Voltei pelo mesmo caminho. Quando tive certeza de que meu pai e o rei de Solaria não estavam mais no escritório, puxei a alavanca e entrei novamente no cômodo. Olhei para a mesa; a folha do acordo já não estava mais lá. Senti minha raiva crescer novamente, mas sabia que não poderia confrontar meu pai diretamente, ou qualquer chance de parar aquela insanidade estaria condenada. Verifiquei o corredor assim que abri a porta, para garantir que ninguém me visse sair dali. Saí e fechei a porta com muito cuidado para não fazer barulho.
— O que estava fazendo aí? — Avalyn perguntou, surgindo atrás de mim.
Ela olhou para mim e em seguida para a porta do escritório. Laya estava ao lado seu lado.
— Eu... eu estava devolvendo o livro que peguei emprestado do papai — menti.
— Agora? — ela indagou, com o cenho franzido. Assenti. — Bom, mamãe pediu para que procurássemos você. Está na hora de fazer nossas anunciações.
— Então, vamos lá! Não podemos nos atrasar, não é? — falei, empurrando as duas princesinhas pelas costas, que começaram a rir.
Antes de dobrarmos o corredor, olhei de soslaio para o escritório.
Assim que chegamos à porta interna do salão principal, que ficava perto da escada para o segundo andar, os reis, rainhas e o príncipe nos aguardavam. Minha mãe estava em uma conversa animada com a rainha Lilien, ambas majestosas como uma rainha deveria ser.
Minha mãe usava um longo vestido azul, de mangas longas, repleto do que pareciam ser diamantes. Admirei o quão bela ela conseguia ser. A rainha Solariana estava usando um extravagante vestido dourado, que contrastava com toda a sua beleza. Observei o rei de Solaria conversando com meu pai e Hendry.
— Por Shyn! Você está simplesmente majestosa, princesa! — Lilien exclamou assim que me aproximei, fazendo todos naquela pequena reunião olharem para mim.
Meus olhos logo encontraram os de Hendry, que piscou para mim em seguida. O repreendi cerrando os olhos, o que fez o príncipe abrir um sorriso.
— Querida, você está completamente linda — minha mãe falou, segurando minha mão.
— Quase não reconheci a feroz guerreira de hoje cedo! — o rei Solariano falou. Forcei um sorriso.
Meu ódio por ele desabrochou ainda mais, assim que ele ousou vender a filha; já não conseguia vê-lo como alguém simpático.
— Obrigada pelo lisonjeio, majestade — fiz uma reverência.
— Não precisa dessa formalidade, minha jovem. Os considero de minha família — o rei falou com um sorriso tão largo e adorável, que ninguém imaginaria o monstro que era.
Busquei os olhos do meu pai, que estava com uma expressão triste no olhar. O que me fez ficar completamente confusa. Esperava encontrar raiva, desaprovação, algum indício de sua ira; mas seu semblante não revelava nada além de tristeza. Virei a cabeça ao som de falas altas que vinham do outro lado das grandes portas, no salão principal. Aparentemente, havia muitas pessoas ali.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...