Quarenta e Nove

6K 336 19
                                    

Kaio Gomes

Chegamos próximo ao galpão de encontro, já tinha passado das oito da noite, estava tudo escuro e paramos um pouco mais distante para não chamar atenção, Chaveirinho e Babilônia se encontraram lá dentro e eu podia ouvir tudo.

Os dois começaram a conversar e ele passou a questionar ao Babilônia aonde estávamos e cadê a Bruna, por que estávamos demorando, Paulista me olhando achando aquilo estranho e então vimos alguns carros se aproximando, nos abaixamos e na porta do galpão começaram a aparecer alguns homens, nenhum dos nossos.

Pedi para o Paulista ficar em silencio, a loira do meu lado ainda estava com um capuz na cabeça e não abria a boca para nada, ficamos observando até que passei um radio para o Babilônia.

- Chegaram, pode dar um fim nesse verme. - Falei e voltei a olhar para a entrada até que tive uma resposta.

- Na hora chefe. - E de fundo os resmungos do Chaveirinho.

...

Horas depois

Bruna Dias

Acordei ouvindo meu telefone tocar, olhei na tele, um numero desconhecido, então recusei, já está de noite, passei a mão do lado na cama e esta vazia, levantei devagar, passei a mão na barriga e fui ao banheiro, fiz minhas necessidades e então desci, olhei novamente o celular e tentei ligar para o Kaio, mas só chamava.

Aonde será que ele se meteu, tinha me prometido que assim que eu acordasse ele estaria aqui comigo, ai Kaio, mais uma vez e nada muda, era bom de mais para ser verdade na viagem, vamos voltar para todo o caos.

Preparei algo para comer, estava com tanta fome, me sentei no sofá e logo ouvi alguém batendo na porta, me levantei indo até ela e a abri, um dos meninos me olhando com cara de assustado, puxei ele para dentro, suas roupas estavam cheias de sangue, ele deve ter uns quinze anos no máximo.

- O que aconteceu BL? - Ele tentou se acalmar e então me mostrou a arma, peguei da mão dele e tranquei a porta. - Se acalma, me fala o que aconteceu?

- Meu pai. - Ele parou de falar e começou a chorar. - Minha mãe. - Peguei um copo de água e entreguei, como ele passou pelos meninos na contenção sem ser visto? - Matei ele.

- O que tem seus pais, e quem você matou? - Ele tomou a água e então me respondeu.

- Meu pai. - Abri a porta e chamei um dos meninos que estava do outro lado da rua, ele veio correndo e entrou.

- Ninho, vai até a casa do BL. - Ele foi sem nem me responder e alguns outros meninos entraram para tentar conversar com ele, fiquei tentando ligar para o Kaio que não atendia e nem respondia minhas mensagens.

Respirei fundo tentando me acalmar, pedi para limparem o BL e acalmar ele, daquele jeito nunca vamos conseguir resolver o que aconteceu, não demorou muito e meu telefone voltou a tocar, o mesmo desconhecido na tela, então resolvi atender.

- Alô. - Falei e ouvi do outro lado os barulhos de tiro.

- Amiga, foge do morro, foi tudo uma armação.

...

Horas antes.

Kaio Gomes

Assim que todos entraram dei um toque para que todos que estavam por ali entrassem junto, ficamos em silencio e com todo o galpão cercado, assim que passei pela porta com a loira do meu lado e o Paulista do outro Juninho se virou, Carlinha estava ao lado dele, toda machucada e com sangue na roupa.

Olhei para ela e tentei me acalmar, Babilônia estava do lado oposto do meu e Chaveirinho ajoelhado com uma arma apontada na cabeça, ele me olhou e eu estava com tanto ódio, raiva e nojo dele, eu praticamente criei ele, pra esse verme fazer isso comigo.

- Como eu não pensei nisso. - O silencio foi quebrado pelo Juninho assim que ele olhou em volta, tínhamos o dobro de homens a nossa volta. - KG não é tão burro quanto imaginávamos, vejo que trouxe a piranha da Bruna.

- Você queria uma troca, não vou deixar meu sangue por uma qualquer. - Falei da boca para fora e então ele sorriu.

- Muito inteligente, vai me passa a putinha e eu te devolvo essa aqui, que alias é bem sem graça. - Olhei para Babilônia que mordia os dentes com raiva e então apertou a arma com força.

- Claro, mas antes me tira uma duvida, quer seu informante morto ou vivo? - Ele olhou para o Chaveirinho no chão e começou a rir.

- Não quero na verdade, foi só uma peça usada. - Chaveirinho olhou para ele.

- Você me prometeu Juninho, disse que eu ia poder ficar com ela. - Ele gritou e se levantou, Babilônia o segurou. - A Bruna é minha, você disse que se eu te ajudasse, ela seria só minha.

- E você acreditou? - Ele balançou a cabeça em negação rindo. - KG não esta educando seus crias direito, ainda acreditam na palavra de bandido.

- Não tenho que educar ninguém, agora vamos fazer essa troca logo. - Tentei acelerar as coisas e empurrei a loira para ele e peguei a Carla quando ela correu pra mim. - Vai com o Paulista.

Ela assentiu e então caminhou com ele até que Juninho puxa o capuz da menina e percebe que não é a Bruna e sim uma outra mulher que no mesmo instante ja saca a arma e aponta na cara dele.

- Achou mesmo que eu ia te entregar minha mulher? - Ri com todos os outros a nossa volta e então me aproximei dele. - Deixa eu te lembrar uma coisa Juninho, aqui é CV, eu não deito pra ninguém.

- Espero que ela esteja bem protegida. - Ele falou e olhei bem nos olhos dele que estava se divertindo com a minha mudança de humor. - Bum.

Ele falou e em segundos um barulho de estouro surgiu e todo o galpão começou a pegar fogo em volta da gente, olhei para o Babilônia que não demorou muito correu com o Chaveirinho e eu segui o Junho com os olhos, ele correu para o lado contrario e fui atrás dele.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora