Capítulo dez

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Vivian Coleman - quinze anos de idade

— Como foi sua viagem? – Diana pergunta, caminhando ao meu lado até o salão onde aconteceria o jantar, sorrindo, entrelaço nossos braços e digo eufórica.

— Foi incrível, Diana. Eu queria que você estivesse lá comigo.

— Você sabe que eu gostaria muito de ter acompanhado você, mas não pude, eu.. – a interrompo.

— Eu sei, tem responsabilidades a cumprir com o nosso pai.

Meio constrangida, ela ri.

— É isso.

— Minha querida filha – papai diz, chamando a atenção das pessoas no salão de jantar, que por incrível que pareça havia mais do que eu esperava — Paris realmente lhe fez bem – segurando em meus ombros, ele despeja um beijo suave em minha testa e Diana se afasta, dando lugar a papai, que agora caminhava ao meu lado pelo salão, cumprimentando as pessoas presentes.

Eu não tinha entendido porque mamãe ordenou que eu me vestisse bem, e agora, não me arrependo do vestido preto simples de alças finas, com a saia meio rodada que caía até um pouco acima do meu joelho, e os meus saltos também pretos. Meu cabelo estava solto, não tive muito tempo para lidar com ele e fazer algum penteado para a noite.

— Você não me disse que teriam tantas pessoas – comentei para papai, que estava ao meu lado.

— É um jantar de negócios – explica, apertando a mão de um figurão que aparecera em nossa frente, mas logo saiu.

Franzindo minhas sobrancelhas, encaro meu pai.

— No telefone você me disse que seria um jantar para me receber – digo, claramente desapontada.

— E é, querida. Todos estão aqui para recebê-la, é uma grande noite.

— Achei que seria algo mais íntimo, eu queria contar os detalhes da minha viagem para você e para mamãe.

Finalmente me encarando, sinto a frieza dos seus olhos me dar calafrios.

— Vivian, não faça uma cena – ele repreende — Você teve o que você queria, a sua viagem, isso é tudo.

Abro e fecho minha boca, várias vezes, chocada com suas palavras.

— Papai, eu não.. eu não quis dizer isso, eu só queria que você fosse mais atencioso comigo.

— Quando você irá se tornar uma mulher de verdade? – sua pergunta me faz calar, seguindo seu olhar, vejo-o olhar diretamente para Diana, que estava mais do que linda essa noite, com seu vestido longo e preto também, a frieza em seu olhar, a maneira como ela se portava ao falar com todas as pessoas aqui presente — Por que não segue o exemplo de sua irmã?

— O que? – sussurro, meio desnorteada com as coisas que ele me falava.

— As pessoas a respeitam, a veem como uma figura de exemplo a seguir. Sua irmã é uma mulher de negócios que todo homem sonha em ter ao seu lado.

— Se me der licença – retirando meu braço do seu, caminho de volta para fora do salão com meu coração em mãos, as palavras de papai causando-me, inevitavelmente, o ato da comparação.

Eu sempre soube que Diana era uma mulher incrível, mas ter consciência de que meu pai não se orgulhava de mim, e queria que eu fosse como ela, doeu. Doeu mais do que eu pensei que doeria, afinal, eu sempre desconfiei da verdade, mas nunca achei que fosse doer ao tê-la jogada em meu colo.

No fim das contas, nunca estamos preparados para ouvir a verdade, mesmo que em nosso interior, já saibamos a resposta.

Com minha vista embaçada pelas minhas lágrimas, acabo topando em alguém, as mãos firmes me seguram pela minha cintura, me mantendo em pé, o cheiro forte da colônia masculina se impregna em minhas narinas, não é preciso muito esforço para reconhecê-lo, a sua presença sempre fora marcante demais para fingir não notá-la.

Olhando em seus olhos, vejo Christopher franzir suas sobrancelhas levemente por meros segundos até voltar para sua expressão fria.

— Encontro você depois, Viktor – ele diz ao seu amigo, eu nem tinha o reparado ali.

— Como quiser – ouço ele dizer, mas não me atrevo a olhar para outro lugar senão os olhos escuros e frios de Christopher, que por algum motivo, me acalmavam.

Quando enfim estamos sozinhos, digo — Desculpe – sussurro, abaixando minha cabeça para encarar meus próprios pés.

— Eu imagino que a viagem tenha sido boa – ele diz, ignorando a parte em que eu estava chorando, e honestamente, eu estava grata por isso.

Enxugando minhas lágrimas, respiro fundo antes de olhar em seus olhos novamente.

— Sim – digo — Obrigada pelo presente.

— Não há mais nada para dizer? – ele questiona, removendo suas mãos de minha cintura e dando um passo para trás.

— Eu imagino que você esteja com pressa para se reunir com os demais convidados, todos já estão no salão para falar sobre seus negócios.

Arqueando e abaixando uma sobrancelha, de forma indiferente, Christopher diz.

— O jantar não era para receber você?

— Foi o que eu pensei, mas parece que não.

— Bom, terei de ir embora, então – ele diz, tranquilo.

— Por que?

— Vim para receber você, queria saber como foi sua viagem – enxugando a última lágrima que escorria em minha bochecha, seus dedos roçam suavemente em minha pele, fazendo-me estremecer com seu toque, com sua demonstração de carinho.

Eu estava paralisada.

Meu coração estava palpitando ferozmente em meu peito com o seu toque, eu podia sentir minha pele queimar com a trilha que ele deixava pelo meu rosto, percebendo que estou prendendo o ar, deixo que uma pequena lufada escape por meus lábios quando vejo-o se inclinar até mim, deixando nossos rostos mais próximos.

— Você – sussurro, não encontrando forças para dizer alguma coisa — Veio para me ver?

Fechando seus olhos, Christopher respira profundamente e se mantém em silêncio, como se estivesse em uma guerra interna consigo mesmo.

— Chris – criando coragem, apoio minha mão sobre seu peito, acima do seu coração, apenas para senti-lo bater loucamente contra a palma da minha mão — Eu não posso mais esconder isso de você.

Abrindo seus olhos, ele me olha atentamente.

— Eu preciso que você me beije – peço, com meus lábios e minha respiração tremulando — Eu quero que você seja a pessoa a me dar o meu primeiro beijo.

Segurando meu rosto em suas mãos, ele olha intensamente em meus olhos, parecendo confuso com as coisas que estava sentindo.

— Por favor – peço, fechando meus olhos para tentar aplacar a emoção que eu estava sentindo, eu podia sentir sua respiração pesada tocar minhas bochechas.

A intensidade era demais.

A ansiedade martelava contra a minha garganta.

— Não. – ele finalmente diz, se afastando bruscamente para longe de mim, deixando-me completamente desorientada com seu afastamento repentino.

— O- o que? – pergunto, perplexa.

— Eu disse que não – respondendo de forma fria, ele volta para sua expressão gélida e depois diz — Avise sua família que eu mandei um oi.

— Você está indo embora? – não consigo disfarçar minha chateação ao perguntar.

— Estou.

— Eu pensei que você.. – digo, não conseguindo terminar minha fala, pois ele diz.

— Garotas frágeis e vulneráveis como você não chamam a minha atenção, coloque isso na sua cabeça, Vivian. Você é só uma criança, foque em seu futuro ao invés de suas paixões tolas de adolescente, sua aparência não será nada depois de um tempo.

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Boa leitura! ❤

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora