Capítulo 53

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Todas as coisas que Eldric disse para mim serpenteavam em minha mente, e a urgência de sair dali se tornava insuportável

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Todas as coisas que Eldric disse para mim serpenteavam em minha mente, e a urgência de sair dali se tornava insuportável. Eu precisava salvar as pessoas que amava e o meu reino. Mesmo que eu não fosse a princesa legítima, ainda eram os meus súditos. Olhei para o teto, tentando imaginar uma forma de deter tudo aquilo, de parar aquela insanidade. O que seria preciso fazer? O que raios os deuses queriam de mim? Éry, de fato, era a resposta?

Estanquei o sangramento em meu abdômen com a mão, e apenas uma olhada no ferimento foi o suficiente para saber que talvez eu sequer chegasse viva para tentar ajudá-los. Supliquei com todas as forças para qualquer divindade que pudesse me ouvir naquele momento. Era a única coisa que eu podia fazer enquanto esperava a tal pessoa que Eldric mencionou. Mesmo sabendo que não me ouviriam, que não se importavam conosco, era o único alento a que eu podia me agarrar naquele momento. Supliquei para que eu chegasse a tempo, para que tudo aquilo não fosse apenas mais uma mentira de Eldric, e para que tudo ficasse bem no final. Cenários em que tudo seria destruído irromperam em minha mente como ondas cortantes de um mar em fúria. Seria um presságio do que estava por vir?

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da grade se abrindo abruptamente. A pessoa que vi parada ali, me encarando com a mesma expressão protetora de sempre, fez meu corpo travar. Ele estava com os cabelos mais longos e parecia mais forte também.

— Temos pouco tempo para tirar você daqui, venha — sua voz soou urgente, e senti um nó se formar em minha garganta. — Ka, por favor, se nos pegarem agora, estaremos mortos!

Pisquei algumas vezes e caminhei em sua direção. Ao me aproximar, puxei-o para um forte abraço, que ele retribuiu sem hesitar. Senti o alívio nos preencher.

— Não faço ideia de como você entrou nessa... — falei, apertando-o ainda mais, minha voz falhando. — Mas você não imagina o quanto estou aliviada por saber que está vivo, Kael.

Ele se desvencilhou e pude ver um sorriso gentil em seu rosto, o mesmo sorriso que eu recebia quando errava uma flecha em nossas caçadas.

— Me perdoe por ter escondido isso de você por tanto tempo. Tentei convencer Eldric a parar com essa loucura diversas vezes... Eu falhei com você — ele olhou para o ferimento em meu abdômen, onde o sangue se esvaía sem cessar. Seus olhos brilharam em um tom de vermelho em meio às lágrimas que se formavam, mas aquilo não me assustava. Ele ainda era o mesmo.

Um feitiço entoado em meio a sussurros foi o suficiente para fechar o ferimento por completo, o que não foi surpresa para mim. Kael sempre foi um ótimo curandeiro.

— Você é um Marcado... — atestei, em um sussurro.

— Sou... mas não exatamente. Eu não precisei matar meu pai, e não conseguiria mesmo se quisesse, já que ele é um Marcado poderoso... Já nasci assim, mas...

— Você não sucumbiu — ele assentiu. Outra onda de alívio me inundou.

Havia uma diferença óbvia entre quem escolhia o bem ou o mal. Ele conseguia esconder a coloração dos olhos, mesmo usando magia. Me perguntei se era uma dádiva deixada pelos deuses em meio a essa maldição.

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