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Jonata estava certo, ele disse a verdade. O acidente não foi bem um acidente, os freios do carro estavam cortados. Meu pai nunca me disse porque não acharam culpados, nenhuma pista, Nada.  Minha cabeça repousava em sua cama no hospital seu rosto parecia bem melhor agora.

Ainda tinha restos de tinta pelo meu rosto mesmo eu tendo esfregado várias vezes. Meu pai está sentado na Poltrona em silêncio e observa Jonata da mesma forma que eu, com expectativas para que ele acorde.

— Oi, desculpe o incômodo.— A porta foi aberta. —  A enfermeira disse que eu poderia entrar.

— Sem problemas. — Meu pai disse. — Você é uma amiga dele?

Não ouvi sua resposta mas ouvi quando ela se aproximou.

— Oi James.

Me virei um pouco.

— Olá Nanda.

A garota sorriu um pouco.

— Como... como ele está? — Sua voz vacilou ao encara-lo.

— Vivo.

Ela soltou um suspiro.

— Eu esqueci o celular em casa, não consegui ouvir ele me ligando e assim que ouvi o seu recado eu vim direto para o hospital. — Seus olhos estavam vermelhos. 

O som da máquina fez meu corpo estremecer. Eu lembrava bem daquele som, todas as noites eu temia que ele parasse. 

— James, você devia comer alguma coisa.

— Não estou com fome.

— Tome um banho pelo menos. — Meu pai insistiu.

— Eu... não quero.

Senti uma mão pesada pousar em meu ombro.

— Seu irmão está bem. Ele parece bem melhor que você.

Nanda riu um pouco.

— Seu pai tem razão.

Eu sabia que ele tinha mas permaneci sentado.

— Pelo menos fale com seus amigos. — Isso atraiu minha atenção. — Se o meu celular está assim quem dirá o seu. — Ele me mostrou as notificações.

A festa, Eu saí sem dizer pra onde iria.

— Tudo bem. — Me levantei.

Deixamos a Nanda sozinha com ele, ela não se importou.  Enquanto meu pai caminhava para até a enfermeira fui para o lado oposto, vi médicos apressados passar com pacientes. Ouvi bebês chorando e também vi pais chorando pelo corredor.

A vida e morte. Lado a lado.

Cresci ouvindo as pessoas deduzirem que minha mãe podia querer se suicidar, por isso os remédios espalhados no chão. Mas eu sabia que ela não faria isso, ela nunca me abandonaria. Parei quando notei um rosto conhecido na recepção vazia.

Ao som do desejo.Onde histórias criam vida. Descubra agora