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Henrique wistcher.

Ando pelos corredores em direção à sala de música, ao menos uma coisa boa, essa escola tem. Mudar-me para cá é a pior decisão que já tomei, mas sei que aqui é onde a tal Max se camufla. Minhas fontes falaram que ela estuda aqui, o que faz total sentido por só haver duas escolas públicas em Cancún e a outra ser um lixão. Já tenho vinte anos, me formei há um tempo, mas pela aventura de perseguir ela e revelar sua verdadeira identidade, voltei ao terceiro ano do ensino médio, mas até agora, de todas as meninas que vi, nenhuma se classifica em sua personalidade ou no que me falaram sobre ela, aqui só tem meninas assanhadas e que ficam jurando ter uma chance comigo. Passo por uma sala com música clássica, alta e calma, pelo menos alguém tem bom gosto aqui. Através do expiatório da porta, vejo duas pessoas dançando ballet, um homem e uma mulher, aperto meus olhos e vejo Hellory, a ruiva com quem eu conversava minutos atrás, ela rodopia graciosamente e o cara que vi na sala também, engancha sua cintura, a suspendendo do chão. Arqueio a sobrancelha, nada surpreso, ela tem todos os três jeitos de nerd que ouve música clássica, lê dois livros por dia e dança ballet. Não suporto o fato de que precisarei fazer um trabalho com ela, ela parece insuportavelmente chata. Continuo rumo à sala de música, sendo ao lado e adentro a mesma vazia. Pego o violino e sinto toda a aflição ir embora em apenas uma nota. 

••••

Me encosto no sofá preguiçosamente, olhando a janela com a vista ensolarada e a falsa visão de um mundo perfeito. Sinto meu celular vibrar e vejo a notificação de Hellory, reviro os olhos, havia me esquecido de que ela já estava vindo.

Mensagem onn:

Lorry: Cheguei! 

Henrique: Tá.

Lorry: Abre aqui. 

Henrique: Não.

Lorry: Abre logo, Henrique.

Henrique: Tô indo, aff. 

Mensagem off.

Levantei-me, indo até a porta sem pressa alguma, não me importo de a deixar esperando. Destravo a porta, abrindo-a para a mesma. Meus olhos percorrem seu corpo e arqueio a sobrancelha. Ela usa uma calça jeans e uma blusa branca larga. Surpreso, é assim que estou! Todas as garotas que já vieram à minha casa se arrumam exageradamente, com roupas coladas, curtas e decotadas, mas ela não parece nem ligar. 

— Oi… — soa tímida diante de meu olhar e dou um passo para o lado, dando passagem a ela. Ela entra e eu fecho a porta sem nenhuma delicadeza, fazendo-a quase dar um pulo de susto. Caminho casa adentro sem ficar à sua espera e ela me segue com olhar curioso a todos os cantos — sua casa é bonita. 

— Eu sei. — falo seco, já cortando papo furado, mesmo sabendo que ela aparentemente não tem segundas intenções. Ela realmente parece uma freira. Caminhamos em silêncio até o meu quarto no segundo andar — pode sentar, não fique a vontade! — ironizo e ela assente, sentando-se na cadeira à beira da mesa média em meu quarto. Ela coloca a bolsa em seus pés e se encolhe contra a cadeira, de cabeça baixa, exalando timidez. — Pois então, o que é para fazer no geral e o que eu farei? — Ela abre sua mochila, tirando um caderno e um estojo enorme. Apanho a sacola que havia em suas mãos anteriormente, com uma cartolina grande.

— Império Tudor, teremos que fazer um mapa mental. Estou pensando em uma ilustração na metade do cartaz e a biografia na outra metade, o que acha? — Animação sutil em seu tom. Quem fica animado em fazer trabalho de escola? 

— Pode ser. 

— Você desenha bem? — inclino a cabeça.

— Sei o básico, consigo fazer, só me passa uma foto como base — pega o celular e pesquisa algo. Analiso seu rosto delicado, sardinhas fofas no nariz e olhos verdes. Nada mal. 

My wife Onde histórias criam vida. Descubra agora