Capítulo vinte e um

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Vivian Coleman

Diana, as coisas não são legais por aqui sem você. Mamãe chora o dia todo, e nosso pai trabalhou a noite inteira para se esconder em seu escritório e chorar sozinho, eu suspeito que sim.

E eu, tento me manter bem, mas à cada lembrança sua, sinto-me afogar sozinha dentro do oceano turbulento, eu sinto sua falta, e hoje é o meu primeiro dia sem você.

Sinto muito por magoá-la, sinto muito por decepcioná-la, você era a única pessoa que de fato cuidava de mim e me amava. Eu vou sentir sua falta, para sempre.

Diana, prometa-me que cuidará de mim daí de cima, esse mundo nunca mais será o mesmo sem você, meu mundo nunca mais será colorido outra vez.

Diana, eu te amo.

A lágrima cai na folha de papel na qual escrevo a segunda carta para Diana, mesmo ciente de ela nunca irá ler nenhuma destas, colocar meus sentimentos em palavras ajudam-me a controlar a dor sufocante em meu peito.

Pego a folha, a dobro e a coloco dentro de uma caixinha preta, guardando-a em minha gaveta. Meu corpo está pálido, minhas orelhas são visíveis, e o vestido preto simples, com mangas compridas e um caimento até abaixo do meu joelho não melhora minha aparência, mas eu não queria estar bem.

Eu queria Diana de volta.
Eu queria abraçar minha irmã e dizer tudo que eu não disse nos últimos meses em que ficamos brigadas.
Eu nunca mais teria nada disso.

Essa era a pior parte.

— Vivian – mamãe chama da porta, olhando para ela através do meu espelho, vejo como sua aparência está cansada, ela está frágil, e posso ver como não tem mais forças para se manter firme, o que era difícil de se ver. Normalmente, mamãe mantinha sua pose perante todas as situações possíveis, mostrar seu poder era sempre importante, mas hoje, não.

Ela suspira, sua mão segurando na maçaneta.

— Vamos, querida. Você deve se despedir de sua irmã antes de partirmos para o enterro.

Engulo o nó em minha garganta, meus dedos apertam o tecido suave do vestido e deixo as lágrimas rolarem.

Me despedir.

— Ok, mamãe – sussurro, sem forças para dizer algo mais.

Descendo as escadas, vejo que há alguns amigos de papai presentes, todos eles veem à mim e mamãe, e caminham até nós para nos prestar seus sentimentos e desejar forças. Eu apenas sorrio fracamente e agradeço.

Depois de alguns minutos, caminho até o caixão aberto, o rosto pálido de minha irmã, seus olhos fechados, o cheiro da morte em minhas narinas. Tudo é demais para suportar, mas continuo pegando cada pequeno detalhe que ainda me resta, ciente de que todos olhavam para mim.

Ajeitando uma mecha do seu cabelo, deslizo a ponta dos meus dedos por seu pescoço, percebendo o exagero na maquiagem, o pó sai em meus dedos, mas ignoro isso. Inclinando-me, beijo sua testa, suspirando para tentar conter a chuva de lágrimas, mas é estúpido, já estou me engasgando em meu próprio choro.

— Eu amo você, Diana – sussurro — Sinto muito por não ser a irmã perfeita para você. Eu queria ter mudado isso, mas não tive tempo, eu sinto muito, me perdoe, minha irmã.

A mão suave de papai toca meu ombro, fazendo-me olhá-lo e me ajeitar, ele suspira, cansado.

— É hora de fechar o caixão, querida. Volte até sua mãe, ela precisa de você.

Aceno com a cabeça, afastando-me de papai para caminhar até minha mãe. No meio do caminho, hesito. Christopher está aqui. Parado no canto do salão, vestido em roupas pretas e com o semblante sério e frio, como sempre. Mas há tanta tristeza em seus olhos enquanto ele encara o corpo de Diana no caixão, que sinto vontade de caminhar até ele e abraçá-lo, mas eu jamais faria isso com o assassino da minha irmã.

Ele prometeu protegê-la.
Agora, Diana está morta.

Percebendo meu olhar sobre ele, Christopher me encara, nossos olhares se conectam, e é como se estivéssemos conversando em silêncio, nada precisa ser dito. Mamãe grita e chora, e sei que o caixão foi fechado.

Ao olhar novamente em direção de Christopher, vejo-o indo embora.

Caminho até mamãe, a pego em meus braços e choro com ela, observando o caixão passar por nós, à caminho do cemitério.

Christopher Lewis

Entrando em meu carro, puxo o telefone do meu bolso e respiro fundo antes de atender a ligação, meu peito estava doendo. Ver Diana naquela condição quebrou algo em mim, eu nem mesmo consegui me aproximar de minha amiga.

Eu, que presencio a morte todos os dias e arranco a vida de pessoas, hoje, à temi.

Ao ver o número de Miles na tela, atendo.

— Lewis – digo, esperando que ele fale.

— Parece que você estava certo sobre seu pai, Jeremiah, estar no meio disso tudo.

Sinto a raiva correr pelas minhas veias.

— Continue. – ordeno, baixo e profundo.

— O momento em que Diana sai de casa coincide com o momento em que seu pai, minutos antes, conversa com alguns seguranças, e depois que Diana sai de casa, há um movimento de carros a seguindo da sua casa.

— Os seguranças. Provavelmente meu pai os pagou à mais pelo serviço. Ele ainda é o chefe, obviamente, iriam obedecê-lo.

— O que eu não entendo – Viktor para e pensa — É.. se houve combate corpo a corpo, por que o corpo dela foi encontrado no avião?

— Talvez seja a cortina de fumaça – digo ríspido, minha mão no volante tornando o aperto mais firme — Ou, muito provavelmente, eles a seguiram para garantir que o plano ocorreria como o esperado.

Viktor pragueja — Talvez eles estivessem ali apenas para uma segunda opção, eles não iriam encarar Diana em uma luta.

Ninguém em sã consciência faria.

— Algo mais? – pergunto.

— Chequei os seus carros, e procurei movimentos pelas câmeras das ruas durante o dia, e advinha?

— Eles visitaram o aeroporto onde Diana iria sair para a missão?

— Sim – Viktor afirma — Ao que tudo indica, seu pai é mesmo o responsável pela morte de sua falecida noiva.

Respiro fundo, eu queria ir até ele e destroçar todos os seus ossos com minhas mãos. Me banhar com seu sangue e enfiar sua cabeça em uma lança, apenas para admirar meu serviço todas as noites antes de dormir.

— Christopher – Miles chama — O que você pretende fazer?

— Parece que minha rebelião começará mais cedo. Junte meus contatos e meus homens que arrumei durante esses anos, contate-os e os deixe ciente que haverá, muito em breve, um novo líder na Lewis Security.

— Certo. Você precisa de ajuda com seu pai?

— Não. – nego — Eu tenho isso.

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Boa leitura! ❤️

Casamento por contrato - A verdade por trás dos murosOnde histórias criam vida. Descubra agora