Vinte e Sete

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Bruna Dias

Arlequina ligou para o Kaio e fomos para o quarto, Allison estava se levantando e com a mão na faca, ele me olhou na porta e olhou para a Arlequina que apontou a arma para ele.

= Pro chão, e fica calado. - Ela falou e chegou perto dele que se abaixou gemendo.

Assim que ele se abaixou totalmente e eu me encostei na parede os tirou começaram lá fora, me abaixei e Allison se levantou correndo para fora do quarto.

Arlequina ficou ali me protegendo e me levou para um canto me escondendo, ela me falou para fazer silêncio e saiu, vi quando ela passou pela porta com a arma apontada para frente e sumiu.

Comecei a orar, nunca fui religiosa a esse ponto, mas eu só queria sair dali e ter minha vida de voltar, o dia pareceu uma vida e se eu tava no inferno, então era dele que eu queria sair.

Não demorou muito e eu ouvi passos voltando para o quarto e quando eu vi era Allison já estava sem a faca e com um lençol na cintura estancando o sangue.

Tentei me levantar para correr mas ele foi rápido e me puxou fazendo eu ser arrastada pelo chão. Ele me tirou dali e me levou para a porta de trás da casa e quando vi Arlequina estava amarrada e com armas apontadas na dua cabeça.

- Vou começar por essa aqui meu amor, e quando pegarem o KG, ele será o próximo. - Olhei para o meio do mato, percebi ele mexer e uma mão me mandando abaixar.

Allison foi até a Arlequina e deu dois murros nela fazendo ela cair e eu virei o rosto para não ver, tentei segurar o choro e me abaixei devagar.

- Você entra no meu morro, na minha casa, na minha família, eu te recebo de braços abertos, pra que? - Ele gritava com ela. - Sabe o que eu vou fazer? Vou ter o prazer de tirar cada pedacinho seu e mandar para o seu chefe. - Ele falava e batia nela.

- Não foda Manchinha, a gente entra no crime sabendo as consequências, e eu não tenho medo de morrer.

Os tiros do outro lado pararam, e foi tudo uma questão de segundo, ouvi um rádio apitar no meio do mato e todos se viraram para lá, me deitei e só tive tempo de tampar o ouvido.

O barulho de tiro ecoou por todo o lugar, o que me deixou surda no momento, minha cabeça girava, vi Allison tentar chegar perto de mim para me pegar mas uma mão foi mais rápido e me puxou.

Eu tentei correr mas meu corpo não respondia, eu estava em choque, desesperada, a Arlequina estava lá, eu preciso tirar ela dali. Tentei me soltar e correr de volta, mas os braços em volta do meu corpo eram mais fortes.

- Não, me solta. - Eu gritei e esperneei. - Ela vai morrer, me deixa pegar ela.

Até que eu senti arder, olhei para baixo, e o sangue escorria pela minha barriga, coloquei a mão e olhei para quem me segurava.

- Você veio. - Sorri para ele e senti meu corpo ficar mole, minha consciência se esvaindo e tudo ficando embaçado. - Você me ama mesmo.

Kaio colocou a mão onde o tiro pegou e ficou tentando estancar o sangue, ouvi gritos ao nosso redor e os tiros pararam, estava tudo escuro, e eu só conseguia ouvir ele me chamar.

...

Kaio Gomes

Olhei para a direção de onde veio o tiro e em segundo Babilônia segurou ele pelo pescoço e o desarmou, olhei para a Bruna que estava falando comigo, mas eu não conseguia ouvir direito, coloquei a mão sobre a barriga dela e segurei.

- Ei não dorme, fica comigo. - Tentei acordar ela que apagou no meu colo, tirei a camisa rasgando e passei sobre o corpo dela tentando estancar o sangramento e peguei ela no colo. - Manda todo mundo voltar Babilônia, pega quem se machucou.

Sai de dentro da casa e corri com ela no meu colo para o carro, coloquei ela no banco da frente do lado do passageiro e corri pro banco do motorista, liguei o carro e acelerei de volta para o morro.

Fiquei o caminho todo chamando ela que não me respondia e nem dava sinais, parei na frente do postinho da comunidade e tirei ela do carro, fui batendo nas portas e gritando para atenderem.

Uma moça saiu me olhando, eles estavam abrindo ainda e haviam poucos funcionários, entrei com a Bruna e coloquei ela sobre uma maca que a moça me mostrou.

- Vai, chama alguém caralho, essa porra aqui só ta de pé por causa de mim. - Eu gritei e chutei as coisas ali, a enfermeira entrou na sala me olhando e se assustou, encostei na Bruna e segurei o rosto dela. - Vc vai voltar pra mim.

Tirei a .50 da cintura e Comecei a aprontar para todos ali, eles estavam assustados e eu só querendo que salvem a vida dela.

- Kaio, para. - Ouvi a voz da minha irmã que correu segurando minha mão, ela me abraçou e eu não aguentei, meus olhos estavam marejados, meu corpo se esforçando para ficar em pé.

Comecei a chorar no ombro da Carlinha que me abraçou mais forte e tirou a arma da minha mão, ouvi quando levaram a maca com a Bruna nele e tentei ir atrás mas ela me impediu.

- Eu vou perder ela Carla, eu devia ter chego antes. - Eu falei e ela secou minhas lágrimas.

- Se acalma, ela vai ficar bem.

Me sentei no banco com a Carla e ficamos ali, se passaram segundos, minutos e horas e nenhuma notícia, ninguém nos falava nada, e meu coração cada vez mais apertado e aflito.

Deixa eu mudar essa nossa história hoje;
Vamos ser mais que amor de fim de noite;
Eu posso fazer tudo, ser melhor do que da última vez;
E fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez;
Basta você dormir comigo hoje;
Me dá sua mão e me beija essa noite;
Eu posso fazer tudo, ser melhor do que da última vez;
E fazer bem melhor do que seu ex um dia te fez...

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora