquilo ser uma regra previamente combinada.

Bom, e daí?
Fodam-se as malditas regras.
Se ela queria ser chamada apenas de Maraisa, assim eu faria.

Ela olhou para os lados, totalmente desconcertada. Era óbvio que não sabia o que fazer, mas sua inocência não me irritou nem por um segundo; muito pelo contrário, atiçou ainda mais minhas vontades. Pagaria tudo o que tinha para vê-la perdendo a vergonha, aos pouquinhos.

–Tenho uma condição. Uma condição muito séria, Danilo.

–Aceito qualquer condição – apressei-me a responder.

–Só vou fazer qualquer coisa contigo se me garantir que também quer.

“O quê?”, pensei, erguendo uma sobrancelha.

–Você precisa ser sincero consigo mesmo – completou. Parecia muito nervosa. – Assim como eu estou sendo. Unir o sentir e o agir, certo? Foi você quem me ensinou isso. Não vou obrigá-lo a nada. O que tiver de acontecer será porque nós dois queremos de verdade.

Maraisa só podia estar de brincadeira. Meu desejo dali a pouco se materializaria e diria “olá”. Como podia sequer imaginar que eu não queria estar com ela?

The Trip  "Danisa"Onde histórias criam vida. Descubra agora