Cinquenta e Três

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Capítulo com gatilhos.
Tortura, abuso sexual e violência.


Semanas antes.


Kaio Gomes.

Os gritos davam para ouvir de longe, Babilônia estava a dias torturando aqueles dois, e eu deixei, mas o final seria meu e esse final é hoje, já faz um mês que eles estão sendo torturados, e ter eles ali tão perto da Carlinha não era bom.

Ela só chora, não come direito, e repete todos os dias que eles vão fugir e pegar ela de novo, e isso acaba comigo, eu tentei proteger ela e não consegui, eu me descuidei e deixei ela aqui sozinha, fui um egoista do caralho.

Entrei na casa e Babilônia estava passando a faca quente nos cortes no peito do meu pai, e ele gritava, e a cada grito ele falava o quanto fez a Carla sofrer, me aproximei dele segurando em seu rosto.

- Quanto mais você abrir essa boca pra falar merda, mas vai doer. - Ele sorriu. - A gente se vê no inferno pai.

- Aprendeu Kaio, pelo menos eu ensinei alguma coisa direito pra você. - Babilônia se afastou dele e foi no Juninho, o cara já não estava mais aguentando ficar acordado.

- É, e vai ser tudo usado contra você, cada ensinamento. - Puxei um dos lados da corda que prendia o pulso dele puxando e o fazendo ficar de pé, fiz o mesmo do outro lado e ficamos cara a cara. - Vamos ver por onde eu começo.

- Vamos começar pensando o quanto aquela loirinha que você come é gostosa? - Meu sangue ferveu quando ele falou da Bruna. - Bati muita punheta vendo aquele rabo.

- Que boa ideia papai. - Puxei a cueca dele pra baixo e peguei a faca e esquentei, segurei o pau dele e passei a faca fazendo queimar e ele gritou e eu comecei a rir. - Qual foi, vai broxar agora?

Passei a faca cortando e tirei o pau dele, o sangue jorrava e ele gritava, joguei no chão e dei a volta olhando para ele e pensando o que seria agora.

- Fala pai, me conta como tu ficou, punheta não bate mais tiozão. - Falei com o rosto colado no dele. - Vou tirar cada pedaço seu.

Deixei ele.pendurado e fui tirando cada membro do seu corpo, ele gritava e quanto mais ele gritava, mas vontade de fazer aquilo eu tinha, até que ele não aguentou mais, terminei de desmembrar ele e mandei os menor jogar ele na vala e o Babilônia fez o mesmo com o Juninho.

Dois a menos, agora preciso de um banho, de beber e marolar um pouco, Babilônia foi pra casa ficar com a Carla, e eu preciso me manter longe de lá, não to com cabeça pra nada.

...

Carla Gomes

Após aquele pesadelo, minha mente tornou-se um labirinto de emoções confusas e sombrias. Sinto como se estivesse presa em um pesadelo do qual não posso acordar. Cada dia é uma luta constante para enfrentar a dor que me consome por dentro.

Me sinto frágil, como se tivessem arrancado minha inocência e confiança no mundo. A tristeza é uma companheira constante, e o medo se agarra a mim como uma sombra persistente.

É como se o sol tivesse se posto em minha vida, deixando apenas uma escuridão profunda. Mas, mesmo na escuridão, busco desesperadamente por um vislumbre de luz, um caminho para a cura.

Babilônia veio ficar comigo como em todos os dias desde aquele dia, não nos tocamos, não consigo, me sinto suja, impura e tenho nojo de mim mesma a cada olhar dele sobre mim.

Ele me olhou, e eu estava distante como sempre, evitando qualquer tipo de assunto, evitando qualquer melhora que pudesse me fazer afundar na dor de conviver com isso tudo como se fosse algo comum e normal.

- Amor, você não precisa se preocupar em encontrar as palavras certas. - Ele sorriu de uma forma gentil e segurou minha mão. - Estou aqui para você, não importa o quê. Só quero que saiba que estou ao seu lado, para apoiar, para escutar, para ajudar a superar tudo isso.

- É tão difícil, Babilônia. - Suspirei, sentindo um peso se aliviar ligeiramente. - Me sinto tão quebrada, tão assustada... não sei como deixar isso para trás.

- Eu queria poder tirar toda essa dor de você, me desculpe por não estar aqui, por não te proteger. - Ele se ajoelhou na minha frente, e deitou a cabeça na minha perna, passei os dedos em seu cabelo. - Eu prometo que eu nunca mais vou te deixar.

- Ninguém tem culpa, eu só preciso me esforçar pra que a dor suma. - Fechei os olhos sentindo as lágrimas mais uma vez escorrendo em meu rosto e as lembranças voltando.

...

Aquele homem, aquele que eu chamei de pai por anos, aquelas mãos, aquele lábio me tocando de novo, e meu corpo todo se contraindo com os toques, as lágrimas escorrendo, e ele com aquela voz nojenta no meu ouvido.

- Você continua gostosa e apertada. - Que nojo, essa voz de novo, e ele forçando para me penetrar e por mais que eu tente nada, nenhum som sai da minha boca. - Como é gostoso.

E ele penetrou, e eu só conseguia sentir nojo, dele, de mim, de todos aqueles homens à minha volta olhando e rindo, até que eu lembrei dele, Babilônia e então toda a dor sumiu, e só ele estava ali.

Será que ele vai me aceitar depois de tudo isso, será que vai me perdoar por não lutar, por não tentar impedir, por ser fraca, imunda e suja, eu sou suja e não mereço nem ele e nem ninguém.

Babilônia, meu amor me perdoa, me perdoa por não ser forte, por não lutar contra ele, contra meu pai, o homem que deveria ser meu herói, meu porto seguro, meu lar e meu abrigo.

...

Olhei para ele que estava com as mãos em meu rosto e nossos olhos se encontraram, ficamos assim por alguns segundos até que ele encostou nossos lábios.

- Eu amo você Carla, e eu jamais vou pensar algo ruim sobre você. - Ele levantou e me pegou no colo me levando para o banheiro, ligou o chuveiro e me colocou no chão, fazendo a água cair sobre a gente.

Pela primeira vez em meses ele me segurou, me abraçou com tanta força e fez eu me sentir segura, o abracei e aquela água gelada fez depois de dias meu corpo se aliviar, o toque dele não estava me queimando, o beijo não pareciam agulhas me furando e seu olhar não era mais como um acusador.

...

Amores, espero que esse capítulo não machuque ninguém, e se machucar, por favor me perdoem.

Qualquer coisa saibam que estou aqui e se quiserem alguém para conversar podem me chamar.

Dama da Maré (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora