Voamos por dois dias e meio, com insultos e provocações entre Éry e Hendry, muitas paradas para comer — já que Éry havia passado mil anos sem se alimentar — e pegar suprimentos. Graças ao tamanho do dragão, conseguíamos dormir tranquilamente em suas costas. Tentei fazer minhas perguntas nesse meio tempo, mas ele permanecia fechado a elas, focado unicamente em chegar a Dracária.
Quando chegamos a algumas terras montanhosas com um clima frio, senti o ar mudar. Uma neblina densa começou a surgir conforme avançávamos. Após passarmos por ela, foi possível vislumbrar uma vasta floresta. Continuamos em frente por mais algumas horas.
Chegamos a um lugar que parecia completamente abandonado. De alguma forma, pude sentir o coração de Éry acelerar. Eram terras muito extensas, maiores que Frosthaven; supus ser Dracária. Todas as casas do lugar estavam completamente destruídas; haviam casas queimadas, algumas sem teto e paredes, como se algo pesado tivesse caído sobre elas, enquanto outras só restavam escombros.
Seguimos diretamente para o enorme palácio que ficava acima de todo o reino, sobre uma montanha. O lugar estava completamente intacto e majestoso, muito maior que o meu próprio palácio. Um grande jardim, que estava parcialmente morto, serpenteava entre um grande portão e as portas do castelo. Descemos das costas de Éry e seguimos pelo jardim para dentro do belo palácio.
Ao entrarmos, senti algo mudar dentro de mim; minha energia e força pareciam ter aumentado — o cansaço que eu estava sentindo havia desaparecido. O palácio era muito maior por dentro, de modo que Éry poderia ficar com suas asas abertas tranquilamente. A primeira coisa que vimos foi um grande salão que possuía duas galerias nos dois lados; estava repleto de vitrais com dragões desenhados e candelabros que pareciam cristais pendendo do teto. Éry disse que ali eram realizados bailes todos os meses.
Atravessamos o grande salão em direção a uma grande escada de mármore que possuía degraus largos e amplos — provavelmente projetados para permitir a subida dos dragões —, nos levando à sala do trono. Lá, um lindo e magnífico trono feito de cristais brancos repousava sobre um pequeno palanque de mármore. Não sabia como aquele lugar havia sobrevivido a seja lá o que tivesse acontecido ali.
— Kaly... — Hendry sussurrou, ele estava me encarando com uma expressão assustada. — Seus olhos...
— O que tem meus olhos? — sussurrei de volta.
— Estão brancos... quero dizer, estão brilhando — Éry parecia estar imerso em seus próprios pensamentos, pois não escutou o que estávamos falando.
Peguei um pequeno espelho que sempre carregava comigo e me assustei ao ver meus olhos daquele jeito. As íris estavam com um tom de branco que nunca consegui identificar, e brilhando. Normalmente, isso ocorria quando eu usava magia, o que me deixou ainda mais confusa. Fechei os olhos e os apertei com os dedos, na esperança de que voltassem ao normal. Funcionou. Hendry me olhava com o cenho franzido; eu o encarei e dei de ombros.
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Além da Neve
FantasyNas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os mais próspero e dominantes. Em um desses quatros reinos, chamado de Frosthaven, onde o inverno incessante era sua principal característica...