Quarenta e Sete.

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Bruna Dias

Passamos o resto dos dias indo em lugares diferentes de Nova Iorque, terminei de comprar as coisas da Isa e Kaio aproveitou para poder fazer o que ele não faz no Brasil, sair e curtir um pouco sem correr o risco de ser preso.

Foram dias incríveis, longe de toda a loucura, até hoje, faltando um dia para ir embora, Carla ligou, Babilônia vai ser liberado, não tinham provas suficientes para o acusar, mas o problema nem era esse.

Avisaram sobre ameaças de inovação no morro, o pai do Allison avisou que não vai deixar a morte do filho sem uma vingança, que quer a minha cabeça e a do Kaio, fico apavorada so de saber isso, to todos esses dias falando para ele o medo de voltar e algo nos acontecer.

Mas Kaio não quer ficar, disse que não tem medo e que não vai deitar pra ninguém, mas agora a gente tem uma bebê, uma bebê que jaja nasce e vai precisar de cuidados.

Me sentei na cama enquanto ele falava no telefone, KG estava nervoso, gesticulava muito com as mãos e andando de um lado para o outro, esperei ele terminar e enquanto isso fui arrumando as malas.

- Caralho Chaveirinho, essa porra era pra ter dado certo, vocês não sabem fazer nada? - Ele gritava. - To voltando, a gente vai atrás dessa carga.

Kaio desligou jogando o celular na cama, passou a mão no cabelo e suspirou de nervoso, fiquei em silêncio esperando ele falar o que estava rolando e ele se sentou na cama abaixando a cabeça.

Ficamos um longo tempo em silêncio, até recebermos uma chamada de video, no celular do Kaio, ele atendeu, era um número desconhecido, so consegui ouvir os gritos da Carla, me aproximei dele na cama.

Ela estava amarrada, com uma venda nos olhos e se mexendo muito, até que o pai do Allison aparece na chamada e sorri, aquele sorriso me arrepiou toda, coloquei a mão na barriga por que assim como eu , a Isa se mexeu e começou a ficar inquieta.

- Fala KG, como vai? - Ele sorria e no fundo alguns meninos seguravam a Carlinha. - Lembra do meu filho, vou começar pela sua irmã, depois vai ser esse bebê ai dentro dessa vadia.

- Eu vou pegar você. - Kaio rosnou para ele que ria. - Tu ta mexendo num ninho que tu não conhece Junior.

- Vou esperar você, vamos ver quanto tempo essa aqui aguenta, por que a piranha da Bruna tomava pau todo dia e aguentou.

- Se você por um dedo nela, eu vou fazer você se arrepender. - Kaio se levantou e eu corri pegar meu celular.

Comecei a ligar para os meninos mas nenhuma atendia, meu desespero era enorme, como ele conseguiu pegar ela, Carla estava indobuscar o Babilônia com os outros advogados, será que ela deu esse mole.

Fui nas mensagens com um dos advogados que era amigo meu de escola e liguei, ele demorou para atender mas insisti até que ele atendeu.

- Alô? - Ele falou com calma.

- Pedro, é a Bruna, você viu a Carla hoje? - Perguntei, minha respiração não estava normal e meu coração disparado.

- Oi Bru. - Ele mudou o tom quando percebeu meu nervoso. - Olha a gente combinou de se encontrar ali na Praça das formigas, mas me atrasei e quando cheguei ela já não tava mais.

- Você ja conseguiu ver o Babilônia? - Questionei ele. - Pedro tira ele dai logo e entrega o celular.

- Ele ja ta aqui comigo, so um momento. - Ele falou algo e então.

- Kaio, o Babilônia. - Falei baixo para ele que ja tinha desligado a chamada de video e veio pro meu lado pegando o celular, coloquei no viva voz.

- Fala Bru, é o Babilônia. - Ele falou e então o Kaio respondeu.

- Fala parceiro, é o seguinte. - Kaio fez uma pausa e então volto a falar. - Vai pro morro, junto os crias, pegaram a Carlinha.

- O que? - Ele gritou do outro lado. - Quem fez isso KG, fala porra.

- Juninho, pai do Merda do Allison, junta os criar, vai dando arrumando as coisas, eu to voltando. - Ele deu mais alguns comendos para o Babilônia que estava tão nervoso quantoa gente.

Kaio desligou a chamada e me entregou o celular, ele pegou nossas malas que ja estavam prontas e voltou a fazer ligações.

Eu apenas o seguia, não tinha ideia de onde iríamos e como iríamos embora, por que nosso voo era apenas para o dia seguinte e de manhã, e não tinha como mudar em cima da hora.

Entramos em um taxi e ele passou o endereço que deveria nos levar, ficamos o caminho todo com o Kaio em ligações e nervoso, eu preferi me calar, não quero ficar mais nervosa.

Chegamos em um lugar deserto, descemos do carro e Kaio pegou as nossas malas, era um galpão enorme, entrei atrás do Kaio e alguns homens apareceram o ajudando com as malas e pegando as que eu estava arrastando.

Ele foi falar com alguns homens e depois de alguns minutos voltou para perto de mim, segurou em meu rosto e me deu um selinho, seus olhos estavam distantes e ao mesmo tempo cheios de raiva.

- A gente vai com um amigo meu, chegando lá você não vai poder sair do morro. - Gesticulei com a cabeça. - Vida, me promete que vai fazer o que eu to mandando.

- Eu vou ficar no morro. - Ele foi se afastar de mim e então o puxei. - Me promete que nada vai acontecer com a Carlinha.

- Eu vou tentar. - Ele beijou minha testa e passou a mão na minha barriga.

Kaio foi para o meio dos caras e alguns me levaram para dentro do jatinho, fui com eles e me sentei, depois de alguns minutos Kaio entrou também e se sentou ao meu lado, ele entrelaçou nossos dedos e nos olhamos.

Eu pude ver nos olhos dele o quanto estava apavorado, com medo, mesmo que ele não falasse e não quisesse demonstrar, eu vi, e eu nunca vi isso antes, não nele, não o Kaio.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora