Olhei ao redor, não via nada além das chamas. Elas tocavam em minha pele como água, causando uma sensação que me mantinha calma. Não poderia acreditar que eu realmente era uma Dracáriana.
Durante toda minha vida, pensei que sabia quem era, o que era e o que deveria me tornar. Naquele momento, porém, eu não tinha mais certeza de nada. Eu era uma Dracáriana, isso era inegável, mas e quanto ao resto? Quem eu era, afinal? A que lugar eu pertencia de verdade, agora que Dracária não existia mais? O que seria de mim?
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Estava feliz por descobrir que pertencia àquele lugar maravilhoso. No entanto, o peso do que perderia começou a pesar sobre mim. Uma única certeza ecoava dentro de mim: se descobrissem, minha família sofreria profundamente as consequências.
Ergui-me do chão, com minhas roupas parcialmente queimadas — por sorte, a espada permanecia intacta. Iniciei minha trajetória em direção à parede à minha frente, presumindo que me levaria ao topo. Ao olhar para cima, percebi a sombra de três figuras distintas movendo-se de um lado para o outro. A lua estava incrivelmente brilhante. Lancei um breve olhar ao redor, na esperança de que os soldados ainda não tivessem aparecido; controlar a situação seria desafiador. Eles ainda não haviam chegado.
Ao me aproximar do paredão erguido à minha frente, avistei algumas pedras que poderiam ser usadas para escalar. Iniciei a subida com rapidez, afastando-me gradualmente das chamas enquanto alcançava o topo. Foi uma escalada árdua, mas finalmente consegui chegar lá
Fiquei sentada à beira, ofegante. Ao olhar para trás, deparei-me com a seguinte cena: Valandriel e Esfhy lutavam para conter Eldric — que se debatia violentamente para descer à cratera de chamas. Hendry, de pé, me encarava com alívio evidente..
— Acho que vou precisar de roupas novas... — murmurei, ainda ofegante.
Os outros três viraram-se simultaneamente na minha direção, o assombro faiscava em seus olhos. Hendry correu em minha direção, envolvendo-me em seus braços. Só podia sentir o alívio emanando dele.
— Você sobreviveu, minha deusa... eu sabia! — sussurrou em meu ouvido. Em seguida, segurou meu rosto e exibiu seu lindo sorriso. — Você sabe o que isso significa, não sabe?
Apenas assenti e repousei minha cabeça em seu peito. Seu coração batia descompassadamente, e eu adorava aquele som. Permiti-me fechar os olhos e ouvir por um instante. Isso acalmava o tumulto na minha cabeça, que não parecia se silenciar.
"O que vai ser daqui para frente? Como lidar com isso? Eu sou uma Dracáriana!".
Todas essas questões foram substituídas pelo ritmo do coração de Hendry. Peguei-me pensando se batia daquela forma por mim.
Rapidamente, Hendry desfez o abraço e afastou-se, enquanto Eldric se aproximava. Seus olhos analisaram-me de cima a baixo, sua expressão era de perplexidade.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...