Vinte e Um

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••• Esse Capítulo contem violência física •••

Bruna Dias

Depois do jantar a gente ficou assistindo filme, Kaio dormiu no meio meu e da Carla, e quando já era meia noite eu chamei ele para a cama, Carlinha foi dormir e eu fui com ele pro quarto. Tomamos um banho e nos deitamos.

Kaio me contou o que fez durante o dia, sobre a Aline, sobre o carro novo, e poder ouvir algo que não seja o Allison é tão reconfortante. Ele ficou fazendo piada de tudo, tirando várias risadas de mim.

Era esse Kaio que se escondia, esse que me faz rir, que me protege, que faz eu me sentir mulher, gostosa, forte e no fundo, bem la no fundo, amada, mesmo que a gente só esteja juntos a dois dias, ele faz eu sentir tudo o que eu nunca senti.

No fundo é um pouco estranho todos os sentimentos, aprender a administrar, a entender, a não ter medo deles, porque, por mais que eu acredite, o meu subconsciente grita que tudo isso é uma armadilha, que o final vai ser o mesmo, mas eu quero tentar.

Ficamos abraçados no escuro, estava tudo em silêncio, menos meu coração, por que ele palpitava como se eu fosse ter um ataque cardíaco só por estar tão perto dele. A paz estava tão boa que eu acabei dormindo, meu corpo e minha mente se acalmaram e eu relaxei deixando o sono invadir.

...

Acordei com o Kaio se levantando e os barulhos de fogos lá fora eram estrondosos, ele me olhou e eu sentei na cama, ele pegou a sua arma na cômoda e fez sinal de silêncio para mim.

- Vem, vamos pegar a Carla. - Segurei na mão dele e sai da cama o seguindo, fomos abaixados até o quarto da Carla e abrimos a porta, ela estava deitada na cama ainda dormindo.

- Carlinha, acorda. - Balancei ela falando baixo enquanto o Kaio olhava pela janela, ela acordou e nos olhou assustada. - Ta tendo invasão.

Ela se levantou enquanto o Kaio fechava a janela de novo, ele nos guiou até a escada e fomos descendo ela devagar, mas assim que pisei no último degrau a porta se abriu com força.

Kaio em um movimento rápido nos jogou atrás do sofá nos escondendo e apontou a arma para a porta, ouvi passos passando ali e Kaio se afastando.

- E ai meno, não vai achar nada. - Ele disse e deu dois tiros e alguém caiu. Tentei olhar mas a Carla me puxou. - Quem ta na voz. - Ele ligou o rádio. - Ai, avisa pro teu chefe que eu vou caçar ele até a morte, fala que o KG da Maré não vai abrir as pernas.

Em seguida ouvimos mais tiros e tapamos os ouvidos, em segundos várias vozes entraram em casa e Kaio veio até o sofá nos chamando.

- Escuta, vocês duas não podem sair do morro entenderam? - Assentimos. - Sobe, fiquem la em cima, vou descer por que estavam invadindo residência de morador.

- Toma cuidado, e volta logo. - Ele me deu um selinho e se afastou.

- Eu sempre volto. - Ele saiu pela porta com os meninos arrastando o corpo do outro rapaz e nós duas subimos nos trancando no quarto da Carlinha.

...

Kaio Gomes

Subi na moto e mandei os meno ficarem de contenção na casa, desci o morro e parei na frente da casa da Novinha, tava cheio de morado em volta, desci da moto e mandei todo mundo meter o pé.

Fui entrar e senti uma mão me tocar, me virei e a Dona Maria estava la, olhei para ela sem entender e ela me soltou, seu olhar estava vermelho de quem estava chorando.

- KG, eu sou a mãe da Bruna, ela não está em casa, por favor trás minha filha de volta. - Ela pediu e eu olhei pros menor em volta.

- A Bruna ta bem, ela ta na minha casa. - Chavei o Chaveirinho. - Leva ela la em casa pra ver a Bruna, mas não deixa mais ninguém entrar.

Ele assentiu e ela foi com ele, voltei minha atenção para a casa que estava toda cheia de furo de bala, a porta arrebentada e dois caras caídos no chão. Me abaixei perto deles e um estava desacordado, o outro me olhou.

- Manchinha ta todo se doendo, ai menor, esse aqui você leva la pra cima. Esse outro a gente vai mandar de volta pro chefe dele com um recado.

Os meninos puxaram o que estava desacordado e subiram com ele morro a cima, o outro ficou ali comigo e eu me sentei no sofá, com a .50 na mão que tem meu vulgo gravado.

- Conta pra mim, vieram aqui buscar quem? - falei tentando ser legal, não queria usar a violência, não agora. - Quem sabe se você abrir a boca, eu te deixe voltar vivo.

- Eu so sigo ordens chefia. - Ele respondeu, o sangue no canto da sua boca não parava de escorrer. - A gente só quer a mulher do chefe.

- Mulher do chefe? - Me aproximei dele rindo, encostei meu rosto com o dele o encarando. - Então a gente vai avisar pro seu chefe que a mulher dele agora é minha.

Levantei e fui até a cozinha, peguei uma faca e voltei para perto dele, o cara estava todo amarrado, então comecei pelas orelhas, tirei uma de cada vez e o muleque gritava.

- Deixa eu pensar, que parte mais a gente vai mandar? - Olhei para os dedos e tirei um de cada vez, o menor já não aguentava mais, tinha sangue pra todo lado e o corpo dele tombava. - Que isso meu guerreiro, entrou pro crime e não aguenta?

Comecei a rir e tirei os olhos dele, peguei todas as partes e coloquei dentro de uma caixa de sapato da Bruna, peguei uma calcinha dela.

- Quero que entreguem pra aquele filho da puta, ela ja sabe que o recado é meu. - Entreguei a caixa e sai da casa. - Limpa tudo aí, e some com o resto desse lixo.

Subi na moto e desci pra boca, entrei na minha sala e tirei a camisa toda suja de sangue e joguei ela no lixo, abri a gaveta pegando um baseado, e acendi me sentando no sofá.

Essa porra vai virar uma guerra, e uma guerra por uma coisa que eu abomino, por mulher. Que porra eu tenho na minha cabeça, nunca fui assim, nem quando er amente fraca, essa menina ta mexendo com a minha mente.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora