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— Henrique, o que houve? — repito

— nada amor, só uma febre boba, é só dormir que passa — arquei a sombrancelha.

— não mesmo, vem tomar um banho, vem! — me levanto e ele murmura insatisfeito com a tentativa de solução — sem birra meu bem, vem, se não abaixar te levo ao médico!

— não, por favor.

— Então, tome um banho, depois vemos o que fazemos. Fica na banheira um pouquinho — faz biquinho — eu fico com você, vamos — sorri vindo feito criança. Ligo a banheira na água gelada e a mesma se enche, Henrique retira a blusa e em seguida o resto. Com receio de entrar na água, ele me olha fixamente.

— está gelada — eu cruzo os braços e ele bufa entrando — que maldade — range os dentes tremendo.

— o que ouve meu bem, está sentindo mais alguma coisa, dor ou...sei lá? — ele nega — o que foi fazer lá? — pergunto tirando o resto da minha roupa, entro devagar sentindo o frio congelante percorrer meu corpo, quanto mais eu afundava, abraço o mesmo que está mais frio agora. Sento em sua coxa e o olho seria — tem algum efeito em humanos ir para lá? — ele nega, sei estar escondendo algo — olha só amor, não te forçarei a dizer nada, mas me preocupo com você preciso saber se pelo menos ficará bem, confia em mim para pelo menos isso? — ele suspira

— não é isso princesa...eu só não quero lhe preocupar — me beija — ficarei bem sim, só preciso descansar.

— me preocupar com o que Henrique? Pode falar se quiser, estou aqui para te ouvir — me olha incerto e desvia parecendo envergonhado e eu assinto já entendendo — o que fez? Como os matou? — pergunto calma e sua pupila dilata, mas ele recupera a frieza e suspira fundo.

— fui em Artens 3 para falar com Alifer, ele saberia me dizer onde está o corpo de meu pai — assinto, mesmo em dúvida, se ele o matou, como não sabe? — ele sumiu no rio, na época achava que não importava, principalmente por não sair em jornais, que fora encontrado. Mas agora importa, estão achando muitos corpos lá e iniciaram uma busca por mais, se o acharem e fazer altopcia...sei lá, se tiver alguma forma de descobrirem quem é, pode levantar suspeitas a mim como Henrique, não Rex e...acabaria de vez com a possibilidade de ser aprovado no processo de aptidão, para adoção — suspiro o olhando — desculpa por não poder...

— ei pode parar, não tem que pedir desculpas — falo segurando seu rosto e ele me olha fixamente envergonhado — não lhe culpo por isso, está tudo bem se não der, temos um ao outro e Zion — sorri para ele.

— mas eu também quero, imagina termos uma criança pequena correndo pela casa — sorri imaginando — mas eu não posso te dar isso. E sou egoísta demais para deixar outro te engravidar...nunca, nem pense! — dou risada — mesmo que eu não tive ou... não tenho um pai bom, eu queria ser um, acha que eu conseguiria? — assinto sem nem pensar e ele sorri

— um muito bom inclusive...o que quis dizer com "tinha ou tenho "? — ele me olha em medo disfarçado.

— acho que meu pai possa estar vivo — paraliso — ele não está em Artens, Alifer tem certeza disso e...era um rio, é mais provável a espectativa de vida lá, do que se tivesse o jogado de uma ponte, porra eu era muito burro — preocupação me invade — mas não tenho certeza se está, porém sei que no céu ele não está, então qual a razão dele não encontra-lo a não ser estando vivo?

— de fato, mas o que fez você ficar com febre? É preocupação? Se for calma, daremos um jeito nisso — ele desliza o olhar para o braço e eu sigo, arregalando os olhos ao ver uma marca roxa em seu ante braço, com... dentes? — mordida? O que é isso? — pego seu braço e ele geme de dor — responde Henrique!

— sim...é assim que eles conseguem sugar à minha... disposição e sangue — o olho incrédula — é minha áurea, todos nós temos, eles...sugam, me deixou cansado, junto com meu sangue, não recomendo é horrível.

— meu deus Henrique, você está louco? — ele me olha e eu suspiro, dando-lhe um beijo — tudo bem, mas me promete descansar e...diz que não vai ficar doente? — ele nega

— Nick diz que não — suspiro aliviada

— então tá bom, gosto de te ver sorrindo e bem — ele sorri e me abraça — melhor assim — brinco.

— mas ainda estou preocupado — desabafa

— olha, se ele ainda não apareceu em anos, talvez tenha escolhido outro para infernizar, ou apenas está com medo, ele deve ver o grande homem que você se tornou, qualquer um temeria — ele sorri em humor.

— não mesmo, ele só deve estar esperando um tempo, porquê, eu não sei — ri de raiva — a única coisa que meu pai me ensinou e que resolvi seguir foi " Eíte étsi eíte alliós, kráta ti gynaíka sou mazí sou, eínai dikí sou kai télos " — paraliso com a familiaridade clara — É grego, significa: de qualquer forma, mantenha sua mulher com você, ela é sua e pronto — falamos juntos e ele me olha com um sorriso — fala grego princesa? — acaricia meus cabelos e eu não consigo nem falar — que foi?

— o... Henrique, acho que de fato seu pai está vivo — ele franze o nariz — porque ele me disse isso à menos de trinta minutos — falo nervosa e ele trava, me olhando nada tranquilo.

— como é? — ele passou a mão no rosto em desespero — Hellory, onde você o viu? O que ele disse? Ele chegou em você? Em especificamente você? — seu tom é nervoso.

— é...eu não sabia quem era, ele chegou em mim no parque, Hayley já tinha ido embora, ele me pareceu gentil...
— caralho Hellory, cadê seu extinto assassino porra? Ele era um estranho, Roberto é assim, ele esconde seu jeito monstruoso muito bem.

— eu...eu não tenho culpa, não é como se ele tivesse me apresentado perigo, aí eu saberia, não sou vidente — ele suspira fundo e eu sinto meus olhos embasados — desculpa amor...

— não, não chora. Você não tem culpa, desculpa, eu só estou preocupado — acaricia meu rosto — putz, é óbvio que ele esperaria eu ter alguma coisa para perder, ele quer vingança, ele quer me tirar você Hellory, ele te disse algo?

— é...parando para pensar agora — ele bufa se reencostando na banheira — ele sabia que você saberia e quis deixar bem claro que você deve aproveitar antes de me perder — falo na lata e ele cerra o maxilar — mas ele não deve saber que sou uma assassina profissional, é mais fácil eu matar ele, sabe disso, não darei bobeira sabendo quem ele é — ele assente.

— tá bom, tomamos cuidado e o caçamos até no inferno, agora que tenho certeza, eu o mato de verdade, vou garantir que não sobre nem a alma dele!

— nós vamos, estou com você! — ele me abraça. Porém meu medo só aumenta, por que ele não aproveitou a oportunidade? o que ele está esperando?

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Vaso ruim não quebra fácil... desgraçado.

Estão gostando?

Boa noite amores, até amanhã ❤️

My wife Onde histórias criam vida. Descubra agora