Capítulo vinte e quatro

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Vivian Coleman

Estou escrevendo mais uma de minhas cartas para Diana quando papai entra em meu quarto, seu semblante não parece bom, e isso me causa um embrulho no estômago.

— O que há de errado, papai?

— Sente-se comigo, Vivian. Temos que conversar sobre algumas coisas.

Estranho, ele parece sério demais, mais do que normalmente costuma ser.

Ele caminha até um sofá que tenho posicionado perto da janela e me espera paciente, encarando a chuva lá fora. Não sou doida de desobedecer sua ordem, então, guardo minhas canetas e a carta de Diana e me levanto, caminhando até onde meu pai estava sentado, eu sento na sua frente, minha costas rígidas e as mãos acima de minhas coxas, tentando fazê-las parar de tremer em ansiedade.

Passa longos minutos assim, com papai em completo silêncio. Quando penso que nada será dito, ele começa a falar.

— Você nunca sequer pensou no que exatamente nossa família trabalha? – ele indaga, me olhando de soslaio.

— Bom, uma vez Diana me disse que era algo relacionado à venda de ações, mas nada além disso. Eu não me preocupei tanto em procurar saber depois de entender que vocês me excluíam de tudo porque queriam.

Meu pai assente, e depois diz — Tudo que fizemos foi para proteger você do nosso mundo, não queríamos trazê-la para isso, foi uma regra que Diana impôs, e eu segui à risca, assim como sua mãe também.

Arqueio minhas sobrancelhas.

— Você? obedecendo Diana?

— Era o que eu podia fazer depois de cometer alguns erros com sua irmã.

— O que exatamente você está tentando me dizer, papai?

Ele engole em seco, e então diz friamente, voltando a ser o homem no qual estou acostumada a lidar.

— Trabalhamos como assassinos de aluguéis, Vivian.

Eu perco o ar, respirando com dificuldade, tento olhar em seus olhos, eu sabia que não poderia ser uma brincadeira, meu pai não era deste tipo.

Ciente disto, pergunto — Do que você está falando? O que você quis dizer com isso, pai?

— Isso mesmo que você ouviu, tanto a empresa Coleman, quanto a Lewis Security, trabalha como assassinos de aluguéis. Uma rede montada por debaixo dos panos para criar máquinas de matar para o mundo, somos contratados por governos, máfia, qualquer pessoa que tenha dinheiro o suficiente para pagar pelos nossos serviços. Atualmente, há mais empresas como a nossa pelo mundo, porém, somente a Coleman e a Lewis são bem vistas, isso já vem pela história bem feita por nossos ancestrais.

— O.. o que? – me engasgo.

— Nós matamos pessoas, Vivian. É isso que nós fazemos. Sua irmã, Diana, também era uma de nós, ela era o meu braço direito na empresa.

— Que horror – sussurro, incrédula com suas palavras — O que você pensa que está fazendo, pai? tirando vida de pessoas como se fossem Deus!

— Não somos os mais religiosos – ele retruca — Você já é grande o suficiente para entender tudo que estou dizendo a você, para entender as coisas como elas são.

— Você é um assassino – cuspo as palavras.

— Sim, por anos, as famílias Lewis e Coleman'S brigaram entre si, uma guerra de poder, e anos atrás, Jeremiah e eu selamos o acordo de organizar um casamento entre os nossos filhos como uma forma de acabarmos com a guerra entre nossas famílias.

Meus olhos alcançam os seus como lanças afiadas, somente agora minha mente tendo clareza sobre tudo.

— O casamento entre Diana Coleman e Christopher Lewis – meu pai diz, meu coração dá uma palpitada forte contra o meu peito. Tudo não se passava de um acordo entre famílias?

— Foi por isso que você não me contou?

— Não podíamos, Diana não queria envolver você nisso.

— Mas então, por quê me diz isso agora?

Meu pai exala o ar, impaciente.
Estou muito chocada com tudo que ele me diz para deixar meu corpo processar.

— Porque você se casará com Christopher Lewis, Vivian.

Meu corpo inteiro congela com suas palavras, é como se alguém estivesse jogando um balde de água fria em cima de mim. Anos atrás, a Vivian adolescente que morria de paixão por Christopher teria ignorado tudo que havia sido dito e pulado de alegria por saber que se casaria com o homem que sempre sonhou, mas hoje, é totalmente diferente, eu o odeio.

Pondo-me de pé, eu levanto a minha voz sobre meu pai pela primeira vez.

— Você não tem esse direito! – esbravejo — Eu não vou me casar com Christopher! e-eu.. – minha voz vacila, meu peito estava subindo e descendo de forma descompassada pela minha respiração acelerada — Eu não vou entrar neste mundo de merda, eu não vou ser uma assassina, e muito menos a mulher de um!

Ficando de pé, meu pai avança sobre mim, acertando um tapa em meu rosto, do lado direito. Eu caio no chão, meu corpo inteiro tremendo pela força aplicada, meu rosto inteiro ardendo pelo tapa em meu rosto.

— Você não tem escolha, Vivian. Christopher Lewis é uma ameaça, você será dada à ele como uma forma de mostrar que somos seus aliados e fazê-lo abaixar sua guarda.

Encaro o chão, as lágrimas rolando por minhas bochechas e caindo em gotas grossas no chão do meu quarto. Meu mundo inteiro estava caindo, minha irmã havia acabado de morrer, logo, descubro que meu pai e todos ao meu redor sempre foram assassinos, e depois, descubro que terei de me casar com um deles.

— Levante-se, e comece a ir atrás de um vestido de casamento, você se casa daqui há cinco dias.

A lateral do meu rosto dói, e quando papai fecha a porta do quarto, começo a chorar desesperadamente, a angústia em meu peito é tanta que me faz sufocar. Eu não conseguia processar absolutamente nada direito, mas não conseguia parar de pensar em Gideon, em como explicaria isso para ele.

Eu teria que arrumar um jeito de falar com Christopher e pedir que ele anule esse acordo idiota. Não era justo.

Engatinhando pelo quarto, pego o telefone e disco seu número, não leva muito tempo até que ele atenda, o som profundo e grave ressoando através do telefone.

— Lewis – ele diz, e depois continua — Vejo que você já sabe.

— Christopher.. – sussurro, tentando conter minhas lágrimas — Por favor.

— Misericórdia não livrará você do nosso casamento, implore à Deus, não ao diabo.

Deus, como esse homem era cruel.

— Isso não é justo comigo! – esbravejo, irritada — Eu não quero fazer parte do seu mundo!

— Sinto muito, minha rainha, você já faz, há muito tempo.

— Estou com Gideon – vocifero — Jamais vou deixá-lo para ficar com você! você não pode tirar meu direito de escolha sobre com quem irei passar o resto dos dias da minha vida.

— Eu já fiz isto, minha rainha – Christopher ri — Boa sorte quando for terminar com seu namorado.

— Eu não farei isso, nunca.

— Bom – ele suspira — Terei de dar a cabeça dele em uma bandeja para você, então, acho que você pode lidar com o peso da morte dele pelo resto da sua vida.

Christopher desliga, deixando-me incrédula com a mensagem que apita na tela logo em seguida.

Christopher: deixe-me saber se precisar de algo, minha rainha.

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Boa leitura! ❤️

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora