Depois de horas caminhando, cheguei ao castelo. O sol já estava no horizonte, prestes a se pôr. Decidi passar pelos portões, pois uma ideia gloriosa havia surgido em minha mente. Ao adentrar os portões, todos os guardas olharam para mim completamente atônitos. Eu estava coberta de sangue e carregava o grande saco que levei para o treino em uma mão, e minha espada na outra.
Assim que cruzei a grande porta do palácio, entrei no salão principal, onde bailes eram dados. Uma criada me entregou um recado, informando que meu pai me queria na sala de estar principal imediatamente. Ao olhar em volta, vi que o local estava organizado para outro baile real; revirei os olhos. Mais uma vez iria ter um aglomerado de futilidades.
Havia um grande palanque de madeira em uma das extremidades do salão, no qual oito cadeiras, semelhantes a tronos, estavam dispostas. Mesas e cadeiras haviam sido posicionadas no lado direito do salão; no lado esquerdo, uma extensa mesa retangular estava posta para o banquete. Tudo estava organizado de modo que um grande espaço, provavelmente destinado a danças, fosse deixado bem ao centro.
As decorações ainda não estavam completas, porém, os criados, organizadores e serviçais corriam freneticamente de um lado para o outro. Assim que perceberam a minha presença, lançaram-me o mesmo olhar que os guardas e, em seguida, curvaram-se em reverência à medida que eu caminhava. A cada passo dado, o chão era marcado com manchas de sangue, deixando todos presentes sem palavras.
À medida que eu avançava pelo corredor do salão principal em direção à porta da sala de estar principal, comecei a sentir o mesmo calor de mais cedo. Havia vozes, conhecidas e desconhecidas, saindo de dentro do aposento. Então, entrei na sala onde reis, rainhas e um príncipe estavam reunidos à minha espera. Como eu imaginei, fui recebida por todos com olhares de completo espanto.
— Desculpem-me pelo atraso, tive um pequeno imprevisto em meu treinamento — falei, colocando o saco sujo de sangue no chão e minha espada de volta em sua bainha. — Majestades, alteza, é um enorme prazer conhecê-los — disse, curvando-me em reverência aos monarcas desconhecidos ali presentes.
Em seguida, peguei uma taça de vinho e, virando-a de uma só vez, bebi todo o conteúdo contido no refinado copo, sentido o doce sabor descer pela minha garganta.
Ninguém conseguia emitir uma única palavra. Todos olhavam para mim com espanto nos olhos. No entanto, havia uma expressão; um sorriso, vindo do príncipe de Solaria, que momentaneamente me deixou desconcertada.
— O que significa isso, Kaalyndra?! — meu querido pai esbravejou. — Está a enlouquecer?
— Eu estava com sede, papai — coloquei a taça de vinho sobre a mesa. Em seguida, peguei um dos pãezinhos doces que eu sabia terem sido feitos por Zerphy especialmente para mim. — E com muita fome.
— Por que veio aqui... desse jeito? — apontou para as minhas vestes.
— Como assim? — fingi não entender ao que meu pai se referia. — Estou apenas cumprindo suas ordens. Vim imediatamente para cá, assim que cheguei. Não foram essas as ordens?
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...