8

1.1K 115 8
                                    


O telefone chama e nada de respostas, olho para trás vendo o carro de Rex sair disparado e a raiva cresce em meu peito, mais uma pessoa que ele me tirou. Esse desgraçado...

— Max? — escuto a voz de Félix e solto o ar que nem havia percebido que prendia, encarando o celular — Max, é você?

— Sou! Sou eu, Fé — falo, sentindo as lágrimas umedecerem meu rosto — onde você está, meu amor? Você está bem?

— Estou no seu carro! — Fungo o nariz, arqueando a sobrancelha por me aproximar do mesmo e vê-lo vazio.

— Não, não está! — encaro-o sem entender.

— No porta-malas — raciocino e caio na gargalhada, indo até o mesmo, abrindo-o e vendo-o todo encolhido lá dentro, me fazendo rir ainda mais, sentindo o alívio percorrer minha espinha. — Desculpe, tirei a máscara para respirar! — ele coloca a mesma e pega minha mão que estendi, como impulso para sair. Abraço apertado o homem enorme e ainda sem camisa que jurei nunca mais poder ver  — Desculpe, Max, me meti em uma furada hoje! — diz e eu abraço-o ainda mais.

— Não importa. Estou feliz em você estar bem! — ele relaxa — vamos, me conte no caminho e tentaremos resolver, independente do que for — ele concorda, entramos no carro e dou partida.

— Achei um negão musculoso e bonito —  olho-o rapidamente — não me julgue, você também pegaria! — inclino a cabeça, refletindo.

— Verdade, continua! — ele ri brevemente.

— Ele me chamou para um canto, chegando lá era armadilha, eles me ameaçaram para dizer quem é você — fala rápido e eu freio de uma vez, olhando-o.

— Porra, você falou? Eles te bateram? Felix, eles te estupraram? — pergunto, preocupada. Sei das coisas de que eles são capazes e não são coisas boas.

— Não, quer dizer, me deram um soco! — olho-o sem entender, só um? Isso é bom, porém estranho — Rex os matou antes que arrancassem minha máscara. Ele me perguntou onde você estava, eu disse, aí ele me escoltou de volta à multidão e me disse para tomar cuidado, que da próxima vez ele deixaria me matar. Um fofo, né? — debocha e eu suspiro aliviada, ligando o carro novamente — sério, ele me disse isso, só que de forma bem... assustadora — dou risada por saber sobre seu jeito ameaçador — sou grato a ele, eles teriam descoberto quem sou e me matado.

— Obrigado por não ter falado! — sorri para mim.

— Jamais! Morria, mas X9 nunca! — batemos as mãos — não vai me deixar voltar, né?

— Não, pelo menos até pegar o Mike, ele está trabalhando com a polícia atrás de mim e Rex. É perigoso para você e sua família.

— Ok, sei que não vai demorar até você mandar eles para o segundo plano — sorri de canto, verificando se não estamos sendo seguidos e entro no estacionamento particular da padaria, pressiono o controle e a parede falsa se abre, entramos e se fecha automaticamente. Hanna fez um sistema particular para toda vez que eu passar pela porta, as imagens da última uma hora de todo o quarteirão se apagarem, sendo substituída por uma normal, não deixando rastros da minha entrada por câmeras. Acelero no túnel enorme, com luzes automáticas nos rodapés e pilastras altas, iluminando à minha frente, deixando para trás um breu.

— Você ficava com medo quando eu matava, o que mudou? — Ele tira a máscara pensativo e eu faço o mesmo.

Já é seguro.

— Nada, sei que você não vai me matar — sorri amarelo — meu pano é rosa com glitter, para minha serial killer em ação favorita — ri do apelido — e que parece um porco — zoa, minha risada é abafada por um suspiro de dor — ele ri também e para, me olhando, ou melhor, olhando para meu corpo — Lorry, o que houve? Você está ferida?

— Só um pouquinho! — estaciono o carro e ele bufa. Estou fingindo para mim mesma que a dor não está me matando, e a fraqueza não existe.

