— Seus olhos estão inchados — Elara, minha jovem criada, notou enquanto penteava meus cabelos.
— Não tive uma noite muito boa de sono — falei, pressionando os olhos com os dedos, lembrando-me que passei a noite anterior acordando o tempo todo e com os pensamentos repletos de preocupação. — Terá um trabalho um pouco maior hoje para me deixar como uma princesa.
— Eu gosto de desafios — Elara declarou, fazendo todo o possível para deixar meu cabelo impecável como sempre. Sorri. — Conheço essa carinha... eles voltarão bem, princesa, sempre voltam.
— O problema é que não posso depender da sorte para sempre — Elara me olhou, tristemente.
— Mamãe sempre diz que o destino é o maior dos senhores. Tenho certeza que o que ele reserva para os meninos são muitas coisas boas. Mesmo que apareça alguns... — ela parou, parecia tentar se lembrar de algo. — como é aquela palavra? Utensílios? Não. Especilhos?
— Empecilhos — a corrigi, sorrindo.
— Isso! — Elara sorriu. — Aprendi essa palavra no livro que a senhorita me emprestou. Agora eu sou a que fala mais melhor em minha casa.
— Acho que vamos ter que intensificar nossas aulas, hein? — ela sorriu, assentindo.
Elara começou a trabalhar no palácio muito cedo. Como vinha de uma família muito grande e muito pobre, não tinha dinheiro para pagar uma escola. Era um dos projetos que eu estava tentando desenvolver, mesmo com as repreensões do meu pai. Queria dar educação para todos que a quisessem, independente de suas finanças.
— Lyn, olha só o que encontrei! — Avalyn, minha irmã mais nova, adentrou meu quarto carregando sua tão amada caixa de vidro com vários insetos dentro. Ela os carregava quase sempre. — É uma borboleta!
— Uma borboleta? Aqui em Frosthaven? — falei, dando minha total atenção para ela.
Avalyn, exibindo sua grande caixa de vidro, apontou para uma borboleta azul com alguns detalhes pretos. Graças ao constante clima de inverno de Frosthaven, insetos eram praticamente raridades; então, sempre que essa raridade acontecia, Avalyn os pegava e colocava em um novo habitat pessoal, que foi apelidado por ela como "colmeia".
— Eu a encontrei na porta de seu quarto. Não é linda?
— Mamãe costuma dizer que, quando uma borboleta aparece, é um presságio de que algo grande irá acontecer — Elara falou, dando sua sincera opinião.
— Sua mãe parece ser tão incrível! — Avalyn exclamou com um ar de admiração. — Quero conhecê-la.
— Tenho certeza que ela adoraria, princesa! — Elara falou com um largo sorriso.
— Assim vou ficar com ciúmes — brinquei.
— Você também poderá conhecer ela, Lyn!
Pensei sobre a ideia. Era uma desculpa para deixar o palácio sem precisar sair escondida, e eu poderia ajudar a família da Elara de algum modo.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...