seventy-one

459 58 39
                                    


Uma semana depois...

— Bom dia Rosi — abraço a senhora que retribui e me dá um beijo na bochecha

— bom dia querida, dormiu bem? — assinto com um sorriso — aliás, o patrão me pediu para fazer um relatório para saber se precisa de algo, quer você mesma assinalar? — Franzo o nariz e assinto indo até o balcão com uma prancheta — ele foi trabalhar tem uma hora.

— ah, eu vi as flores, ele sempre deixa na porta antes de ir, já está virando uma botânica no meu quarto — bufo me sentando e ela sorri

— isso é amor querida, ele está tentando, não sei o que fez vocês brigar, mas ele ama você e se preocupa demais — a olho fixamente

— tô querendo ficar longe desse amor Rosi, mas fazer o que né? — ela dá de ombros me servindo um café e pão com presunto e queijo — obrigado meu amor, você comeu? — ela nega pegando seu prato e eu puxo a cadeira para ela se sentar ao meu lado. Tomo um gole de café e fito o pequeno papel escrito " relatório".

‌dor no corpo ou mal estar?
‌está se alimentando bem?
‌precisa de algo?
R: que você a liberte!
‌ está bem o psicológico dela?
‌acha que ela está apta para o retorno de celular e notebook?
‌saiu do quarto hoje?

— Pronto! — falo e ela assente, pego meu pão dando uma mordida.

Henrique vai ao meu quarto tentar falar comigo todos os dias quando chega a noite, por volta das 19:00 horas e eu sempre ignoro. Eu tomo banho, janto e me tranco no meu quarto sempre antes deste horário, para evitar encontros. Às vezes ouço sua melodia vindo da sala de música, ele é um filho da puta, mas toca tão bem! Mesmo que seja apenas coisas depressivas. Ele sai às oito da manhã para trabalhar e eu posso andar pela casa, fazer academia, ir na piscina, dançar ballet em minha sala, conversar com Rosi e a obrigar a me ouvir falar sobre meus livros que Henrique me dá coitada ( ele todos os dias deixa Flôres, chocolate, cartas que nem leio e presentes diferentes em minha porta pelas manhãs).

Até que está menos ruim do que eu imaginei, mas ainda sim quero sair, estou a sete dias sem notícias nenhuma de minha família e sendo mantida em cativeiro.

— querida, amanhã é minha folga, não virei, quer que deixe alguma coisa preparada? — nego

— eu consigo sozinha, meu bem, obrigado e curta sua folga — ela sorri e assente. Eu e Rosi ficamos conversando por bastante tempo e eu implorei a ela que me deixasse ajudar a fazer o almoço e ela com muito receio deixou. Coloquei música e dançamos enquanto fazíamos escondidinho de frango e queijo, com arroz e batata palha. Depois do almoço, Rosi foi embora e me deixou naquela grande casa sozinha com Zion, lemos livros juntos, alimentei ele para não ficar de mau humor e brincamos de pega-pega pela casa, cheguei na conclusão de que não se dá para brincar de corrida com um tigre, ele vai te pegar!

Por volta das 18:00 tomei banho e entrei para o quarto com meu filho e várias guloseimas para mim e uma bacia de petiscos de carne crua para ele e assistimos filme. Duas horas se passaram e eu escutei o violino, desliguei a TV e fiquei apreciando o som — se ele já chegou, por que não veio aqui como sempre? — dou de ombros e abraço Zion, acabamos os dois dormindo ouvindo a música calma.

•••

Sinto meu rosto ser lambido e sorri — bom dia meu amor — abraço Zion que está agitado — hum...acordou feliz é? — ele ronrona e eu sorri olhando seu rostinho ameaçador para muitos, mas fofo para mim. Adoro dormir com Zion, ele ocupa bastante espaço por gostar de se jogar na cama, mas fica quietinho e me deixa abraça-lo. — Estou dormindo com Zion dia sim e dia não, eu e Henrique intercalamos.— Zion pula da cama e fica pulando perto da porta querendo sair e eu bufo com preguiça de levantar e ele ruge — já vai bebê, mamãe está indo! — me levanto e vou até a porta a destrancando e ele sai, fito a porta vazia e arqueio a sombrancelha, aperto meus olhos estranhando, mas ignoro, quem sabe ele se tocou né. Ou será que está de Casinho com alguma vagabunda na rua? Ele se cansou de mim, foi? Puto!

My wife Onde histórias criam vida. Descubra agora