Bruna Dias
Tinha tudo para ser um dia maravilhoso, acordei ao lado do homem que eu amo, transamos até não aguentar mais e ia sair um pouco para distrair, e estava perfeito demais.
Minha cabeça latejava, meu corpo todo doendo, eu não estava conseguindo sentir meus pé, tudo escuro, e as lágrimas não param de escorrer pelos meus olhos.
Eu só queria a sensação de estar com ele de novo, sentir o cheiro dele, o beijo, o toque, ouvir ele sussurrar no meu ouvido, saber que eu estava protegida de novo, me sentir amada e cuidada.
Ouvi barulho de porta se abrindo e quando tentei olhar a luz bateu nos meus olhos o que fez eles ardem, já fazia horas que eu estava ali, e assim que chegamos ele começou com os episódios de agressão, foi no rosto, nas pernas, no pé, nãos mãos.
- Levanta vadia, tá achando que aqui é suas férias? - Ele disse me puxando e eu não tinha forças nem para implorar que ele parasse. - Você vai voltar pra casa, entendeu?
Assenti com a cabeça e forcei a ficar de pé, fui andando devagar ao lado dele que me mostrava as pessoas pelo morro como se fosse o troféu dele, todos estavam me olhando, e eram olhos de pena.
Ele me levou para dentro de casa e me colocou no sofá, olhei para a casa e estava exatamente como eu deixei, a não sei pelo cheiro forte de droga e bebidas.
- Vai tomar um banho e preparar a janta, assim que eu voltar quero tudo pronto. - Ele saiu de casa e eu me levantei, fui para o quarto e tirei a roupa e fui direto para o banho.
A água caindo sobre meu corpo ardia, comecei a gemer e chorar, mas me forcei a me lavar até me sentir limpa, ou tentar. Assim que terminei voltei para o quarto enrolada na toalha e coloquei uma roupa, as minhas roupas que tinham ficado para trás, ele ainda as tinham aqui.
Fui para a cozinha e comecei a preparar algo para o jantar, e me lembrei do Kaio e de todas as noites que fizemos isso juntos, as lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto e um dor no peito, um vazio, medo de nunca mais poder sentir tudo aquilo de novo.
Hoje eu quis morrer. Quis me enterrar em um canto qualquer. Me tacar de um precipício. Me cortar até sentir minha alma pulsar. Hoje eu quis morrer. Mas não era um desejo qualquer e momentâneo como os outros, que passam no dia seguinte e está tudo bem. Hoje eu morri na alma, meu corpo permanece vivo, mas tudo dentro se partiu. Me perdi de todas as maneiras possíveis que existem e, gritei para que alguém me salvasse. Mas na real, não existem super-heróis ou qualquer outra merda pra te resgatar. Hoje eu quis morrer e tudo em mim morreu, de certa forma.
...
Horas antes...
Deixei a novinha na praia e voltei pro morro, eu não queria, mas não posso prender ela aqui, faz um mês que tudo rolou e ela precisa distrair a mente.
Fui direto pra boca, decidi ficar ali mesmo pra não pensar nela lá sozinha, comecei a fazer a contabilidade da manhã e meu telefone tocou.
- Fala Arlequina, tudo na paz? - Ela ficou um pouco em silêncio e então respondeu.
- Na paz não, ele achou a Bruna, trouxe ela pro morro, ele não falou para todos, só descobri quando ela chegou. - Levantei respirando fundo.
- Tira ela daí, se vira. - Gritei no telefone e o Babilônia entrou na sala me olhando.
- Não consigo, ele trancou ela na em cima. - Ela tentou se explicar. - Ele vai levar ela em casa, vou tentar fazer a contenção dela, sozinha não consigo fazer nada aqui chefe, vai morrer ela e eu.
- Não tira os olhos dela, entendeu Arlequina? - Ela assentiu e eu desliguei, peguei as coisas na mesa e joguei todas no chão e soquei a parede.
- Vou matar ele, eu vou fazer ele sofrer tanto, vou torturar igual eu nunca torturei alguém antes, vou fazer ele sentir o que eu não fiz meu pai sentir.
Olhei para o Babilônia que estava parado me olhando, cheguei perto dele.
- A gente precisa agir com calma KG. - Ele falou.
- Chama o Titã, ele me deve uma, ta na hora de cobrar. - Falei e sai da sala, subi na moto e fui pra pista esfriar a cabeça.
Eu preciso achar um jeito de tirar ela de lá, e ele, vou fazer ele sentir o que é dor, esse filho da puta não sabe onde ele se meteu, não sabe no ninho que ele se meteu.
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Dama da Maré (Morro)
General FictionEle é tudo aquilo que ela odeia, e ela tudo aquilo que ele mais precisa... Essa história contem violência verbal e física, abuso sexual e sexo explícito. Plágio é crime.