Capítulo trinta e seis

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Lucien Martínez

Respiro fundo enquanto observo o lugar abandonado à minha frente. As sombras pareciam dançar ao redor da estrutura decrépita, revelando a sensação de abandono que emanava daquele local esquecido pelo tempo.

Com o fone de ouvido em meu ouvido esquerdo, ajustei a frequência para me comunicar com Viktor Miles, meu aliado no resgate de Christopher. Sua voz ecoou em minha mente, fria e calculada. Mesmo com pouco tempo na empresa, fui designado para salvar nosso chefe.

— Lucien, você está entrando na área de segurança agora. Tenha cuidado. – Viktor diz em um tom calmo e controlado — O lugar é um antigo armazém, cheio de corredores escuros e salas vazias. Não sabemos por que Christopher foi levado para lá, mas acredita-se que exista um grupo de capangas esperando por você assim que chegar lá.

Assenti, sentindo a adrenalina correr em minhas veias. Dei um último olhar determinado para a escuridão e saltei do carro, me aproximando furtivamente do armazém. O ar úmido e envelhecido engoliu-me assim que atravessei a porta enferrujada. O rangido ecoou pelo espaço, alertando qualquer pessoa que pudesse estar lá dentro. Adentrei o recinto, movendo-me como uma sombra mortal pelos corredores estreitos.

Segui pelo corredor estreito e sujo, passando por portas enferrujadas e salas vazias. O cheiro de mofo e abandono impregnava o ambiente. Observei a escada que levava ao subsolo à minha esquerda, o local onde Viktor havia me informado que Christopher estava sendo mantido como refém.

Desci silenciosamente as escadas, mantendo-me alerta para qualquer sinal de perigo iminente. Encontrando um corredor mal iluminado, com portas de celas de ambos os lados. Meu coração acelerou ao me aproximar da porta onde Christopher estava confinado, eu soube no instante em que ouvi as vozes e risadas dos homens lá dentro.

Em meu ouvido, recebo as instruções finais de Viktor. — Lucien, você está a poucos metros de Christopher. Acredito que eles estejam pronto para matá-lo. Tome cuidado e esteja pronto para enfrentar resistência armada.

— Eu cuido daqui pra frente – respondo — Avise-me se houver mais movimentos chegando no armazém.

— Certo – Viktor diz — Seja rápido.

Com as orientações na mente, me preparo para o confronto iminente. Armando minha pistola silenciosamente, o aço gelado tocando minha pele. Aproximei-me cuidadosamente da porta, posicionando-me ao lado e me escondendo nas sombras. Antes de girar a maçaneta, respirei fundo, focado e pronto.

Ao abrir a porta, uma torrente de desespero e adrenalina invadiu meu corpo. Na sala, haviam nove homens armados, todos preparados para executar Christopher. O som de suas vozes preenchia o ambiente, enquanto eles riam cruelmente. Seus olhares se voltaram para mim, surpresos pela presença inesperada.

Olhando para Christopher, faço uma checagem rápida nele, seu peito estava toda manchado de sangue e cortes de facas, e provavelmente suas costas estavam da mesma maneira, como eu imaginei, ele havia sido torturado desde o momento em que chegou aqui.

O tempo parecia desacelerar. Minha mente focalizou em cada inimigo, traçando estratégias de combate. Um tiro certeiro e silencioso põe fim à vida do primeiro capanga, seguido por um segundo, terceiro e quarto. Meus movimentos são fluidos, como se dançasse uma coreografia mortal. Cada bala que é disparada encontra seu alvo, e cada golpe que desferido é calculado para derrubar meus oponentes.

A troca de tiros ecoava pelos confins do armazém, cada disparo mais letal que o anterior. O brilho das faíscas refletindo nas paredes vermelho-sangue, uma dança mortal. Homens tombavam, suas vidas se extinguindo rapidamente sob meus disparos calculados e precisos.

Finalmente, abri caminho em meio ao caos. Christopher estava acorrentado, seu corpo visivelmente abatido. Com rapidez, desfiz as correntes que o prendiam, minha expressão impassível enquanto meus dedos expertos manuseavam as ferramentas. Ajudei-o a ficar de pé, seus olhos encontrando os meus por um breve momento. Ele conhecia a seriedade de nossa missão e não era preciso dizer uma palavra.

— Eu tenho o chefe, ele está muito machucado, mas está vivo. – digo à Viktor — Missão cumprida.

Após sair do armazém, coloco o corpo do capitão em segurança no banco de trás do meu carro e me sento do banco do motorista, ouvindo-o respirar profundamente, Christopher encosta sua cabeça no banco e começa a rir como um louco.

— Você está péssimo – digo, puxando um cigarro do meu bolso, eu jogo para o capitão, que o pega e coloca-o entre os lábios, acendendo-o com o isqueiro assim que o dou em sua mão trêmula. Eu abro as janelas do carro por conta da fumaça e dou partida.

Christopher olha em meus olhos pelo retrovisor, seu rosto coberto de sangue enquanto ele solta uma lufada de fumaça pela boca. Seu corpo brilhava por conta do sangue ao refletir com a luz da lua, mas ele parecia extremamente frio.

— Quantas horas eles te manteram lá? – pergunto, desviando meus olhos da estrada. O capitão fecha os olhos e dá outra tragada no cigarro.

— Apenas quatro horas de tortura.

— Quem era o responsável?

— Patrick – ele diz, e nossos olhos se encontram — Mas, alguém armou para que esse encontro no galpão acontecesse, nada foi por acaso, acredito que não havia problema nenhum com o carregamento de armas.

Assenti, respondendo-o — Teddy Bummer.

Christopher confirma minha suspeita apenas com o olhar e continua a fumar seu cigarro tranquilamente, ele não parecia nenhum pouco abalado com os ferimentos em seu corpo.

— Me leve até Bummer imediatamente – ele ordena.

— Receio que não, chefe. Teddy não deu mais sinal de vida desde que você foi levado, ele sabe como se manter escondido do radar de Viktor.

Algo brilha em seus olhos, ele traga o cigarro e observa a fumaça se dissipar no ar. — Tudo bem, eu gosto deste jogo de caça. É mais divertido. Mas, ainda sim, leve-me até a empresa, quero eliminar todos que um dia foram aliados de meu pai.

— Acho melhor você voltar para casa, sua esposa espera por você.

Christopher ri, gargalhando como se eu o tivesse o contado uma piada.

— Vivian? é mais fácil ela estar orando para que eu esteja morto.

Confuso, explico — Ela foi bem clara quando me disse para entregá-lo para ela vivo, e me pediu que matasse todos os responsáveis pelo sequestro.

Ele absorve minhas palavras e fica em silêncio, fumando o seu cigarro enquanto observa as ruas silenciosas.

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Boa leitura! ❤️

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora