Kaio Gomes
Sete anos nesse inferno, sei que ainda tenho todo o comando do meu morro e minha irmã está segura, mas precisei tomar muitas decisões aqui dentro, decisões que transformaram quem eu era.
A imagem do meu pai em cima da minha irmã não sai da minha cabeça, e eu não me arrependo de nada do que fiz, acabar com a vida dele ainda foi pouco, eu queria ter feito mais, eu devia ter feito mais.
O velho tava de k.o com a minha cara, achou que eu tava de brincadeira quando falei que ia vingar ela, não é porque é meu pai que vai passar batido, o crime é isso, ou você segue a regra, ou você morre.
Ele era dono do Complexo da Maré, matei ele e tomei o morro pra mim, seria meu de qualquer jeito, é meu destino aquilo ali, eu só adiantei meu lado.
Agora voltar pra minha casa, meu morro, meu mundo, eu não vejo a hora de chegar, tô morrendo de saudades da Carla, e meu sonho é que ela siga outro caminho, não precisa fazer o mesmo que eu, por isso pago a faculdade dela.
Claro, também vou usar ela como minha advogada futuramente, se meus vapores caírem, tenho ela pra colar com a gente, mas isso é lá pra frente, num futuro próximo.
Meu advogado me deu o papo que hoje vou sair desse inferno, to cansadão dessa porra, isso aqui não é vida nem pro meu pior inimigo, tem que dormir de olho aberto, ninguém é de confiança, os caras da CV não me deixaram em nenhum momento.
- Kaio Gomes. - Um dos guardas parou na frente da cela e me chamou, olhei pra ele.
- Qual foi João. - Levantei indo até ele e dei o toque com o mesmo.
- Chegou seu dia parceiro, Lili cantou. - Ele abriu a Cela sorrindo pra mim, o cara era parceiro de mais, me dava vários toques sobre os bagulhos que estavam rolando lá fora.
- Papo reto? - Comecei a rir e peguei algumas fotos e cartas que eu tinha guardado.
Sai da Cela seguindo ele e dando toque com os parceiros que estavam por ali, os caras eram foda pra caralho, alguns eu falei que poderiam me procurar, o papo é um só e eu não do volta no que falo.
Fui saindo dali e quando coloquei os pés pra fora daquela porra eu dei um grito do caralho, favela venceu porra, aqui é o crime até a morte.
Um dos meus vapores estava lá me esperando, deveria ser umas 11:00 da manhã, e eu só queria chegar em casa, fui até o carro e Babilônia estava lá, deixei ele no meu lugar cuidando de tudo.
Muito tempo longe, as coisas estavam bem diferentes do que eu deixei, mas eu vou fazer voltar a ser como eu quero, muita gente ali vai cair, pq tô ligado que tem X9 no bagulho querendo derrubar a gente.
Dei o toque com o Babilônia, o cara tava fortão pra caralho, nem parece o mesmo ratinho de antes.
- Fala minha puta. - sentei no banco ao lado dele.
- Caralho Kg não sou o único que meteu o maromba. - Ri com o nariz e mandei ele seguir logo com o carro e parar de papo torto.
Não demorou muito a gente já tava como, bolando um pra puxar com os mlk, me sentei em frente a minha mesa, fazia anos que eu não sabia o que era isso, puxei um e senti a marola.
Hoje mandei os mlks organizarem o Baile de comemoração da minha volta, ninguém derruga o VG, aqui é o crime, e aquele verme maldito que está morto so me fortaleceu me fazendo entrar nas jaulas, a cadeia é faculdade pra marginal.
Fiquei lá o dia todo colocando as coisas em ordem, e pegando a visão de tudo o que aconteceu enquanto eu estava fora, a Carla eu ia ver depois, sei que ela estava bem.
...
Já eram 21:00 da noite e eu precisava me arrumar pra brotar lá no Baile, os chefes dos morros do Complexo da Maré vão colar aqui, mó cota que não trombo os caras.
Cheguei em casa e fui direto pro quarto, percebi que a Carla estava com as amigas e tentei não atrapalhar, as novinhas tudo se arrumando pro baile, se eu entro ali ela me mata sem dó.
Tomei aquele banho gelado, Rio de Janeiro que mais quente que o inferno, só aquela água geladinha pra refrescar, coloquei uma bermuda Jeans e uma camisa da Lacoste regata, lancei o meu cordão de sempre no pescoço e ajeitei o cabelo e me perfumei, sai dali indo direto pro Baile.
Cheguei na quadra e já estava lotada, fui passando pelas pessoas e eles me dando espaço, todo mundo comemorando a minha volta, subi pro camarote dando o toque com os caras, Babilônia veio a meu encontro e me entregou minha .50 que estava com ele, coloquei no cós da bermuda e o radinho prendi no suporte.
Assim que me sentei algumas piranhas já vieram pro meu lado, sentando cada uma de um lado, sorri para elas e alisei suas pernas, eu vou é fazer o que não faço a muito tempo, essas vadias gostam de bandido pra dar a boceta mesma.
Hoje é dia de comemorar, não quero saber de mais nada, só de mulher, droga e bebida.
Oi amores, mais um capitulo para vcs, espero que estejam gostando, deixem um voto e comentem...
No desenrolar da história vocês vão entender muitas coisas que estão sendo ditas pela metade agora no início...
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Dama da Maré (Morro)
General FictionEle é tudo aquilo que ela odeia, e ela tudo aquilo que ele mais precisa... Essa história contem violência verbal e física, abuso sexual e sexo explícito. Plágio é crime.