Capítulo 27

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Andei pelo extenso corredor, sentindo o peso sobre meus ombros

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Andei pelo extenso corredor, sentindo o peso sobre meus ombros. Ao passar pelo quarto que aprendi a chamar de meu, parei abruptamente. A porta estava entreaberta, e uma brisa fria escapava de lá. Abri-a ainda mais e encarei os estragos que havia causado.

O lugar estava coberto de neve. As poucas mobílias estavam completamente congeladas. A cama estava virada por completo e havia parado perto do banheiro. Das paredes pendiam afiadas estalactites de gelo. Estilhaços de vidro cobriam o chão — tudo estava uma bagunça, assim como eu.

Eu ainda não conseguia compreender o que ocorreu naquele momento. Não entendia como perdi o controle das minhas emoções, da minha magia, e por que meus cabelos e olhos mudaram completamente de cor. Minha vida estava se transformando em um interminável labirinto de perguntas sem respostas.

Fechei a porta lentamente e prossegui pelo corredor.

Olhei para algumas pinturas que estavam majestosamente alinhadas na parede, algo que eu nunca havia me detido para fazer antes. Parei diante de uma específica. Um homem, usando uma armadura reluzente, com um de seus braços ao redor da cintura de uma mulher de longos cabelos negros. Não consegui distinguir bem seus rostos, pois a pintura estava bastante desgastada.

Os dois pareciam estar no meio de uma guerra, no entanto, estavam tão apaixonados a ponto de ignorar todo o perigo ao seu redor. Era um quadro realmente belo.

"Meu pai diria que morreriam facilmente por não prestarem atenção à batalha", pensei, sorrindo internamente.

Na moldura, havia algo escrito: "A guerra é capaz de separar corpos, mas nunca almas que se pertencem". Sentei-me no chão e olhei novamente para a pintura, tentando imaginar o contexto por trás dela.

— Você está aqui... — Ýüny aproximou-se e postou-se ao meu lado. — O que está acontecendo?

— Olhe só para eles — comentei, ainda perdida na imagem à minha frente. — Parecem apaixonados, não acha?

Ýüny encarou a pintura.

— Parecem. Será que ele a salvou no meio da batalha? — ela especulou.

— Acho que não. Talvez ela estivesse combatendo ao lado dele — respondi.

— Ela não parece uma guerreira, nem está usando armadura. Mas esse vestido vermelho é incrivelmente lindo.

— Talvez ela fosse uma feiticeira — abri um sorriso ao imaginar a cena.

— Mesmo assim, olha essa guerra. Eu usaria uma armadura — Ýüny fez uma cara engraçada.

Permanecemos assim por um longo tempo, conjecturando e rindo dessas mesmas especulações. Minha amiga fada estava fazendo o mesmo que eu... ganhando tempo. Eu sabia claramente que ambas tínhamos a esperança de que algo ocorresse — como de costume —, algo que me impedisse de retornar para Frosthaven.

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