Onze

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•••Esse capítulo contem violência sexual•••


Carla Gomes.

Eu odeio ficar sozinha, pq todas as vezes eu lembro de tudo o que rolou, parece um pesadelo que nunca vai embora, me assombra todas as lembranças e a dor.

A gente cresce aprendendo que o nosso pai é nosso herói, que ele é quem vai nos proteger do mundo, e ele o nosso escudo, mas comigo não foi assim, ou foi até a mamãe morrer.

Hoje Kaio é meu pai, meu amigo, ele cuida de cada detalhe, cada passo meu, ele é meu herói, meu escudo e meu protetor, mas dói saber que eu nunca fui a menininha do meu pai.

...

Flashback

Acabei de tomar banho e fui direito para o meu quarto, ja era mais de 02:40 da manhã, eu estava sozinha como a maioria das noites, meu pai na boca e o Kaio fazendo a contenção do morro com os outros vapores.
Encostei a porta e não ouvi quando meu pai chegou, ele estava chapado, certeza que usou droga.

Eu pedi para ele sair do quarto, mas ele se recusou, ele me chamava pelo nome da minha mãe, e eu comecei a me assustar quando ele foi tirar a roupa, eu implorei para ele parar mas era em vão.

Quando eu percebi eu já estava sem a toalha, jogada na cama de bruços e ele em cima de mim passando aquele negócio na minha bunda, eu gritava e chorava implorando para ele parar, e nada, ele não parava e ainda me batia.

Era um pesadelo, o pior de todos os pesadelos, ele começou a forçar o pau na minha entrada e quando mais eu implorava mais ele forçava, e eu não conseguia nem sair do lugar, até que ele conseguiu e eu gritei, mas a minha voz não saia.

Eu estava em Pânico, com medo, apavorada, meu corpo tremia e ele não parava de estocar dentro de mim, era ruim, tava me machucando e ele gemendo no meu ouvido, me chamava de vagabunda, piranha, falava o quanto eu estava apertada e gostosa, até que ele foi tirado de cima de mim e eu só ouvi o tiro, eu não conseguia ver mais nada, tudo se apagou.

...

Tentei esquecer aquilo, mas já fazia anos e nada, Bruna cuidou de mim e os pais dela, e eu sou grata a eles, serão sempre a minha família de coração.

Me levantei e fui me arrumar para encontrar com a Bruna, ela deve estar me esperando na Dona Ana, e eu espero que o Kaio não apareça pra estragar nossa noite, por que quando aqueles dois se encontram, parece que o mundo entra em colapso.

Peguei meu celular e fui saindo de casa, dei de cara com a Aline passando pelo corredor e descendo as escadas, olhei pra trás e o Kaio estava saindo do quarto, o encarei.

- Para de trazer essas piranhas aqui pra dentro, eu não sou obrigada a aguentar isso.

- Desculpa maninha, achei que você ja tinha saido.

Revirei os olhos e fui andando pra fora de casa e ele me seguiu, passei pelo portão sorrindo para o Babilônia que estava passando por ali com alguns dos vapores e elemaorriu pra mim.

Sei que ele sempre foi afim da Bru, mas eu preciso tentar, ela nunca quis ele e me dá a maior força pra insistir, eu só queria que ele saísse dessa vida.

Voltei a andar descendo o morro e o Kaio me seguindo e falando sem parar, e eu ignorei, não to com saco pra aguentar ele e toda a neura comigo andando por ai sozinha.

- Carla, da para você parar e me ouvir cocuda? - Parei e me virei o olhando. - Qual é daquela tua amiga em? Toda tilt a novinha, me beija e depois finge que eu sou um Zé ninguém.

- Talvez pra ela você seja maninho. - Comecei a rir e voltei a andar, ela ja estava me esperando na pracinha.

Fui até ele que fez cara feia pro Kaio, ele se meteu no nosso meio e passou o braço no pescoço da Bruna, resmunguei com ele que me ignorou, mas nem precisei falar muito, ela mesma tirou ele dali.

- Sai fora, tava agorinha com a Aline dentro de casa e vem por essa mão podre em mim. Se toca Kaio.

Peguei na mão dela e a puxei fazendo ela se afastar dele. Fomo andando até o restaurante da Dona Ana e nos sentamos no lado de fora, estava muito calor.

Pedimos o de sempre, Strogonoff de frango, muita batata palha e coca cola, era nosso prato preferido.

- Serio que ele leva aquela piranha la pra dentro? Tem que ser muito seboso mesmo. - Começamos a rir e continuamos conversando, nossa comida chegou e fomos comendo e rindo até tarde.

Não tinhamos muito, mas tudo o que tinha a Bru era maravilhoso, ela era a melhor amiga desse mundo e sempre cuidou de mim.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora