Acordei com o céu ainda encoberto por nuvens escuras. Parecia que uma grande tempestade havia ocorrido enquanto eu dormia.
— Estranho, a Sra. Tini disse que não chovia em vulcões... — murmurei para mim mesma.
Balancei a cabeça decididamente. Não podia perder mais tempo. Era hora de voltar ao Palácio de Cristal, recolher minhas coisas e abandonar Dracária para sempre.
Abri um portal para o salão de bailes e o atravessei. Todos estavam sentados à mesa, envolvidos em suas conversas, e levantaram-se ao me ver. Ao vê-los reunidos, um nó apertou minha garganta, e as lágrimas insistiram em aflorar. Mordi o lábio inferior, lutando para contê-las.
— Minha querida, por que estás molhada? Onde está Éryagonn? — Faeryn perguntou, com as sobrancelhas arqueadas de preocupação. — O que aconteceu?
Essas pequenas perguntas foram a gota que faltava para romper a barragem. Lágrimas começaram cair sem permissão. Passei correndo por todos em direção ao meu temporário quarto — mais temporário do que eu gostaria. Ao adentrar o cômodo, comecei a recolher todas as coisas que trouxera comigo ou ganhara de outros seres mágicos. Batidas na porta ecoaram e o rosto preocupado de Ýüny surgiu pela fresta recém-aberta, seguido por Hendry e Valandriel. Acenei com a cabeça para que entrassem e continuei a pegar tudo o que iria levar.
— Por que está guardando suas coisa? — Hendry perguntou, aproximando-se de mim. — O que está acontecendo?
O encarei. Como eu iria contar a ele que, por culpa minha, nunca mais pisaríamos no lugar que ele chamou de lar?
— Poderia me passar a adaga feita com ouro de Goblin, por favor? — falei, desviando o olhar. — Está na cômoda atrás de você.
— Fadinha, o que está acontecendo? — Ýüny se aproximou e segurou minhas mãos.
Olhei para o rosto preocupado da minha amiga e permiti que meus ombros caíssem, sentindo a tensão se dissolver lentamente do meu corpo. Suspirei aliviada. Como uma fada, um dos poderes mágicos de Ýüny — além de lançar feitiços — era controlar as emoções de qualquer ser vivo, bastava que ela os tocasse. Exceto pelos Trovarghouls.
— Já falei para você não usar isso em mim — reclamei, apesar de estar bem agradecida.
— Eu precisei. Olha o seu estado!
— Nos conte o que está acontecendo — Hendry falou novamente, entregando-me a adaga.
Olhei para Valandriel, que estava com os braços cruzados diante da porta. Sua expressão transparecia calma, mas senti o cheiro de uma leve inquietação emanando dele. Fechei os olhos e soltei todo o ar que estava nos meus pulmões; sentei-me na cama e contei todo o ocorrido, inclusive a estranha tempestade que eles confirmaram ter chegado ali também.
— Eu não posso acreditar que aquele crocodilo gigante fez isso! — Ýüny exclamou, transparecendo sua raiva. — Eu vou arrancar cada uma das escamas dele!
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...