Nas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...
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Eu estava deitada na cama quando ouvi baterem à porta. Pensei profundamente em gritar para que saíssem e me deixassem em paz. Porém, a voz doce e gentil de Avalyn expulsou completamente essa ideia.
— Lyn, posso entrar? — Avalyn perguntou, com uma certa relutância em sua voz.
— Pode, sim, Ava — respondi, sentando-me e enxugando as lágrimas que rolavam sem nenhuma permissão.
A pequena andou por todo o vasto quarto até a mesinha de canto, onde pousou sua tão amada colmeia de vidro. Sentou-se ao meu lado e, com um gesto que me pegou completamente de surpresa, enxugou uma última lágrima perdida no meu rosto vermelho e inchado de tanto chorar. Passei mais uma vez a mão no rosto. Eu odiava chorar na frente das pessoas, ainda mais na frente de Avalyn.
— Elara diz que a mãe dela sempre fala que chorar limpa a alma — com sua voz calma, herdada da minha mãe, Avalyn falou.
— A mãe da Elara é bem sábia, não é? — Avalyn assentiu com a cabeça. — Não devia estar em sua aula de etiqueta agora?
— Mamãe cancelou, disse que iremos receber visitas hoje — levantei uma de minhas sobrancelhas.
— Quem está vindo para cá? — questionei. Ninguém havia mencionado nada no desastroso café da manhã.
— Ela não falou... — Avalyn suspirou, como se estivesse envergonhada de si mesma. A encarei.
— O que está escondendo?
— Eu... escutei o papai falar algo sobre o rei de Solaria em uma reunião.
— O rei de Solaria virá?! — exclamei, completamente surpresa. Por que o rei, um Solariano, viria a Frosthaven? — Espera, espiou uma das reuniões do nosso pai?
Avalyn fitou sua mão e assentiu, com os olhos baixos. Comecei a rir.
— Quebrou uma regra? Que orgulho, passarinho! — falei, beijando sua testa.
— Foi sem querer, juro! Não conte a ele ou a mamãe — Avalyn começou a implorar, com sua carinha de súplica.
— Sabe que eu jamais faria isso.
— Sei, sim.
— Mas essa história do rei de Solaria... — murmurei.
Comecei a pensar em algum motivo plausível para que o meu pai abrisse as portas do palácio para Solarianos.
Durante muitos anos, Solaria e Frosthaven odiaram-se abertamente. Houve séculos em que a guerra era a maior ligação entre esses dois reinos. Algo a ver com a guerra que se iniciou entre as duas divindades que forjaram nossos reinos, no princípio de tudo. Após Solar, que aparentemente não teve seu poder tirado de si, queimar toda a aldeia do namorado da irmã, e Kaa despertar seu poder destruidor, as duas passaram a lutar constantemente.
Então, os Solarianos e os Eldrivianos — como somos chamados — odiaram-se durante séculos. Até que os meu tataravôs, e o rei que governava Solaria na época, decidiram que a guerra entre os dois reinos deveria dissipar-se eternamente. E foi o que aconteceu. Contudo, o ódio e o pré-conceito, que haviam sido instalados há tantos anos entre nossos povos, permaneciam fortemente.
