"Eu estava perdida"
Nem sei dizer como consegui dirigir até o meu apartamento. Meu corpo inteiro tremia de medo, tristeza, angústia e tudo de ruim que você possa imaginar.
Deixar o Danilo foi a coisa mais difícil que já fiz, vencendo de lavada até mesmo da minha fuga à igreja. Realmente, fugir de um casamento foi mais fácil do que fugir do homem que eu amo.
Ver toda dor em seus olhos sem nada poder fazer para consolá-lo foi como uma facada certeira no meu coração.Entrei no meu apartamento chorando como se estivesse em um enterro.
O ambiente estava meio empoeirado, afinal, fazia quase dois meses que eu não marcava presença ali, mas quem ligava?Corri até meu antigo quarto e pulei na cama. Chorei. Chorei de todas as formas até que não consegui mais ficar de olhos abertos. Praticamente desmaiei, e acordei chorando várias vezes durante a madrugada. Tive muitos pesadelos. O pior, o único do qual me lembro bem, mostrava Fernanda e Danilo juntos, em cima de um altar. Ambos diziam sim e sorriam um para o outro, visivelmente felizes.
Era loucura, claro.Minha mente pregava peças, reunia meus medos e os intensificava com pensamentos tolos e ideias impensáveis.
Não me lembro de ter sentido tanto medo como naquela longa noite. Até o ruído da minha respiração ofegante me deixava assustada. As sombras do quarto pareciam monstros, e o frio que fazia jamais pôde ser aplacado.
Senti falta da canção de ninar que Danilo cantava para mim antes de dormir. A da princesinha. Eu também cantava para ele... E não deixei de cantar. Cantei de um modo sussurrante, cortando o silêncio e deixando a solidão escorrer como sangue.
Esperava alguma ligação dele, mas só me restava ouvir o vazio. Meu mundo foi atirado num poço escuro, repleto de incertezas. Só queria ouvir a voz do meu lindo príncipe, em contrapartida sabia que era perigoso demais.
Amanheceu e eu não saí da cama. Bem que tentei, mas meu corpo doía como se eu tivesse levado uma surra. O ferimento no meu braço latejava: desenhos das unhas da ministra estavam visíveis e ainda meio ensanguentados.
Morri de raiva com a ideia de não tê-la feito sangrar também.
Maiara me ligou por volta das dez horas da manhã. Informei que tinha pegado uma gripe forte – não estava a fim de dar satisfações –, e ela acreditou.
Também disse que Danilo tinha ligado procurando por mim, perguntou se estava tudo bem entre nós. Expliquei que havíamos brigado e só. Ela entendeu que eu não queria dar detalhes.Recebi uma ligação anônima no meu celular às onze horas da manhã. Ainda estava chorando na cama, com uma garrafa de café forte e uma caneca grande. Era o que tinha para aquele triste dia.
– Alô? – minha voz rouca era irreconhecível.
–Fez a escolha certa, querida. Parabéns!
Nem me dei o trabalho de perguntar como Fernanda Pires havia descoberto qual era o meu número. Pelo visto ela estava completamente infiltrada na minha vida.
Senti-me exposta, vulnerável.
– Vá pro inferno.
–Vou ao paraíso, Maraisa. Seu ex-namorado é o meu paraíso particular.
Rangi os dentes.
–Ele nunca vai te querer de novo. Aliás, ele nunca te quis.
–Você é tão bobinha! É claro que ele sempre me quis. Como acha que comprou aquela BMW? Foram três anos de encontros semanais, eu sempre paguei bem, querida. Eu o conheço mais do que você.
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The Trip "Danisa"
FanfictionTotalmente fora dos seus planos, Maraisa concorda com uma despedida de solteira...