Trinta

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Bruna Dias

Os dias se arrastaram, de dia meus pais se revezavam para estar aqui com a Carlinha e de noite o Kaio, e assumo que é difícil resistir a ele, mas e o medo de ser pega.

Já é sexta-feira e os médicos disseram que posso ter alta hoje, então logo cedo tomei um banho com ajuda do Kaio e me arrumei esperando para ir embora logo.

- Quero minha caminha. - Falei resmungando enquanto Kaio penteia meu cabelo, espero que em casa ele seja o mesmo.

- Quero você nela também. - Ele falou e eu ri dando uma cotovelada nele. - Qual foi novinha.

- Vou chegar naquele morro colocando as piranhas no lugar delas. - Ele terminou e puxou meu rosto. - Ta ouvindo desgraçado, vou por barraco a baixo se eu ver vagabunda de graça.

- Tu é surtada mulher. - Sorrimos e nos beijamos. - Amo seu jeito surtada.

- Tem que amar mesmo, jaja to virando a mais perigosa da Maré. - Fiz cara de deboche e ele pegou no meu pescoço e me olhou com aquele mesmo olhar dos primeiros dias, olhar de um animal querendo devorar sua presa.

- Só não é mais que eu. - Ele sussurrou com nossos lábios colados até que alguém bate na porta e ele me solta.

- Bom dia. - O médico passou pela porta entrando. - Precisamos que assine os papéis de alta. - Ele falou para o Kaio que saiu da sala com ele e eu já fui pegando minhas coisas.

Enquanto eu arrumava vi o celular do Kaio na mesa e peguei, estava cheio de notificações e destravei olhando, tinham varias mensagens de mulheres e uma em específico era da Aline.

Deve ser alguma brincadeira idiota, não é possível, coloquei o celular dele de volta no lugar e terminei de arrumar tudo

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Deve ser alguma brincadeira idiota, não é possível, coloquei o celular dele de volta no lugar e terminei de arrumar tudo. Kaio voltou para o quarto e nos olhamos.

- Bora novinha. - Ele goi pegando minhas coisas e o celular dele e colocou no bolso, saimos dali andando até o carro e permaneci em silêncio até chegar no morro.

- Me deixa na minha cama por favor. - Ele me encarou.

- Mas a gente não tinha conversado, você não pode ficar sozinha. - Ficamos nos encarando. - Você vai pra minha casa e não tem conversa.

Respirei fundo e me encostei no banco olhando para frente, cruzei os braços, e assim que ele passou pela barricada a piranha estava lá, ela me olhou e nos encaramos.

Antes de resolver com ela, vai ser com ele, por que se essa vaca tiver aprontando alguma eu vou quebrar ela toda e por pra fora dessa favela no soco.

Chegamos em casa e sai do carro indo direito para dentro, não esperei ele e nem as minha s coisas, Kaio veio atrás de mim e levou as coisas para o quarto, me enfiei no quarto da Carlinha com ela.

- Preciso te contar uma coisa. - Falei sentando na cama e ela se levantou rápido, pensa em uma pessoa fofoqueira, é a Carla.

- O que? - Ela perguntou. - Não é possível que você saiba algo que eu não sei Bruna, você acabou de chegar.

- To indo pra boca, daqui a pouco eu volto. - Ele falou abrindo a porta e nos olhando, virei a cara para ele e o ignorei.

Faz qualquer coisa, mas não me esconda algo, eu odeio, e essa situação nem é a mais difícil de se resolver, por que eu jamais terminaria por esse motivo, por que filho não segura ninguém, mas ele deveria ter me contado ja quando ela falou.

- Vai me fala. - Carla disse assim que ele saiu e esperei até ouvir a porta la de baixo se fechar, olhei pela janela e o vi na rua.

- Aline mandou mensagem para o seu irmão, falando que tá grávida, até teste de gravidez mandou. - Ela ficou surpresa. - Mas ele não me contou nada, eu quem vi.

- Filha da puta, mania dessas marmitinha de bandido achar que filho vai segurar eles. - Ela disse irritada.

- O problema é, será que vai segurar? E se ele quiser ficar com ela por causa do filho? - Nesse momento varias inseguranças passaram pela minha cabeça.

Carla tentou me animar e me acalmar em relação a isso, mas sei la, o fato dele não ter contado e agie como se estivesse tudo bem.

- Eu to morrendo de vontade de tomar um açaí. - Falei e ela se levantou. - Bora?

- Agora. - Ja se passava do meio dia e eu precisava andar um pouco e tomar sol, muitos dias trancada em hospital e minha maqrquija ja nem existia mais.

Nos arrumamos e fomos pra rua, descemos o morro devagar, eu ainda não estava cem por cento, paramos na Dona Ana e pedimos dois açaís, e fomos para a praça comer, me sentei em um dos bancos e fiquei vendo as crianças jogando bola.

- Sabe como está o Chaveirinho amiga? - Perguntei para ela. - Ele e a Arlequina estavam se envolvendo.

- Ele ta viajando, Kaio pediu pra ele se afastar um pouco, mas é por que ele estava surtando na contenção. - Ela disse e eu comi um pouco. - Mas dizem que ele está melhor, deve voltar na próxima semana.

- Eu só queria poder voltar sabe, salvar ela, era para ter sido eu ali. - Carla pegou na minha mão.

- A culpa não é sua Bru, todos ali estavam querendo ajudar e sabemos que quem entra nessa vida, o final é sempre assim.

Concordei com ela e fiquei pensando, por que mesmo eu tentando evitar o medo bate, medo de perder as pessoas que eu amo, o Kaio, Babilônia, por que a Mi eu ja perdi.

Terminamos de tomar o açaí e ficamos sentadas conversando até o sol se por, antes de voltar para casa passamos na casa dos meus pais e jantamos com eles, ainda mandaram uma quentinha para o Kaio, meus pais gostam dele, mesmo não aceitando a vida que ele leva.

...

E ae meus amores, achavam que ia acabar assim sem nem uma tretinha da nossa Bru?

Qual a aposta de vocês? Quem é o pai do bebê da Aline? So para avisar, a piranha se envolve com homem até fora do morro.

Mandem suas apostas. Kkkkkkk

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora