Capítulo seis

4K 333 27
                                    


Christopher Lewis - quatorze anos de idade

Caminhando pelo meio das pessoas com elas abrindo espaço assim que me veem, facilita a minha chegada até Vivian, que está prestes a virar a garrafa em sua boca novamente, se não fosse por mim agarrando seu braço e jogando a garrafa no chão, ignorando os gritos assustados das mulheres e os sussurros estúpidos de espanto quando o vidro se quebra em vários cacos.

— Que merda você está fazendo? – ela rosna, me olhando com um olhar felino que eu jamais havia visto nela antes.

— Levando você de volta para casa – digo, arrastando-a sem me importar com o espanto das pessoas ao me ver agir de tal maneira com uma garota.

— Me solta, Lewis! – ela grita, colocando força para tentar se desprender do meu aperto, mas era inútil.

Ao perceber que não conseguiria, ela finca seus pés no chão e começa a se debater, o cheiro de álcool que exalava dela só me dava a certeza que a garota estava totalmente fora de si.

— Não me obrigue a arrastá-la pelos cabelos como um homem das cavernas – ameaço, virando de frente para ela e agarrando seus ombros para contê-la.

Olhando com pavor em seus olhos, Vivian engole em seco quando sabe muito bem que eu estava falando sério.

— Você não tem o direito de me humilhar dessa maneira na frente de todo mundo – com a voz embargada e seus olhos lacrimejados, ela diz — Eu não sou só uma boneca na qual vocês fazem o que bem entenderem comigo.

— Pare de agir feito uma criança – repreendo, sentindo, pela primeira vez, uma agonia interior quando as lágrimas começam a escorrer em suas bochechas, o que me faz soltá-la imediatamente, como se ela pudesse me contagiar com suas emoções — Pare de se vitimizar o tempo todo.

— Eu não vou parar – ela continua chorando, totalmente imersa em nossa bolha e ignorando as pessoas olhando para nós — Não irei parar até ter a liberdade que vocês roubaram de mim de volta.

— Você é ingênua demais, e é exatamente por isso que fazemos isso com você.

— Vocês roubaram toda a experiência que eu tinha o direito de ter!

Dando-me as costas, ela corre até Rosalie, que a recebe em seus braços e a consola. Eu continuo parado, tentando entender porque odiei vê-la chorar e porque isso me fez deixar com que ela voltasse até a festa.

Eu tinha que tirá-la daqui, mas por que eu não estava fazendo isso nesse exato momento?

— O que rolou? – Viktor diz, aparecendo ao meu lado como uma assombração — Em um momento eu realmente achei que você fosse arrastar ela pelos cabelos.

— É – respondi, ríspido — Eu também.

— Vai deixá-la aqui?

Suspiro, meio desnorteado.

— Apenas um pouco, depois a levarei embora.

Viktor ri, comendo uma maçã que ele provavelmente havia roubado no momento da minha discussão com Vivian.

— Quem diria que as lágrimas da princesinha iriam te amolecer.

— Às vezes as pessoas morrem por tão pouco – digo, saindo para me sentar em cima de uma pedra e observar Vivian, que mesmo que agora estivesse rodeada de meninas tentando reanimá-la, era perceptível a tristeza em seus olhos.

— Você não pode me matar, você precisa de mim – ele diz, tranquilo.

A festa continuou por uma hora inteira, e quando Viktor e eu nos cansamos de observar adolescentes banais, fomos roubar suas comidas e caminhamos de volta até a pedra onde havíamos ficado sentados por todo o tempo enquanto eu vigiava Vivian.

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora