— Finalmente apareceu, Vossa Alteza!
— Não enche, Eldric! Sabe que odeio quando você me chama assim! — bradei, estreitando os olhos para ele que logo percebeu minha raiva.
Ele me puxou pela cintura para perto de si, envolvendo-me com seus fortes braços. Colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, beijou-me. Todas as minhas frustrações e aborrecimentos foram substituídos pela maravilhosa sensação de várias borboletas inundando meu estômago. Somente Eldric era capaz de despertar isso em mim.
Sempre que nos beijávamos, parecia que eu voltava à nossa infância, ao dia em que conheci o amor da minha vida. Exatos dez anos haviam se passado, muitas coisas mudaram, mas o sentimento que nutríamos um pelo outro apenas aumentava.
— Desculpe-me, El. Não queria ter gritado com você... — desculpei-me, ainda em seus braços.
— Está tudo bem, pequena. Sei bem o inferno que deve estar sendo para você — ele sussurrou no meu ouvido, fazendo-me arrepiar por completo. Coisa em que ele era especialista em me fazer sentir. — Acho que essa caçada lhe fará bem.
— Onde estão os outros?
— Logo chegarão. Kael acabou ficando preso na ferraria, os outros estão ajudando para terminarem rápido — Eldric respondeu, entregando um arco e uma aljava para mim; que torci o nariz ao ver a arma.
— Sabe que meu lance é espadas e não arco, não é? Ainda sou péssima no arco — protestei.
— Você é melhor que todos do bando juntos... menos eu, obviamente — ele brincou.
— Há uma coisa acima de sua cabeça... — fiz um gesto com a mão acima da minha cabeça; Eldric repetiu o gesto em seguida. — Ah, sim! Apenas seu gigante ego — falei sorrindo.
Ele pegou um pouco de neve, fez uma bola e jogou acertando a minha cabeça, declarando guerra.
— Você... — tentei falar, mas fui interrompida com outra bola de neve na barriga.
Peguei uma e acertei o ombro dele; e assim uma guerra começou. Não demorou muito para que os outros do grupo chegassem. Cada um escolheu um lado e a guerra de bolas de neve continuou por longos minutos.
Após muitas fadigas e cabelos cobertos por neve, nosso grupo — agora com apenas oito integrantes — partiu para a floresta em nossa última caçada da temporada, antes dos rapazes voltarem para as minas.
Todos estávamos em nossas posições, atentos a qualquer som que ouvíssemos, a qualquer caça que aparecesse. Por alguns longos minutos, nada foi ouvido. Então, um estalar de galhos de um cervo da neve majestoso, que teve o azar de aparecer por ali, pôs seu pescoço em nossa mira. Por ser ligeiramente atrapalhado, Kael deixou a lança escorregar de seus dedos. O barulho da lança caindo na neve fez o animal correr, colocando todos nós a correr atrás dele. Os meninos lançaram flechas e lanças, mas o animal possuía uma agilidade estupenda. O perseguimos por um longo tempo; esgueirando entre as árvores, com o ar gélido de Frosthaven ardendo em nossos pulmões.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...