Ao som do desejo.

39

🌪

Senti braços envolver-me por trás em um abraço aconchegante, observei as mãos delicadas passear por meu abdômen e sorri.

— Oque faz parado aqui? — Sua voz doce soou.

— Estou pensando. — senti sua cabeça repousar em meus ombros e tenho certeza que Ross está na ponta dos pés por ter alcançado meus ombros com queixo.

— Em mim? — soltei um riso baixo da forma convencida em que ela falou.

— É, em você. — Virei meu rosto para olha-la de esgueta. Minha boca secou quando senti sua respiração em meu pescoço. Seus dedos atrevidos vagando por dentro da minha camisa.

— Já disse que você fica muito bonito com essa gravata Burton? — Neguei com a cabeça. — Me faz querer tira-la, oque é um perigo devido o ambiente em que estamos.

Senti seus ombros tremeram em um riso contido, me virei lentamente sem afasta-la de mim. Eu precisava ver o sorriso que ondulava seus lábios. Seus cílios longos e escuros como seus olhos, Seu cabelo caindo sobre seus ombros feito uma cascata, sua pele macia entre meus dedos tocando sua bochecha e por longos segundos a encarando me senti o James criança encarando a garota do laço horrível na fonte. Ela ainda tinha o mesmo brilho nos olhos, o mesmo sorriso travesso e o mesmo jeito. Acho que me apaixonei por ela naquela época, e com o passar dos anos eu ia me apaixonando cada vez mais.

Toquei nossos lábios, apreciei o quão macio e quente eles eram e a beijei. Ross soltou um suspiro enquanto nossas línguas se encontravam, segurei seu rosto como se ela fosse de porcelana aprofundando nosso beijo. Era lento e... apaixonado, sei que ela sentiu o mesmo quando se afastou e encarou meu rosto por um tempo torturante. Minha pele formigava, cada partícula do meu corpo atenta a ela, movida a ela.

— Eu amo você Ross. — Murmurei sentindo meu peito ser esmagado com a sensação. Não é como se eu já não tivesse dito isso antes, mas não com a mesma intensidade, não sendo oque românticamente e ela percebeu já que seus olhos lacrimejados. — Oh, me desculpe amor não foi minha intenção te fazer chorar. — Tentei limpar seus olhos mas ela se adiantou.

— Eu.. Eu não estou chorando! — Suas lágrimas temosas caíram, e foi a dor mais doce que senti. — Eu... Eu...

Seus ombros chaqualharam, aproximei seu rosto do meu peito sentindo sua mão repousar ali também.

— Tudo bem fadinha... tudo bem.  — Acarenciei seus cabelos, seu cheiro doce que me embriagava e aguçava meus sentidos.

Agora eu entendo oque a letra da composição do Mike diz; você está preso a mim e eu a você, ligados pelo coração, pelo corpo e amor de almas.  Talvez ela precisasse daquele abraço tanto quanto eu, Ross demorou para se recompor  ficamos ali parados encarando a grande árvore do jardim da escola iniciais e nomes gravados no tronco.

[...]

— Vem almoçar com a gente hoje? — Joanata perguntou esperançoso.

Concordei com a cabeça e vi um enorme sorriso crescer em seus lábios.

— Se eu fosse você começava a orar para que pratos não voem. — Lhe avisei.

— Acho que não precisa, você quase não abre a boca na mesa.

Encarei minhas baquetas e deixei de lado na cama.

— Prometo fazer um esforço. — Lhe dei um peteleco antes de parar na porta.

— AI J. ! — Ele resmungou.

— Vai na frete, te vejo lá em baixo. — Murmurei enquanto ele massageava o lugar.

— Eu vou, e você cumpra oque prometeu.

Revirei os olhos.

— Vaza Jonata. — Antes dele se virar eu bati a porta e o ouvi me xingar. Balancei a cabeça em negatividade e  comecei a me despir, joguei a toalha nos ombros e caminhei para o banheiro.

Ao sair do quarto já vestido e com os cabelos úmidos na intenção de esfriar a cabeça antes de habitar na mesma cela que a fera fui direto para a sala onde serviam o almoço. Jonata dizia algo para o papai enquanto ele assentia com a cabeça parecendo tentar acompanhar oque o filho dizia, ao me aproximar jurei ter visto um sorriso pqie me deixou espantado. Jorge nunca sorri pra mim, não depois do que aconteceu com a minha mãe, sua esposa.

Retribuí os cumprimentos dos funcionários em fila que cuidavam da casa, assim que me sentei Jorge dispensou todos.

— Tenham um bom apetite Sr. Burtons. — Ouvi um deles murmurar antes de sair.

Um silêncio repousou a mesa. Retirei a grande tampa do prato em minha frente e comecei a comer, Jonata me fitou assim como e ergui uma sobrancelha. Oque ele queria que eu dissesse?

— Como anda a banda James? — O garfo em que eu levava a boca parou no ar. Limpei a garganta e direcionei o olhar ao meu pai. Seus olhos vacilantes antes de voltar ao tom frio do azul. 

— Bem. — Eu Disse simplesmente, minha resposta parece não ter agradado o Jonata então procegui. — Vamos lançar um álbum.

Meu meio irmão me olhou animado.

— Sério? — assenti. — Isso é incrível! As pessoas da minha escola ama vocês, principalmente as garotas.

Suas sobrancelhas se movendo foi bastante objetivo, oque me fez esboçar um riso.

— Felizmente, só tenho olhos pra uma.

Jonata curvou os lábios e levou um pedaço de frango a boca.

— Aé, quem?

— Ivy Ross. — Meu pai tossiu e o olhei de esgueta.

— Você está namorando?— Sua voz casual me trouxe lembranças, de quando as coisas eram fáceis por aqui.

— Sim. — Suguei o macarrão sentindo o gosto dos pequenos pedaços do tomate cereja. 

— Ah meu Deus, que surpresa!  — Jonata levou a mão ao peito. — Eu nunca desconfiei que isso iria acontecer! Imagina que inimaginável, James e sua melhor amiga de infância inseparável, aquela que ele espanta qualquer garoto que chega perto.

— Realmente inimaginável.— Jorge riu.

Pisquei lentamente duas vezes só pra ter certeza se não era culpa do comprimido que tomei antes de descer por aquelas escadas.  Ele parecia bem mais jovem ao sorrir, meu pai é um homem bonito. Fico surpreso por ele não ter se casado novamente, mas claro isso não quer dizer que ele não deve ter seus casinhos por aí ou em um bordel de luxo. A expressão do meu rosto suavisou deixando as sonbracelhas relaxarem e a língua desgrudar do céu da boca.

— Idiota! — Lancei uma uva na mesma na direção de Jonata. 

O almoço foi calmo, calmo demais e não sei dizer se isso é bom ou ruim.

Continue...