— Merda, Lorry — pisco meus olhos, vendo as coisas rodarem e minhas pálpebras pesarem — vou te levar, calma! — ele sai do carro às pressas e eu pisco, mantendo o foco, tentando não ceder à vontade de dormir — vêm! — ele rodeia uma mão na minha cintura e a outra por baixo dos meus joelhos.

— Não precisa disso, seu bobo, não estou morrendo! — alerto, me aconchegando em seu peito, rodeando seu pescoço.

— Sei que você é durona, mas faço questão — autorizo por achar fofo de qualquer forma e adentramos a sala.

— Meu Deus, o que houve? Ela está bem? — Cris faz alarde, em preocupação.

— Lorry, o que houve? — Hanna me chama.

— Calma, estou bem! — aviso e ele me leva até nossa enfermaria improvisada, optamos por ter uma, já que é sempre útil.

— Estou vendo mesmo, você quem está sangrando e eu quem estou alucinando — Cris fala em deboche e eu olho para minha perna que pinga sangue, junto ao meu braço e abdômen ferido. Félix me coloca na maca.

— Ele é tão bom quanto dizem! — declaro.

— Você jura? — Cris ironiza. Eu olho-o seriamente e ele sorri para mim. Cris adora me irritar com seu sarcasmo irritante — tenho que lhe manter acordada, nem que seja para me bater — pisca, revelando seu plano.

— Vou te costurar, flor, relaxe, não morreu antes, não morre agora! — sorri fraca, recebendo um carinho na bochecha de Hanna. Ela vai lavar a mão e colocar as luvas rapidamente — não vou nem perguntar sobre a anestesia, então...— ela rasga minhas roupas com a tesoura. Félix segura minha mão, me dando apoio, e eu fecho meus olhos, apertado.

— A pressão dela está alta, os batimentos acelerados, vou aplicar anestesia, a dor tem que parar e a febre abaixar! — Cris vai até a gaveta.

— Aaaaaah — grito, sentindo ela jogar o líquido esterilizador — vaca! — rosno, sentindo a ardência horripilante, segurei a mão de Félix tão forte, a ponto de achar que vai quebrar. Coitado.

— Ninguém mandou não gostar de anestesia porque quer suportar a dor — Hanna esfrega em minha cara e eu rosno, soltando-os.

— Mas desta vez vai! — Cris aplica anestesia. Depois de eles limparem, Hanna deu ponto, fizeram transfusão de sangue já que eu havia perdido muito e apaguei ali mesmo.

•••

Acordo da minha névoa de sono com o barulho do despertador tocando. Suspiro brava, com a vontade de gritar, mandando até a parede se fuder e depois  simplesmente voltar a dormir. Apalpo meu arredor à procura do celular e desligo o alarme que sei marcar 7:00 da manhã. Sinto meu braço esquerdo espetar quando mexo e abro meus olhos, vendo a agulha do soro no qual nem vi eles trocarem durante a madrugada. Arranco a mesma e levanto-me, gemendo de dor, parece que um caminhão passou por cima de mim e deu ré, DUAS vezes. Olho para o espelho, vendo minha imagem assustadora, meu corpo coberto por apenas um conjunto íntimo preto de renda, o resto está todo roxo, algumas partes com pontos, meu rosto e os antebraços são os únicos intactos. Caminho até meu quarto, indo diretamente para o banheiro ( sim, ela tem um quarto na base, é o quarto da Max com suas roupas e fantasias extravagantes), jogo minhas roupas íntimas no cesto de roupa suja e fecho o box, ligando a água. O jato forte encharca meus cabelos, escorrendo por meus ombros, traçando todo meu corpo, sinto um pequeno ardume nos hematomas.

Passo as mãos por meus lábios inconscientemente, lembrando-me daquele beijo, ele beija bem...muito bem. Não tenho prática nenhuma em qualquer atividade sexual, além de provocação e beijo. Mas aquilo não foi só um beijo, ele me levou do inferno ao céu em apenas um toque... desgraçado, o que fez comigo? Foco, Hellory, ele é um monstro!

My wife Onde histórias criam vida. Descubra agora