Dezesseis

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Bruna Dias

Depois de comer mais dois salgados e tomar a Coca do Kaio, eu pedi um açaí, ele estava muito de boa, chega a ser estranho, mas quem sou eu pra julgar.

- Tu come em dragão. - Ele falou e eu mostrei o dedo do meio. - Porra novinha.

- Se reclamar eu como mais e deixo para você pagar. - Enfiei mais uma colherada de Açaí na boca e fiz cara de sínica pra ele.

- Paga tu, sou teus machos agora? - Ele se levantou e jogou a camisa no ombro.

- Se você não quer ser, tem quem queira. - retruquei e me levantei saindo do restaurante indo pra rua, fui subindo pra ir pra praça e ele veio atrás e passou o braço na minha cintura me abraçando.

- Tu ta louca pra ficar careca né? - Fomos caminhando pra praça e eu devorando meu açaí, quando chegamos eu fui até o campinho, estava rolando uma roda de samba dos meninos do beco de cima.

Fui pra mais perto e comecei a dançar, Kaio encostou na parede me olhando e eu olhei para ele, meu corpo queimava, meu coração acelerava e as borboletas no meu estômago estavam em festa, sempre que ele me olhava daquele jeito.

...

Kaio Gomes

Encostei olhando ela dançar, essa filha da puta ta me deixando maluco, e eu nem to conseguindo controlar isso, sorri pra ela que retribuiu.

Ela ta tão linda e gostosa, como pode alguém pôr a mão numa mulher dessa que não seja pra dar uns tapas enquanto come, mas não, tem desgraçado que perde a mão e faz chorar.

Eu estava viciado nela, queria ela 24 horas por dia, até no meu sonho essa novinha fica me atiçando, nem pra dormir eu to tendo paz. Babilônia encostou do meu lado e ficou olhando pra ela também, ele riu.

- Limpa ai, ta escorrendo. - Mostrei o dedo pra ele. - Ae, consegui o que me pediu.

- Vai falando. - me virei pra ele e fiquei olhando.

- O Manchinha, é ele, na época o cara era um Zé ninguém, tomava conta do morro mas ninguém dava muita ideia. - Olhei pra Bruna que continuava a dançar. - Como te falei, ele é obcecado, ainda fica atrás dela.

- Beleza, tem alguma foto dele ai? - Ele me mostrou e respirei fundo. - Avisa pro Titã que eu vou ajudar, e que eu quero ir junto.

- KG, não é uma boa a gente se meter nesse rolê dos caras. - Eu o interrompi

- Se o Manchinha vai estar lá, eu também vou, vamos eliminar o problema de uma vez.

Ele assentiu e me deu o toque, voltei a encostar na parede e quando ele saiu a Bruna veio na minha direção.

- O que foi? Por que tá sério assim? - Ela pegou na minha mão e eu suavizei minha expressão.

- Bora la pra sua casa, quero trocar uma ideia com você. - Ela concordou e a gente foi andando de mão dada até a casa dela.

Entramos e ela se sentou no sofá e eu fiz o mesmo puxando a perna dela quando se deitou, me inclinei em cima dela e encostei nossos lábios.

- Me conta essa parada ai que tu ja foi mulher de traficante. - Ela me encarou e eu percebi no seu olhar o medo.

- De onde você tirou isso? - Me arrumei no sofá e ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

- Ei novinha. - Segurei a mão dela e puxei ela pro meu colo. - Me conta isso, tu tava com aquele papo todo estranho ontem.

- Eu não quero falar disso Kaio, não é um assunto confortável. - Ela me olhou e eu passei a mão na perna dela tentando confortar.

- Eu preciso saber, não vou deixar nada te acontecer. - Ela engoliu seco e suspirou.

- Se ele souber de você, da gente, ele vai vim atrás de mim. - Ela segurou minha mão fazendo movimentos circulares com o dedo.

- Fica mec Bruna, ninguém vai encostar em você, só quero saber exatamente o que aconteceu. - Ele suspirou e então deixou o peso do corpo sobre o meu e deitei com ela no sofá.

- Eu conheci ele na praia, a gente se envolveu, e como ele tinha problemas com o CV eu sai daqui e fui morar com ele. - Ela ajeitou a cabeça no meu peito e eu fiquei fazendo cafuné nela.

- Depois de alguns meses ele ficou com ciúmes das minha fotos no insta, tentei explicar que era trabalho mas ele não quis saber. - Senti uma lágrima dela no meu peito e ela continuou. - Aquele foi o primeiro tapa, depois disso ele passou a me bater todos os dias, colocava mulheres na minha cama, abusava de mim, me obrigada a ter relações, ameaçava meus pais, a Carlinha.

Ela deu uma pausa no que tava falando e eu abracei ela, puxei seu rosto fazendo ela me olhar e os olhos dela estavam vermelhos e as lágrimas escorrendo, encostei meu lábio no dela e beijei, ela retribuiu e paramos com um selinho.

- Ta tudo bem novinha, não precisa contar mais nada. - Ela sorriu de canto pra mim e voltou a me beijar, ela tem um gosto único dela, um gosto de veneno que vicia, uma verdadeira Afrodite.

Eu sei o seu ponto fraco, sou eu;
Doce veneno, ela é a mistura de tudo isso;
E agora que você se envolveu;
Toma cuidado que isso pode até virar um vício.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora