18º Capítulo "2 meses e 5 dias depois..."

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"2 meses e 5 dias depois..."

Meus pais conheceram os pais da Maraisa. Foi meio engraçado e emocionante ao mesmo tempo. Estive nervoso – não queria que nada desse errado com esse encontro –, mas tudo deu certo. Nós usamos a estratégia de nunca deixá-los sozinhos, pois poderiam percorrer por assuntos não tão agradáveis. Por isso, Maraisa e eu ficamos de mediadores, cuidando para que nada fosse dito fora de hora.  

Mamãe não quis me largar nem por um segundo. Não foi nem um pouco incômodo para mim, a saudade que eu sentia demoraria a passar; prometi que lhe visitaria com frequência, mesmo meu pai não tendo feito uma cara tão boa assim quando sugeri isso. Mais teimoso do que uma mula manca. Bom, pelo menos ele não impediu.

As pessoas começaram a ir embora aos poucos. Esperamos todas elas saírem, o que acabou não demorando tanto assim.
Quando nos despedimos de todos e fechávamos o estúdio – a arrumação teria de ficar para o dia seguinte – meu relógio de pulso marcava quase três horas da manhã. A noite realmente tinha durado mais do que esperava.

E duraria ainda mais.
Não via a hora de estar sozinho com a Maraisa. Os meus planos para a outra metade da madrugada eram quentes. Ela nem imaginava que tantas coisas me passavam pela cabeça, e estava disposto a por em prática cada uma delas.

– Ufa! Deu tudo certo. Amém! – disse assim que chegamos à nossa casa.

Ela colocou sua bolsa dentro de um móvel logo na entrada e se inclinou para tirar as sandálias. 
Não permiti que o fizesse. Puxei-lhe pelos braços e a abracei, permitindo que nossos rostos se encostassem, testa com testa.

– Você me deu a noite mais feliz da minha vida – murmurei. – Aliás, todas as noites contigo são as melhores da minha vida, Maraisa.

– Da minha também, meu lindo – falou baixinho, roubando-me um beijo casto e breve. 

Segurei seu rosto e lhe admirei, compreendendo que estava com meu mundo inteiro nas mãos.
Nunca pensei que pudesse amar tanto alguém. Aquilo só fazia crescer, enraizava-se em mim de um jeito que eu sabia que era irreversível.
Maraisa precisava ser minha para sempre, era obrigatório.
Faria o possível para que acontecesse.

– Sei que está cansada... Também sei que está chateada, mas...

– Deixa isso quieto, príncipe, por favor. 

Soltei um suspiro.
Pretendia deixar aquilo quieto apenas naquela noite. Uma conversa complicada teria de ser abordada.

"Eu tinha um problema".

Maraisa precisava ouvir tudo. Seria melhor para nós dois colocar os pingos nos is.
Deixar espaços para que começasse a imaginar coisas não era uma opção atraente. O diálogo aberto fazia parte da segurança que eu fazia questão de lhe passar. Nosso relacionamento não vai a lugar algum se Maraisa não estiver segura comigo.

– Estou querendo dizer que quero te agradecer por tudo o que fez por mim – concluí, sentindo-me emocionado.

Incrível como a minha sensibilidade havia se aflorado em noventa e nove por cento desde que a conheci. 
Eu não era daquele jeito, estava longe de ser tão romântico.

Em contrapartida, aquele novo homem que nasceu me agradava. Afinal, ele agradava à Maraisa.
Tudo o que a agradava me agradava também.

– Príncipe... Você é a minha recompensa. Seu sorriso é tudo de que preciso. 

Sorri torto automaticamente.
Maraisa me puxou pela nuca e me beijou mais uma vez. Inclinei-me e lhe peguei no colo, levando-a para o banheiro do nosso quarto. Acho que ela pensou que eu a levaria para a cama – claro que o fim seria lá, mas não tinha pressa. Apesar do cansaço e de ter me emocionado de modos distintos naquela noite, jamais me cansava de agradar aquela mulher.

The Trip  "Danisa"Onde histórias criam vida. Descubra agora