O vento gélido chicoteava nossos rostos enquanto nos dirigíamos ao local mencionado por Éry. Optei por ir a cavalo, evitando abrir um portal e recorrer à magia. Com Ava ao meu lado, não podia me dar ao luxo de atrair a atenção de um Trovarghoul, pois sabia que o cheiro da minha magia os atraía tanto.
Viajamos por horas rumo ao oeste de Frosthaven. Deixei um bilhete sobre minha cama, explicando à minha mãe que havia levado Ava para uma busca à insetos de emergência, já que ela havia tido um pesadelo e não conseguia dormir. Não desejava preocupa-la, mas tampouco podia correr o risco de que alguém descobrisse a verdade. Após um bom tempo, finalmente alcançamos o pé da montanha indicada por Ýüny por meio de um feitiço. A montanha revelou um caminho assim que recitei as palavras instruídas pela fada, e seguimos por ele, contornando curvas e desvios.
Quando enfim alcançamos o topo da montanha, o caminho desapareceu. Desmontei e amarrei a correia do cavalo a uma árvore próxima. Antes que eu pudesse voltar-me para ajudar Ava a descer, ela já estava em pé, acariciando a crina do majestoso animal. Não me surpreendia; ela sempre ganhava de mim quando apostávamos corridas a cavalo. Ava aproximou-se e segurou minhas mãos, seus olhos encontrando os meus em meio à leve escuridão, que era invadida pelos poucos feixes de luz da lua.
— Onde estão as pessoas que você quer que eu conheça? — perguntou, mas percebi uma leve hesitação em sua voz.
Naquele instante, comecei a duvidar se havia tomado a decisão correta. Ýüny era uma fada, e Ava estava acostumada com a Sra. Tini, mas ela nunca havia visto um dragão além dos vitrais presentes no palácio. Temi que as coisas não saíssem como planejado. Ajoelhei-me até ficar da altura dela, segurando suas mãozinhas.
— Ava, preciso que você mantenha a mente aberta, está bem? — ela assentiu. — Um deles não é exatamente uma pessoa, mas é extremamente importante para mim.
— Se é importante para você, tenho certeza de que é adorável — respondeu, com o tom amável herdado da minha mãe.
Um sorriso se abriu em meu rosto; não havia motivo para preocupação. Era a Ava, a menina que via beleza em insetos de aparência duvidosa e os amava sem reservas. Beijei sua testa e me levantei, segurando sua mão. Continuamos nosso caminho por alguns segundos, quando fui surpreendida por Ýüny, que voou em minha direção, envolvendo-me num abraço apertado. A abracei ainda mais fortemente.
— Você prometeu que iria me chamar caso houvesse qualquer problema — começou seu sermão enquanto apertava ainda mais seu abraço. — Quase morreu, e nem se deu o trabalho de me avisar. Se não fosse aquele Elfo, eu não saberia que os Trovarghouls tentaram mata-la novamente. Aquela mensagenzinha que enviou, não tinha muitos detalhes. Você prometeu!
Não pude conter minha risada. Como eu a amava.
— Que saudades, Ýü! — falei, entre lágrimas. — Me perdoe, têm sido dias tão intensos. Mas contei o máximo que consegui, tudo bem?
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Além da Neve
FantasíaNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...