Puxei o ar com força, sentindo o oxigênio invadir meus pulmões como se fosse a primeira vez que respirava em anos. Comecei a tossir descontroladamente. Ao abrir os olhos, percebi que as paredes ao meu redor permaneciam intactas.
— Você finalmente acordou... — Eldric estava próximo, segurando meu rosto entre as mãos.
A fúria tomou conta de mim, e o desejo de acabar com sua vida me dominou. As correntes que antes me prendiam à parede estavam soltas, permitindo que eu me movesse. Sem hesitar, me lancei sobre Eldric, imobilizando seus braços com meus joelhos. Desferi um soco em seu rosto e envolvi as correntes ao redor de seu pescoço, apertando com toda a força que ainda me restava. Seu rosto começou a se avermelhar, mas ele não reagiu, não tentou se defender.
Quando achei que ele iria desmaiar, nossos olhares se cruzaram, e todas as lembranças do que passamos juntos — mesmo que baseadas em mentiras — vieram à tona. Apesar do ódio que sentia, apesar de desejar sua morte mais que tudo, não consegui ir até o final. Soltei-o e me afastei, enquanto Eldric tentava recuperar o fôlego, tossindo.
— Desgraçado! — gritei, a voz embargada. — Não toque em mim, não ouse me olhar desse jeito. Eu te odeio, e me odeio ainda mais por não conseguir te matar!
Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto. Subitamente, por razões que eu não compreendia, senti o cheiro de suas emoções novamente — mas já não faziam diferença. Para mim, ele não passava de mais um monstro, igual ao pai. Sentei-me, pressionando as mãos contra as têmporas, enquanto meu coração parecia esmagado em meu peito pela simples presença dele.
Eldric se afastou e sentou-se na cadeira, ainda me encarando. Ele passava a mão pelo pescoço. O silêncio entre nós era opressor, e a dor que ele havia causado permanecia, mesmo que a maior parte da dor física já tivesse passado. Meu estômago, porém, ainda doía.
— Saia daqui, desapareça da minha frente antes que eu mude de ideia sobre matá-lo — murmurei.
O silêncio voltou a reinar. O ar daquele lugar era pesado, sufocante.
— Eu confiei em você... — minha voz saiu em um sussurro trêmulo. — Durante anos, eu confiei em você. E você me destruiu... Eu não significava nada para você? Tudo o que vivemos foi apenas um plano do seu pai? Apenas uma mentira?
— Vorak não é meu pai... pelo menos não de sangue — a voz dele era áspera, cortante. Eu mantive a cabeça baixa. — Ele me criou, e eu lhe devo muito.
O encarei com olhos queimando de raiva.
— Como se eu me importasse com isso — respondi, amargamente.
— Sempre teimosa, não é, princesinha? — ele deu um sorriso cínico. — Não percebe que está presa aqui? Não há como escapar. Está com essas correntes antimagia, que não sabe como desfazê-las ou retira-las, não consegue se comunicar com seu dragão, e está sem sua espada. Mesmo que conseguisse fugir, há Trovarghouls e Marcados lá fora prontos para acabar com você — o sorriso desapareceu de seus lábios. — Esta pode ser a última vez que tenho a chance de esclarecer as coisas para você, então vou aproveitar. Amanhã, se tudo correr bem, estarei muito longe daqui... se correr mal, estarei morto.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...