Alguns meses depois.
Bruna Dias.
Já se passaram meses, Kaio não quer falar sobre o pai, Carlinha se fechou, e eu não sei o que fazer, é como se os dois estivessem num transe, vivem como robôs.
Isa está pra nascer, meu casamento é hoje e está tudo uma loucura, e eu juro, minha maior vontade é desistir, mas eu amo ele, amo nossa vida juntos, mesmo com toda essa loucura.
Eu já tinha feito a maquiagem, e agora estava no cabelo, optamos por fazer algo nosso, então alugamos um sítio bem longe do morro, seria eu, ele e nossa família.
Carlinha, por mais distante que esteja, me ajudou em cada detalhe, roupa, flores, comida, decoração, bolo, e era a única coisa que fazia ela sorrir, e eu só queria poder tirar tudo o que ela estava sentindo.
Eu sei o quanto dói, o quanto é ruim esse sentimento de culpa, de dor, de angústia, o medo, insegurança de quem somos, a raiva, nojo e ansia de se olhar no espelho e lembrar cada toque.
Mas a gente aprende a lidar com isso, aprende a aguentar, a sufocar tudo isso no nosso peito e fingir que o amanhã vai ser melhor que ontem, e eu sei que uma hora ela vai conseguir.
As coisas entre ela e o Babilônia não estão do mesmo jeito, ela o afastou, e ele tadinho insiste, está lá com ela todos os dias.
Kaio, ainda está melhor que ela, como sempre veste a fantasia de homem durão e desconta suas frustrações nas torturas e drogas, e eu só queria que ele conseguisse se controlar.
Eu juro que estou tentando fazer o meu melhor, sendo forte, mesmo que por dentro eu esteja destruído em ver eles assim, mas eles precisam de mim, assim como precisei deles quando o meu mundo todo estava desabando.
A moça terminou meu cabelo e me ajudou com o vestido, assim que terminei ouvi barulho na porta e pedi para entrarem, meus pais passaram me olhando e estavam chorando.
- Você está tão linda. - Mamãe falou e me abraçou.
- Não me faz chorar. - Abracei eles e olhei para meu pai que sorriu. - Eu te amo Papai, obrigada por tudo.
- Se quiser desistir ainda da tempo, eu te tiro daqui e te levo pra outro Estado. - Começamos a rir juntos e beijei o rosto dele.
- Eu quero me casar, eu amo ele. - Meus pais tratam o Kaio como um filho, mas não concordam com a vida que ele leva. - Prometo que dessa vez vai ser diferente, não vou fazer vocês sofrerem.
Minha mãe caiu em lágrimas e meu pai abraçou ela, ficamos alguns segundos abraçados enquanto chorava e ouvi alguém entrando, Carlinha nos olhou.
- Vamos, o Kaio pediu para entrar com a Senhora. - Minha mãe me olhou e limpou o rosto tentando não borrar a maquiagem.
Ela saiu com a Carlinha e então ficamos eu e meu pai, ele segurou na minha mão. Meus pais são muito religiosos, e mesmo contra tudo o que eu faço, eles confiam que Deus pode mudar tudo.
Ele começou a orar e eu orei com ele, ficamos alguns minutos ali falando com Deus, meu pai pedindo toda a proteção e que Deus pudesse mudar nossas vidas e nos mostrar caminhos melhores, terminamos e beijei o rosto dele, até que vieram nos chamar.
Sai com ele para o lado de fora, estava tudo lindo, do jeito que eu sonhei, minha música tocando enquanto eu caminhava em direção ao homem da minha vida.
Nos olhamos, os olhos dele estavam brilhando e se eu não conhecesse o Kaio, diria que ele está quase chorando, meu pai apertou minha mão cada vez que chegamos mais perto.
Kaio parou na nossa frente, meu pai me olhou e me deu um beijo no rosto e foi até o Kaio o cumprimentar e falou algo que eu quase não consegui ouvir, olhei para meu futuro marido que me deu um beijo na testa e segurou minha mão.
Fomos até o pequeno altar e a juíza de paz estava nos aguardando, ela começou a falar algumas coisas e então nos deu a palavra para fazermos nossos discursos, Kaio começou.
- Bruna, tu sabe que eu sou péssimo com as palavras, então vou ser breve. - Sorri e ele pegou na minha mão. - Eu sou todo errado, mas com você eu sei que posso acertar, você me transforma, me mostra um mundo que eu nunca vi, você é uma mulher foda, e me aceita todos os dias, mesmo conhecendo o meu pior lado, obrigada por ficar, e me mostrar que mesmo eu todo vagabundo, posso ter uma família e amor de verdade.
Meus olhos já estavam pesados e cheios de lágrimas, respirei fundo para tentar falar e apertei a mão dele.
- Kaio, por um momento eu odeio você, te odiei por inteiro, e eu odiei mais ainda por amar tanto você. - Engoli em seco tentando me controlar. - Você me mostrou a vida, me ensinou coisas, e por um instante eu pensei que longe era melhor, por que você é minha ruina, e eu sou a sua, e a gente se destrói na mesma proporção que nos reconstruímos de novo, e eu prefiro me desmontar e me montar quantas vezes forem preciso a ficar longe de você. Eu te amo, e você me deu o maior de todos os meus presentes.
Terminei de falar sem aguentar segurar as lágrimas e as deixei rolar, nos abraçamos e a Juíza deu continuidade, ela nos entregou as alianças e colocamos e falamos o mais esperado Sim.
E a melhor parte chegou, Kaio não esperou nem ela falar, me agarrou e me deu um beijo com tanto desejo, nossas línguas brigavam e nossos lábios estavam dando choque, até que eu senti algo molhado entre minhas pernas.
Me afastei do Kaio e olhei para a barra do meu vestido que estava toda molhada e encarei o Kaio, as pontadas na barriga começaram e eu entrei em desespero.
- Kaio. - Ele ficou desesperado e em choque me olhando, não me mexia e nem falava nada. - Pelo amor de Deus Kaio, faz alguma coisa.
...
É isso meus amores, amanhã tem mais, enfim casados e a lua de mel foi adiada, motivo? Isa resolveu chegar, por que assim como a mamãe, ela faz o que bem quer...
Lembrando que sugestões e comentários são bem vindos.
Amo vcs. ❤️
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Dama da Maré (Morro)
General FictionEle é tudo aquilo que ela odeia, e ela tudo aquilo que ele mais precisa... Essa história contem violência verbal e física, abuso sexual e sexo explícito. Plágio é crime.