Capítulo dois

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Christopher Lewis - dez anos de idade

A mão pesada de Jeremiah, meu pai, aperta firme em meu ombro em forma de aviso, o que me faz olhá-lo dentro dos olhos, sentindo-me enojado por sentir seu toque em mim.

— Lembre-se, é uma noite importante – encarando o portão da mansão dos Coleman, ele abre um de seus sorrisos presunçosos e estica seu braço para minha mãe, Amélia, que mais parecia uma boneca para que ele pudesse exibi-la do que de fato um ser humano capaz de pensar e se posicionar.

Não estou chorando, eu jamais tive sua atenção e seu afeto. Minha mãe sempre esteve muito ocupada com suas viagens, suas compras e seus eventos para organizar, ela tinha pessoas a quem agradar e exibir sua riqueza. Ela não tinha tempo para lidar com o filho cujo pai o transformou em uma máquina de matar.

— Quando ver a garota Coleman, seja gentil – minha mãe diz com um sorriso em seu rosto, mas nada me causa emoção, eu só queria mesmo era descobrir os planos de meu pai.

Eu poderia dizer que só queria chegar em casa e jogar videogame, mas a vida não me permitiu tal coisa normal, minha realidade me fez uma criança extremamente desenvolvida e inteligente para coisas que outras crianças de dez anos não eram capazes de compreender.

O único amigo da minha idade que me compreendia era Viktor Miles, o garoto era um prodígio da tecnologia, mais como um cão farejador que tudo encontrava. Nem mesmo caras mais velhos que ele conseguiam tal façanha como Miles fazia para encontrar alguém ou descobrir alguma coisa, nada, jamais, ficava escondido dele por muito tempo. Sua família era envolvida com os mesmos negócios da minha família, seu pai, era braço direito do meu, e ambos ganhavam dinheiro sendo pagos para matar pessoas, sejam elas quem for, crianças, mulheres, homens, idosos.

Era como assassinos de aluguel, meu pai tirava vidas sejam elas inocentes ou não em troca de dinheiro. Se as pessoas soubessem o quanto nossa rede é procurada, as pessoas se espantariam com o quão sujo o mundo está.

Lembro-me perfeitamente de como descobri sobre os negócios de meu pai, aos meus sete anos de idade, quando coloquei Viktor para procurar por qualquer rastro e encontramos tudo que nossas famílias faziam. Foi nesse dia, que eu descobri quem realmente era o meu pai, e foi nesse mesmo dia que ele apontara uma arma contra a minha cabeça, fazendo-me escolher o meu destino e matar um homem pela primeira vez naquela noite.

— Você escutou sua mãe, garoto? – ele me puxa de meus pensamentos, olhando-o com indiferença, apenas aceno em confirmação, não dirigindo-o a palavra, o que lhe causa raiva. — Christopher, não me tente.

— Eu já entendi – retruco, mantendo o tom frio em minha voz — É tudo negócio.

— Ótimo – ele diz, caminhando com a minha mãe em minha frente.

Suspirando, passo a mão pelo meu terno preto de três peças perfeitamente polido e com abotoaduras prateadas, com o caimento perfeito para uma criança de dez anos. Olhando ao redor, consigo identificar todos os lugares onde há câmeras de segurança e saber onde cada guarda fica escondido, pronto para atacar se for preciso.

Não era de me surpreender, recebendo o diabo do Jeremiah em sua casa e o seu mini diabo, eu também iria me precaver.

Caminhando atrás deles, sigo tranquilamente até a mansão, ciente do que estava por vir, da missão na qual eu teria que cumprir.

São apenas negócios – penso.

— Jeremiah, Amélia – ouço a voz de Thiago Coleman, o chefe da casa — É um prazer recebê-los, querida, os cumprimente.

Ao chegar no hall da mansão, olho em volta, o lugar semelhante a um castelo, repleto de ouro e com guardas por todo o local que você olhava.

— Oh, o pequeno Lewis – a mulher de longos cabelos loiros e pele branca me encara com atenção com os seus olhos verdes, algo em seu olhar me faz desconfiar dela, mas mantenho a minha postura quando aperto sua mão em um cumprimento cauteloso, mas frio o suficiente para colocá-la em seu lugar.

— Boa noite – é tudo que digo, ignorando o olhar severo de Thiago e Lilian, sua esposa.

— Onde estão suas garotas? – mamãe pergunta a Lilian.

— Apenas Diana se juntará a nós essa noite, a pequena Vivian se sente indisposta – com um sorriso falso em seus lábios, ela explica, o que me faz semicerrar os olhos e olhar ao redor, observando quando uma garota de cabelos lisos e castanhos escuros desce a escada, ela era da minha altura, o que me fez julgar ser Diana, a irmã mais velha.

Vestida em um vestido rodado na cor azul, ela parecia quase uma garotinha inocente se não fosse seu olhar tão frio e desesperançoso. O que me levou a acreditar que ela sabia onde estava se metendo.

— Falando nela – Lilian diz sorridente, passando a mão com cuidado pelo cabelo da filha, mesmo com ele perfeitamente arrumado, não havia um só fio fora do lugar. — Querida, venha, cumprimente o Christopher.

Sem hesitar, a garota caminha como se não temesse a nada e se põe em minha frente, apertando a minha mão. Ciente do que tinha de ser feito, levo sua mão pequena até os lábios em um beijo casto e respeitador, acenando para ela em seguida.

— Olá – ela diz, com suas bochechas meio rosadas.

— Oi – digo indiferente.

— Bom, por que não nos acompanham até o salão do jantar? – diz Lilian, sendo acompanhada pelos adultos, restando apenas a mim e Diana.

Com a intenção de quebrar o gelo ao perceber seu constrangimento, digo — É uma bela casa.

— Sim, você tem que ver o jardim pela manhã, é lindo.

— Eu acredito que sim. – não suportando mais, indago — Desculpe, você tem a minha idade?

— Sim, dez anos assim como você.

Acenando uma última vez com a cabeça ao chegarmos no salão, deixo que ela adentre primeiro para poder entrar no salão de jantar, não me surpreendendo com o exagero para tão poucas pessoas.

Durante o jantar, me certifico de falar poucas vezes, apenas quando algo é voltado para mim, observando a todo momento o comportamento das pessoas na mesa.

— Irei ao banheiro – anuncio, fadigado da disputa de quem tinha mais poder na mesa.

— Você quer que eu lhe mostre? – Diana pergunta, mas nego de imediato.

— Não, eu posso encontrar o local sozinho.

Era mentira, eu queria apenas vasculhar a casa e encontrar seus pontos fracos.

Me retirando em silêncio, percebo quando um dos guardas se atenta ao me ver sair, ciente de que ele iria me seguir.

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Boa leitura! ❤

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora